Mar 20, 2008

Não aguento mais ser eu!

Chegou na terapia e disse: é o seguinte, eu não aguento mais ser eu; vamos dar um jeito nisso agora.
Repensando esta frase mais tarde, percebeu como foi patética e infantil.
Como ela, logo ela, não aguentava mais ser ela?E o que ela queria dizer com isso?
Ela não aguentava mais sua vidinha fútil - acordar, checar e-mails, ler, ver tv - checar mais e-mails, ver tv e dormir com a tv ligada.
Era, basicamente, a isso que sua vida se resumia.
E ela estava cansada disso.
Jogada no sofá, pensava em tudo o que havia deixado passar. Um grande amor, amigos, uma carreira brilhante numa multinacional, as chances de ter um filho - estava velha e cansada demais para tentar tudo isso agora.
Ela teve, sim, um grande amor. Era a pessoa certa. A única pessoa. Mas na hora errada. Porque ela, egoísta e perdida em seus problemas, lamúrias e lamentações, não percebeu quando ele estava indo. E ele tentou avisar. Muito.
Os amigos?Ela foi se isolando, se isolando, até que, aos poucos, eles foram parando de ligar, provavelmente pensando que ela não queria estar com eles, falar com eles ou algo parecido. Muito pelo contrário. Ela queria, sim. E precisava disso. Só não soube manifestar isso. E eles também foram embora.
Ela começou a se dedicar demais ao trabalho. Na falta de relacionamentos, o que se há de fazer? Mas acabou pirando. Mesmo, literalmente. E sugeriram que ela tirasse "férias prolongadas", por assim dizer. Foi internada, tomou tudo o que eles ofereceram. Acordava, tomava os remédios, dormia, acordava, tomava os remédios, dormia, acordava, tomava os remédios, dormia, acordava, tomava os remédios, dormia....
Assim foi por muito tempo. Mas como aquela personagem do Caio, ela se recuperou, de reergueu.
Mas agora estava, velha, cansada, envergonhada, humilhada, taxada de louca...e ela não conseguia fazer mais nada, simplesmente.

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