Nov 25, 2008

- Mas e aí? Tem alguma coisa ou é só amizade mesmo?
- Não, não...tem nada não, é só amizade.
- hummm...
- Quer dizer, assim teve um momento abraço, mas...
- O quê? Momento abraço? Como é um momento abraço?

[telefonemas depois do almoço...]

Nov 20, 2008

Eu passei umas duas horas pensando em cada uma das 101 coisas. E escrevi todas elas. E até gostei do resultado. Ficou bonitinho, engraçado. E foi um desabafo também. E foi um compartilhamento com vocês. E simplesmente, na hora de publicar a postagem, sumiu tudo. E o rascunho, que fica salvando direto, não salvou nada.
E agora eu tô puta. Muito. Nunca mais vou conseguir escrever aquilo tudo.
Merda.

Nov 17, 2008

O Búfalo

Ela lia, lia e lia de novo. E recebia os parabéns e ligações com o velho "eu já sabia" ou "eu não disse?". E mensagens no celular e no orkut. E mesmo assim ainda não fazia muito sentido para ela essas novas informações.

O que ela estava sentindo? Não saberia explicar. Quando você quer muito alguma coisa e, depois de muito trabalho e esforço, consegue, os primeiros minutos são estranhos. Às vezes as primeiras horas. No caso dela, dias. E ela pensava quando é que se daria conta, quando é que comemoraria, quando iria chorar. Porque ela precisava chorar. Disso ela sabia. E queria, de qualquer forma. Ela precisava chorar e muito. E ainda não tinha conseguido.

Estava no meio de uma rua quando soube da notícia. Conteve-se e não chorou. Chegou em casa, atrasada para um compromisso, não chorou. Durante o compromisso então, nem se fala. Novamente em casa, muito cansada, dormiu logo.

E aquela dor e aperto iam aumentando. Ela se conhecia; precisava externar aqueles sentimentos antes que algo pior acontecesse. Ela, apesar de tudo, ainda estava muito frágil. E ao menor deslize, caía. E com isso vinha o medo.

Lembrou-se daquele texto, daquela escritora, como era mesmo o nome? O Búfalo. É, era isso. A moça do texto procurava por ódio e só via amor.

"Mas isso é amor, é amor de novo", revoltou-se a mulher tentando encontrar-se com o próprio ódio mas era primavera e dois leões se tinham amado.

Não era o caso. Ali, agora, não odiava nem queria odiar ninguém. Não procurava o ódio. Procurava as lágrimas que sentia e não vinham. Era doloroso demais toda aquela dor interna, corroendo, queimando, se acumulando, por fim. E nenhuma lágrima em seu rosto.

Os olhos estavam tão concentrados na procura que sua vista às vezes se escurecia num sono, e então ela se refazia como na frescura de uma cova.

Nem quando ele, em uma tentativa de lhe ajudar, perguntou se, agora, depois disso tudo, depois da notícia, ainda conseguiria repetir para ela mesma, se olhar no espelho e repetir, com a certeza que poucos têm, que ela não era capaz. Que todos eram melhores e mereciam mais que ela. Que a garotinha perfeita não existia mais. Que a mulher que se tornara era tudo aquilo que ela vinha repetindo insistentemente há tanto tempo.

Lágrimas encheram os olhos da mulher, lágrimas que não correram, presas dentro da paciência de sua carne herdada.

E foi só isso. Foi o mais perto que ela conseguiu de qualquer coisa parecida com choro. E eram lágrimas de felicidade, de alívio, de paz. Entõ, quando menos esperava, tal e qual sempre acontece em todos os filmes e livros, quando ela menos esperava e menos estava preparada - nem lenços ela tinha, foi tomada por qualquer coisa indefinida; algo doce e suve e um tanto quanto desesperador também. Porque era coisa demais acumulada, sabe? Por tempo demais. E ele sabia.

enjaulada olhou em torno de si, e como não era pessoa em quem prestassem atenção, encolheu-se como uma velha assassina solitária, uma criança passou correndo sem vê-la.

