Nov 10, 2008

A você.

"L.,

se você leu com atenção, deve ter percebido o quanto eu sofri e sofro com tudo isso o que aconteceu. Foi uma coisa que eu não queria. Mesmo. Foi uma decisão sua. Um dia, você começou a se afastar e eu percebi. Quando eu fui te perguntar, você disse que não me queria mais por perto e finalizou dizendo que eu era um peso (ou um fardo, não sei ao certo) na sua vida. Você não faz idéia do que eu senti. Não faz. A minha melhor amiga me dizendo aquilo, assim? Eu só podia ter feito alguma coisa de muito errada mesmo. Mas eu pensava, pensava e pensava. E perguntava aqui e ali e ninguém queria se meter, mas todo mundo dizia que não fazia idéia do motivo.
Você disse que eu NUNCA entendi nada mesmo. Realmente. É verdade. Você tem toda a razão. Nunca entendi nada mesmo. Sério. Acho até que você pensou em me dizer, talvez. Mas, sério, você nunca me disse. E daí, eu nunca entendi nada.

Como é que eu ia entender? Me diz. Porque eu tava doente, mas eu lembro bem as coisas. Lembro que não fui ao seu aniversário. Sei que na época, como eu estava marcando muito as coisas e desistindo em cima da hora, inventava qualquer desculpa para não ir. Não era falta de vontade. Era uma coisa que, se Deus quiser, você nunca vai entender. Chegava o dia, eu começava a não querer me arrumar, a não sair de casa, a não ver ninguém. E não queria mais ir, mesmo querendo muito. É muito difícil explicar e eu já desisti de fazer as pessoas entenderem.

Doeu ouvir esse tipo de coisa. Falou um monte de coisas horríveis e que para mim não faziam muito sentido e só me machucavam muito, porque parecia que eu era a pior pessoa do mundo, que eu não ligava pra ti, pra tua vida, pros teus sentimentos. Que eu só te fazia mal. Eu não acreditava no que estava lendo. Mas eu queria saber o motivo de tanta raiva, mágoa, decepção, sei lá o que tu tava sentindo, o motivo de tu querer se afastar de mim daquele jeito, a ponto de dizer todas aquelas coisas. E não conversar sobre elas.

A gente era uma melhor amiga da outra. Tu sabia que podia chegar e conversar. Falar o que você tava sentindo, qualquer coisa. Por que você nunca conversou comigo? Por que você deixou chegar ao ponto de você não me aguentar mais ao seu lado para, só então, vir descarregar tudo de uma só vez? Eu fiquei sem reação, sem saber o que fazer. Porque, repito, eu não sabia o que eu tinha feito.

Eu sei o que você estava passando na época. Eu sei, acredite. Mas mesmo assim, não entendi o que aconteceu. Deve ter havido alguma coisa que eu não me dei conta ainda. E eu sei também que eu estava doente, muito doente e provavelmente a última coisa que você queria era ouvir problemas. E eu lembro de ter te poupado (ou tentado) ao máximo disso. Porque eu sei que uma pessoa que não estivesse passando por nenhuma situação difícil já teria dificuldades em entender, compreender, ter disposição e paciência para ouvir, escutar, aconselhar; e você estava passando por um momento muito difícil, talvez o mais difícil de toda a sua vida. Completamente compreensível que você não quisesse uma amiga problemática ao seu lado. Mas nós éramos amigas o suficiente para você chegar e falar. Imagino que você deve ter tido os seus motivos. Era mais uma razão para eu não entender e querer tanto saber.

Não disse que quero te excluir da minha vida; eu disse que não vejo mais onde você se encaixaria nela. É normal, isso. Nós nos afastamos muito. Eu não sei mais nada da tua vida, só o superficial. Eu não sei como você está de verdade, como você está se sentindo, o que se passa na sua cabeça. Nem você sobre mim. Nos afastamos muito e é natural que isso tenha acontecido. Não quis, de maneira alguma, te ofender ou dar a entender que quero te excluir da minha vida. Se passei essa impressão, desculpe-me. Mas o afastamento entre nós duas ou quaisquer outras pessoas não é definitivo, a não ser que as duas queiram.

A dureza das palavras, a ironia, o diálogo inexistente, as risadas irônicas e fora de contexto não foram dirigidas a você, por favor acredite. Estou sendo sincera e te pedindo desculpas por você ter lido o que leu. Era completamente desnecessário isso ter acontecido. Mas aconteceu e não há nada mais a ser feito, a não ser me explicar e pedir desculpas. E esperar que você aceite. Porque nós já nos afastamos demais e eu não queria, do fundo do meu coração, que nos afastássemos ainda mais. Queria era uma reaproximação. Queria era voltar no tempo e não ter deixado a nossa amizade chegar ao ponto que chegou. Queria era poder te ligar a qualquer hora do dia ou da noite contando cada detalhe de alguma coisa, só pela alegria de compartilhar com você. Queria passear no shopping contigo, ir ver um filme, ir à praia como costumávamos fazer. Queria que você fosse lá para casa e que eu fosse para sua, sem convites, só porque estava com vontade ou passando por perto. Queria a minha amiga de volta.

Espero que você entenda e aceite as minhas sinceras desculpas. De verdade. E que a gente possa, pelo menos, seguir como estávamos e não retroceder ainda mais. Era o que eu menos queria.

Ainda amo você. E eu sei que você sabe.E rezo por você e sua família todas as noites.
Desculpa.

Beijos,
M."

1 Comment:

  1. Jaya Magalhães said...
    É pessoal demais. Evito comentar. Mas ainda assim, eu senti. E sinto. E desejo que o amor dê conta. Ou, pelo menos, que fique pra sempre. Que amor, quando existe, é sempre pra sempre. Não importa se a pessoa vai embora, a gente sempre continua amando aquela parte dela que foi nossa. E isso, é belo por si só.

    Beijo, moça bonita!

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