Dec 21, 2010

- Garçon, uma dose de amnésia e duas de desapego por favor.
 - Vai uma de amor também?
- Não, não. Deixa pra outro dia.

[Caio Fernando Abreu]

Eu não sei mais usar isso aqui, tá tudo muito diferente.
Mas agora estou de volta.
É sempre assim, não é?

Aug 1, 2010

Sem querer, acabei lembrando uma época que eu não lembrava mais. Não toda ela, claro, mas uma parte. Sabe quando você esquece umas coisas e lembra tão claramente outras?
Lembrei que eu disse que queria ser atriz. E eu disse para outra atriz; quatro, na verdade. 
Eu tinha 12 anos e tinha acabado de assistir, pela 1ª vez, a peça "Confissões de Adolescente'. Eu já sabia tudo sobre a peça, já tinha lido o livro umas dez vezes, não perdia um capítulo da série. Tirei foto com elas, autografaram meu livro e depois do meu segredo compartilhado, elas olharam pra mim e disseram "então vai ser atriz".
E eu saí de lá no céu, por vários motivos que eu nem preciso descrever, mas principalmente porque eu acreditei piamente que eu simplesmente iria "chegar lá e fazer", ia virar atriz.
Claro que uma semana depois eu não estava mais obcecada com essa idéia, mas de um jeito ou de outro, ela sempre esteve comigo, guardada. Às vezes mais à mostra, outras nem tanto.
Daí eu me pergunto como foi que eu consegui transformar o meu sonho na coisa mais distante e difícil de se fazer.

[...]

Mar 14, 2010

"tanta esperança aí dentro, doida pra vir pra cá fora....deixe."

Mar 8, 2010

Mensagem

Recebi esta mensagem há exatos 4 anos, através das mãos da Dona Penha, a famosa Maria da Penha, aquela mesma da lei contra a Violência Doméstica e Familiar; aquela mesma, professora universitária; aquela mesma que o marido tentou matar simulando um assalto;  aquela mesma que, depois do retorno do hospital, sofreu outra tentativa de assassinato pelo marido, que tentou afogá-la na banheira, já tetraplégica e sem nenhuma condição de se defender;  aquela mesma que lutou por mais de 20 anos para que seu marido fosse condenado pelas agressões e tentativas de assassinato. Uma grande mulher, um exemplo para todos, homens e mulheres. 

Depois de conhecê-la, não consegui pensar em outro tema para a minha monografia de conclusão de curso que não esse; não conseguia pensar em trabalhar com qualquer coisa que não ajudasse as mulheres (e alguns homens também) que sofrem agressões, especialmente as doméstica.

Ela me entregou esta mensagem e me perguntou o que eu achava de ela distribuir antes das palavras que ela ia proferir, no dia 8 de março de 2006. Foi a mesma mensagem que distribuí no dia da defesa da monografia e ela sorriu, um sorriso cúmplice, só nosso. Ela havia conseguido. E estava ali.

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Hoje recebi flores...  (autor desconhecido)
 
Não é o meu aniversário ou nenhum
outro dia especial; tivemos a nossa primeira
discussão ontem à noite e ele me disse muitas
coisas cruéis que me ofenderam de verdade.
Mas sei que está arrependido e não as disse
a sério, porque ele me enviou flores hoje.
E não é o nosso aniversário ou
nenhum outro dia especial.

Ontem ele atirou-me contra a parede e
começou a asfixiar-me. Parecia um pesadelo,
mas dos pesadelos acordamos e sabemos
que não são reais. Hoje acordei cheia de dores e
com golpes em todos lados.
Mas eu sei que ele está arrependido, porque me
enviou flores hoje. E não é Dia dos Namorados
ou nenhum outro dia especial.

Ontem à noite bateu-me e ameaçou matar-me.
Nem a maquiagem ou as mangas compridas
poderiam ocultar os cortes e golpes que me
ocasionou desta vez. Não pude ir ao emprego
hoje porque não queria que percebessem.
Mas eu sei que está arrependido porque ele
me enviou flores hoje. E não era Dia das Mães
ou nenhum outro dia especial.

Ontem à noite ele voltou a bater-me,
mas desta vez foi muito pior. Se conseguir
deixá-lo, o que é vou fazer? Como poderia
eu sozinha manter os meus filhos?
O que acontecerá se faltar o dinheiro?
Tenho tanto medo dele!
Mas dependo tanto dele que tenho medo
de o deixar. Mas eu sei que está arrependido,
porque ele me enviou flores hoje.

Hoje é um dia muito especial:
É o dia do meu funeral.
Ontem finalmente conseguiu matar-me.
Bateu-me até eu morrer.

Se ao menos eu tivesse tido a coragem e a
força para o deixar... Se tivesse pedido ajuda
profissional... Hoje não teria recebido flores!