Abriu os olhos devagar. Os olhos vindos de sua própria escuridão nada viram na desmaiada luz da tarde. Ficou respirando. Aos poucos recomeçou a enxergar, aos poucos as formas foram se solidificando, ela cansada, esmagada pela doçura de um cansaço. Sua cabeça ergueu-se em indagação para as árvores de brotos nascendo, os olhos viram as pequenas nuvens brancas. Sem esperança, ouviu a leveza de um riacho. Abaixou de novo a cabeça e ficou olhando o búfalo ao longe. Dentro de um casaco marrom, respirando sem interesse, ninguém interessado nela, ela não interessada em ninguém.

Chorou, enfim. E entendeu tudo.




Trechos extraídos do conto "O Búfalo", de Clarice Lispector.

Nov 10, 2008

Ela está triste desde aquele dia. O fatídico dia. Primeiro, quando viu, ficou ansiosa para saber do que se tratava; quando chegaram mais dois, logo em seguida, a felicidade e a curiosidade foram embora. Sabia que não era coisa boa. Não podia ser.

E não era. Chegou, foi correndo ver o que era. Leu. Curto e grosso. Objetivo. Doloroso. Ficou triste e atônita, sem saber o que fazer. Pensou em chorar, mas segurou as lágrimas o quanto pôde. Pegou o telefone e largou umas dez vezes. Ligou. Chamou e chamou até cair. Várias vezes. Pensou, refletiu sobre o assunto. Não era para isso ter acontecido, não. Ela sabia, todo mundo sabia. Mas aconteceu, o que ela podia fazer agora? Só restava se desculpar. E assim fez.

A você.

"L.,

se você leu com atenção, deve ter percebido o quanto eu sofri e sofro com tudo isso o que aconteceu. Foi uma coisa que eu não queria. Mesmo. Foi uma decisão sua. Um dia, você começou a se afastar e eu percebi. Quando eu fui te perguntar, você disse que não me queria mais por perto e finalizou dizendo que eu era um peso (ou um fardo, não sei ao certo) na sua vida. Você não faz idéia do que eu senti. Não faz. A minha melhor amiga me dizendo aquilo, assim? Eu só podia ter feito alguma coisa de muito errada mesmo. Mas eu pensava, pensava e pensava. E perguntava aqui e ali e ninguém queria se meter, mas todo mundo dizia que não fazia idéia do motivo.
Você disse que eu NUNCA entendi nada mesmo. Realmente. É verdade. Você tem toda a razão. Nunca entendi nada mesmo. Sério. Acho até que você pensou em me dizer, talvez. Mas, sério, você nunca me disse. E daí, eu nunca entendi nada.

Como é que eu ia entender? Me diz. Porque eu tava doente, mas eu lembro bem as coisas. Lembro que não fui ao seu aniversário. Sei que na época, como eu estava marcando muito as coisas e desistindo em cima da hora, inventava qualquer desculpa para não ir. Não era falta de vontade. Era uma coisa que, se Deus quiser, você nunca vai entender. Chegava o dia, eu começava a não querer me arrumar, a não sair de casa, a não ver ninguém. E não queria mais ir, mesmo querendo muito. É muito difícil explicar e eu já desisti de fazer as pessoas entenderem.

Doeu ouvir esse tipo de coisa. Falou um monte de coisas horríveis e que para mim não faziam muito sentido e só me machucavam muito, porque parecia que eu era a pior pessoa do mundo, que eu não ligava pra ti, pra tua vida, pros teus sentimentos. Que eu só te fazia mal. Eu não acreditava no que estava lendo. Mas eu queria saber o motivo de tanta raiva, mágoa, decepção, sei lá o que tu tava sentindo, o motivo de tu querer se afastar de mim daquele jeito, a ponto de dizer todas aquelas coisas. E não conversar sobre elas.

A gente era uma melhor amiga da outra. Tu sabia que podia chegar e conversar. Falar o que você tava sentindo, qualquer coisa. Por que você nunca conversou comigo? Por que você deixou chegar ao ponto de você não me aguentar mais ao seu lado para, só então, vir descarregar tudo de uma só vez? Eu fiquei sem reação, sem saber o que fazer. Porque, repito, eu não sabia o que eu tinha feito.

