Oct 7, 2007

Amo.

O barulho do silêncio me ensurdece
Quando estou olhando para o preto
Das paredes brancas do meu quarto.
O gosto do teu perfume
Ainda está na minha cabeça, Cabeça que não corre mais
A lugar algum.
Eu podia tocar com os olhos,
Mas a dor do frio não me deixa dormir.
Era a mais bonita música
Que conseguiriam tocar, Mas fui eu quem a levou daqui.
Amor de uma via, eu a amava.

(texto gentilmente cedido por Rodrigo Adryão)

Oct 6, 2007

Homework




Ela a amava. É fato. Não tinha escolha, inclusive. Há um certo tipo de pessoa no mundo que simplesmente não podemos nos dar ao luxo de escolher se gostamos dela ou não. Gostamos e pronto, é incondicional, sem cobranças...bonito isso, não?


Não era de agora que ela não aguentava mais. Não, já tinha mais de 10 anos que ela chegar ao seu limite. É, ao limite. E desde então, entre altos e baixos, aos trancos e barrancos, continuavam juntas. Mas a cada dia a relação se deteriorava mais e mais.



Ela estava enlouquecendo e a outra não sabia o que fazer. Tanto avisara, alertara, mas sempre fora repreendida. "Não diga uma coisa dessas!" ou "É pecado falar assim de quem amamos!".



Antes ela não entendia e queria mudá-la a todo custo. Depois de muito analisar, tentou entendê-la e aceitá-la, com suas loucuras, neuras e TOCs. Agora, não havia mais nada. Chegaram a um ponto que só doía, que eram só agressões mútuas, que só aumentava a dor que sentiam e as distanciava.

Hoje, ela só queria paz; só queria ir embora para nunca mais voltar. Mas se fosse, agora, a culpa que já carregava há anos só ia aumentar e aquele ardor que tomava conta do seu corpo quando se sentia culpada ia aumentando e se espalhando, pelo simples fato de partir, ir embora, ir viver sua vida sem maiores tormentos, enfim.

Se ela iria sobreviver? Claro que iria. Vivera 25 anos sem a sua presença, não seria porque outros 25 anos se passaram que não iria mais conseguir viver e até, quem sabe, talvez, não sei bem ao certo, ser feliz de novo.

Porque às vezes, parece que há 25 anos ela carrega uma cruz, que abriu mão de tudo o que realmente gostaria de ter feito, apenas para agradá-la. E alguma vez ela lhe pedira isso? Claro que não. Isso não se pede, se faz e porque sentiu vontade de fazê-lo. Sem cobranças, sem maiores expectativas e, principalmente, sem se aproveitar de toda e qualquer oportunidade para gritar aos quatro ventos que "eu não vivi para que você pudesse viver" ou "eu nunca pensei em mim antes de pensar se isso seria o melhor para você, e eu fiz isso porque eu te amo." .

"Fiz isso porque te amo", ela pensou. Mas não haviam chegado, juntas, à conclusão de que o amor de verdade era incondicional? E o que significava isso agora?

Não, não...já passara do seu limite. E tinha mais, sabia? Ela distorcia toda e qualquer palavra, situação, fato, história, para favorecê-la sempre e ela continuar a ser a vítima, a incompreendida, a coitadinha que fez tudo por ela e não foi valorizada e/ou reconhecida.

Enquanto isso, ela enlouquecia com as cobranças, com o perfeccionismo, com a culpa que era obrigada a conviver diariamente há alguns 25 anos.

O que doía mais, talvez, era o fato de que nem sempre fora assim. No começo, tudo eram rosas. A felicidade reinava e a satisfação e amor existentes eram claros para qualquer um que as visse. Estava na cara, alguns diriam.

E o que foi que aconteceu, afinal? Não muita coisa, não é mesmo? O de sempre. O que sempre acontece quando criamos expectativas demais para com o outro e esquece que ele é, assim como você, humano.

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