Jan 18, 2010

2009 terminou bastante turbulento, para mim, pelo menos, e de forma bastante íntima e inadequada. Triste, na verdade. Bem triste. Eu me despedi de 2009 bastante triste e decepcionada, desencantada, desiludida, desesperançosa. nda estou assim - não é uma simples contagem regressiva e a chegada de um novo ano que vão fazer esses sentimentos desaparecerem como num passe de mágica. Seria o ideal, pensando bem. Mas não. E é uma questão tão peculiar e é só um pequeno espaço da minha vida e do meu coração que estão se sentindo assim, que hoje, no meu primeiro texto do novo ano, não vou contar para vocês o que aconteceu. Mas outro dia eu conto. Lembrem-me.

E foi tudo assim, tão intenso, que mal vi o tempo passar e decisões que venho tomando e organizando e concretizando até - por que não? - desde novembro, acabaram por se tornar as tais famosas resoluções de ano novo.

E aqui estou, ao fim do 18º dia do ano, aparecendo, na maior cara-de-pau, só para dizer pra vocês as tais resoluções. Mas não se preocupem, que eu tenho muito o que dizer, só achei melhor, por algum motivo que ainda não descobri, não começar o ano já reclamando, choramingando, xingando, lamentando, romanceando, viajando e sendo até mesmo hipócrita. Não, melhor não. melhor deixar para daqui a uns 2 ou 3 dias (sim, porque uma das resoluções e voltar a ser assídua aqui e aí também).

Então, sem mais delongas, vamos lá, como meu terapeuta disse, verbalizar escrevendo todos esses planos e sonhos e todo o resto, que, segundo ele, é o mais difícil: colocar num pedaço de papel tudo aquilo que você realmente planejou realizar naquele período, pois fica ali, bem na nossa cara, bem doído, caso a gente fracasse. Mas eu ando corajosa ultimamente, sabe? E vou escrever. Não para ele, mas aqui também, que se for para doer, vai doer bem muito. Porque se não, também não vale a pena, só uma dorzinha assim, leve, quase imperceptível, tem que ser beeem forte, bem doída, bem sofrida, que é pra nunca mais esquecer.

E chega.

1 - Mudar o horário do meu curso e voltar a estudar no horário que estudei durante toda a minha vida. Se deu certo por 24 anos, por que não daria agora?
2 - Chegar do curso e estudar, no mínimo, 3h diárias. Na verdade, se eu efetivamente frequentar o curso durante o ano de 2010 inteiro e ao menos ler os resumos das aulas e o caderno, já sei que terei feito muita coisa. E eu me conheço: se eu entrar nesse ritmo, isso vai ser fichinha.
3 - Me dedicar de corpo e alma a tudo com o que me comprometi e que planejo me comprometer. Me entregar totalmente, como sempre faço. Mas nunca é demais lembrar.
4 - Só voltar a trabalhar em período integral se o salário for acima de R$5.000,00.
5 - Trabalhar ativamente na produção de "A Paixão de Cristo". Explico: fui convidada para uma audição fim do ano passado, fui fazer para ver no que dava (não tinha planos de voltar a atuar agora) e deu no que deu: fui selecionada para ser Maria, mãe de Jesus, e convidada pela diretora para ser sua assistente de direção - em outras palavras, trabalhar que só!
6 - Vou voltar pro ballet. Uma consequência direta do envolvimento no espetáculo aí de cima, já que, como tem muitas danças, estamos todos tendo muita aula de expressão e consciência corporal, ballet, dança moderna e contemporânea.
7 - Escrever ao menos uma vez por semana. Não posso deixar minhas idéias e pensamentos simplesmente se esvaírem. Tenho que colocar em algum lugar e há muito decidi que é aqui.
8 - Organizar minhas finanças: já comecei, fazendo uma planilha desde o fim do ano passado, muito real - e deprimente também, não vou mentir - mas que vai me ajudar um monte.
9 - Ler ao menos um livro não jurídico por mês e um livro/romance espírita
10 - Me dedicar ainda mais no meu trabalho no Centro; estudar, ler mais, me concentrar mais.
11 - Voltar ao meu trabalho de evangelização infantil.
12 - Continuar cantando
13 - Viajar muito, muito, muito. Nem que seja para uma praia a 20 minutos daqui, num fds qualquer. Tudo para sair da rotina!
14 - Outono em Nova Iorque e primavera em Paris - mas isso é uma outra e longa história.
15 - Trabalhar, todos os dias, a humildade, a paciência e o amor - a mim e ao próximo.
16 - Cuidar dos amigos.
17 - Não confiar tanto nas pessoas a ponto de elas usarem informações íntimas compartilhadas num momento de fragilidade contra você - vai doer bem menos.
18 - Tentar não esperar tanto de quem considero amigo: nem sempre as pessoas estão preparadas para receber tanto amor e amizade sem ter que dar nada e troca e simplesmente não entendem (aqui, cabe um longo texto num futuro próximo).
19 - Colocar em prática tudo o que nós dois almejamos, todos os dias, meses e anos.

Certeza que faltou alguma coisa ou várias. À medida em que eu lembrar...

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