Eu sei o que você estava passando na época. Eu sei, acredite. Mas mesmo assim, não entendi o que aconteceu. Deve ter havido alguma coisa que eu não me dei conta ainda. E eu sei também que eu estava doente, muito doente e provavelmente a última coisa que você queria era ouvir problemas. E eu lembro de ter te poupado (ou tentado) ao máximo disso. Porque eu sei que uma pessoa que não estivesse passando por nenhuma situação difícil já teria dificuldades em entender, compreender, ter disposição e paciência para ouvir, escutar, aconselhar; e você estava passando por um momento muito difícil, talvez o mais difícil de toda a sua vida. Completamente compreensível que você não quisesse uma amiga problemática ao seu lado. Mas nós éramos amigas o suficiente para você chegar e falar. Imagino que você deve ter tido os seus motivos. Era mais uma razão para eu não entender e querer tanto saber.

Não disse que quero te excluir da minha vida; eu disse que não vejo mais onde você se encaixaria nela. É normal, isso. Nós nos afastamos muito. Eu não sei mais nada da tua vida, só o superficial. Eu não sei como você está de verdade, como você está se sentindo, o que se passa na sua cabeça. Nem você sobre mim. Nos afastamos muito e é natural que isso tenha acontecido. Não quis, de maneira alguma, te ofender ou dar a entender que quero te excluir da minha vida. Se passei essa impressão, desculpe-me. Mas o afastamento entre nós duas ou quaisquer outras pessoas não é definitivo, a não ser que as duas queiram.

A dureza das palavras, a ironia, o diálogo inexistente, as risadas irônicas e fora de contexto não foram dirigidas a você, por favor acredite. Estou sendo sincera e te pedindo desculpas por você ter lido o que leu. Era completamente desnecessário isso ter acontecido. Mas aconteceu e não há nada mais a ser feito, a não ser me explicar e pedir desculpas. E esperar que você aceite. Porque nós já nos afastamos demais e eu não queria, do fundo do meu coração, que nos afastássemos ainda mais. Queria era uma reaproximação. Queria era voltar no tempo e não ter deixado a nossa amizade chegar ao ponto que chegou. Queria era poder te ligar a qualquer hora do dia ou da noite contando cada detalhe de alguma coisa, só pela alegria de compartilhar com você. Queria passear no shopping contigo, ir ver um filme, ir à praia como costumávamos fazer. Queria que você fosse lá para casa e que eu fosse para sua, sem convites, só porque estava com vontade ou passando por perto. Queria a minha amiga de volta.

Espero que você entenda e aceite as minhas sinceras desculpas. De verdade. E que a gente possa, pelo menos, seguir como estávamos e não retroceder ainda mais. Era o que eu menos queria.

Ainda amo você. E eu sei que você sabe.E rezo por você e sua família todas as noites.
Desculpa.

Beijos,
M."

Nov 4, 2008

Li há pouco em um blog sobre o fim de uma amizade. Ou assim entendi, pelo menos.
Sofri enquanto lia. Chorei. Lembrei-me de você. Tornei-me bastante repetitiva quando me refiro a você, porque nada fez sentido; ainda não faz.
O que eu queria dizer é que, apesar disso, não há mais espaço em minha vida para você. Não me entenda mal, veja bem, é que não vejo mais interesses comuns - mas há muitos. Calma, calma, não precisa ser assim. Me ouça, por favor. É que...como dizer isso? Eu olho para trás e não vejo como isso aconteceu. Não o que aconteceu, de fato. Mas como nós acontecemos. Entende? Olha, não me leve a mal, é que eu não vejo o que pode ter nos unido. Uniu, é verdade. O que quer que tenha sido, foi algo muito, forte. Mas eu não descobri o que foi. Às vezes alguém me fala de você; pior, pergunta. Eu não sei o que dizer, acabo não dizendo nada que faça sentido. Mas eu penso em você nessa hora. Vejo uma foto sua que está sempre à vista em meu quarto, aquela que ela me deu de aniversário, lembra? Pois é, linda a foto. É, eu também acho. O colorido e a alegria dela são indescritíveis. Mas não há mais cor nem alegria entre nós. Lembro o dia da foto. Dia estranho. Você fez questão de se arrumar no mesmo lugar que eu e eu fiquei constrangida em dizer não e até achei, por alguns instantes, que tudo voltaria ao normal. Não voltou. Foi estranho, tenso. Bebi para relaxar. É, para re-la-xar; você tem algum problema com isso, querida? Porque eu não aguento mais os seus julgamentos, seus pré-julgamentos, sua cara mostrando que desaprova alguma coisa. E eu não tenho mais que aguentar isso. Eu sei, eu sei que eu não era obrigada a aguentar nada. Claro que não, você não manda em mim, ora. Mas eu amava você. Você nunca vai saber o quanto. Daí eu via, ria, deixava para lá. Dia estranho. Fotos, flashes, luzes, cenários. Todo mundo feliz, uma felicidade estranha. Todo mundo junto, uma união que não existia. Sabe quantas fotos tiramos juntas, eu e você? Nenhuma. Pois acredite, princesa, nenhuma. É, foi, eu sei, parecia que tínhamos tirado, eu também tive essa impressão. Mas não, foi só impressão mesmo. E foi quando eu vi isso eu percebi que tinha acabado. Em alto e bom tom, porque agora eu consigo dizer. O fim de um namoro. hahaha. Percebe a ironia? Eu também. Mas relaxa, que ele também nunca gostou de você. É, desde que te viu. E ele sabia o que você representava para mim. Eu disse diversas vezes que você era amiga e mãe, porque cuidava como ninguém de todas nós. Não sei se ainda cuida de alguém. De mim, não. Acho que nem em pensamento. O quê? Você pode repetir? hummmm... não, não, agora não adianta. Lembro aquele dia da ligação. Fui lá ficar com você. Nem sabia o que ia fazer ou se ia fazer alguma coisa, mas fui. Sei como são esses momentos, sei que a gente quer alguém amado por perto. Senti que precisava ir, ora. Não, não sei explicar muito menos dizer o que você estava sentindo. Tentei tocar no assunto, lembra? Deitada na rede, olhei e falei. E você disse que não era nada daquilo, que já tinha explicado. Não tinha. Nunca. E olha que eu procurei. Claro, eu sei que você precisava...unhum, é, é difícil e complicado; não, eu realmente não entendo o que você passou. Mas sabe de uma coisa? Eu tava lá. O tempo todo. E você sabe disso, não sabe? Olha nos meus olhos e diga que não sabe. Olha! Agora você não olha mais. Engraçado. Sabe que eu não consegui dormir aquela noite? Eu queria estar com você, ver como você estava, se já tinha comido alguma coisa, tomado banho. Penso que você deletou isso. Só me resta isso. Você emagreceu tanto...você está estranha. Não, não é o seu comportamento; quero dizer, também, mas não é isso. É sua aparência. Você emagreceu e nunca mais foi a mesma. Acho que nossa amizade foi embora com aqueles muito quilos. rá-rá-rá. A gente tinha tanta coisa em comum...eu acho. Se você diz...não, eu sei. Eu só não sei o que é, mas é claro que tinha alguma coisa, pelo menos uma. Porque... como é possível? Você lembra o que era? Eu lembro sabe o quê? Que a gente se falava todos os dias, contava tudo uma para a outra, atualizava a vida da outra quase que instantaneamente. Até de madrugada, lembra? É, aquele dia foi legal mesmo. E os e-mails? Nós éramos duas desocupadas mesmo, não era? Eu ainda sou. Pois é, ossos do ofício, liga não, eu continuo na terapia e ele insiste em dizer que eu vou ficar boa. É, acredita? Mas eu não quero falar disso agora. Não insista, por favor. Eu queria tanto ter podido dizer isso há dois anos. Enquanto eu repetia incessantemente tudo aquilo ali e aqui, eu só queria poder dizer a você. Porque você era minha melhor amiga. Lembra? Não, é claro que não. Como pude me enganar tanto?

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