Jul 17, 2008

A alma menstrua

"Sim, nossa alma menstrua. A alma fica fértil - nalgum momento, a gente é capaz de procriar. E descobre que mamãe estava errada: virar mulher não é ter cólicas, nem usar absorventes.

Sem perceber, a gente dorme criança e encontra a calcinha da alma encharcada.

A gente vai decidindo tudo: o financiamento do carro, o armário de seis portas, aquela viagem há tanto tempo desejada.

Sem perceber, a gente vai aprendendo a optar, e descobrindo, aridamente, que tudo é um grande jogo de escolhas. Permitir intrusos, aceitar ofensas, abaixar a voz, engolir a mágoa, aquele filho que não fizemos, o casamento que não teremos, o porre perfeitamente escolhido, o banho quente no dia ruim.

A alma menstrua.

Nalgum momento, a gente se dá conta de que somos responsáveis pelo que nos causam. É dolorido, sim. A gente acorda mais molhada, mais doída, mais distante. Mais serena. Mais presente. No presente.

De repente, acordei assim.Acendi uma vela de sete dias (nem sei se por superstição ou vontade mesmo de que as escolhas sejam iluminadas), coloquei o lixo pra fora, tirei aquele cara do caminho, me perdoei pela boa esposa que não consegui ser, senti saudade de um beijo antigo e leve, vesti meu cachecol, escolhi esmalte novo, comprei pipoca com bacon, porque já não é mais possível culpar este ou aquele.

Dei-me conta das limitações que são tantas. Dei-me conta das escolhas erradas, repetidas vezes. Dei-me conta do cansaço que causo, do sossego que não me permito. Dei-me conta de que, sem perceber, a alma menstrua.

E a gente acaba com cólica de si mesma. Do que permitimos aos outros, do que não nos permitimos.

Enquanto a vela queima, vou queimando decisões erradas. Mas no fundo, ainda alegre, porque cedo ou tarde, seria preciso que essa alma sangrasse..."

Raquel Lemos

Jul 3, 2008

[Texto publicado em 2 de abril de 2005]

Situação 1:- Olha, eu vou viajar e tô sem celular, mas te dou notícias, tá?E nunca mais deu as caras.

Situação 2:- Eu gosto muito de você, mas tô te magoando, te fazendo sofrer; antes que eu te magoe mais (é o q, manx???) é melhor a gente se separar.

Situação 3:- Precisamos conversar, mas tudo vai se resolver, viu? Durma bem e não se preocupe.E acabou o namoro.

Situação 4:- Você é muito especial, mas eu gosto de outra pessoa.

Ah, meu irmão!tô muito é puta, isso sim! E não, não tô simplesmente "tomando a dor" dos outros, não...que putaria é essa??Que a bruxa tá solta eu já sei...afinal, todo dia fico sabendo de mais um relacionamento que prometia e que foi pro espaço (nesse exato instante contabilizo 12). Que é que tá acontecendo com todo mundo?Eu não entendo mesmo.

Quem me conhece, sabe que eu não suporto aquele pseudo-médico-babaca do último bbb, mas ele falou uma coisa que realmente é verdade:"quanto mais eu conheço os homens, mas eu gosto dos meus cachorros.

"O pior são aquele confusos. É, isso mesmo, tô me referindo a você. Não sabe o que quer, finge que sabe e fica fazendo uma merda atrás da outra. Como você mesmo disse: empatando a vida dos outros. Não quer ficar do meu lado, mas também não sai de perto!anhan!! O típico "nem fode, nem sai de cima". Sei não...

E antes que eu me esqueça: Vá se fuder!!! (e não, isso não é nada pessoal...é para todos os babacas e as babacas que ficam empatando a vida dos outros, que decidem que não querem mais e tchau, sem ter nem pra quê).

p.s.:não levem esse texto ao pé da letra, é só raiva mesmo; tem certas coisas acontecendo ao meu redor e são tão injustas, mas tão injustas que doem só de pensar.

Mazelas

[TEXTO PUBLICADO EM 9 DE ABRIL DE 2005]


Eu sou uma menina assim, cheia de mazelas. Pronto, falei. Isso não é nenhuma novidade para qualquer um que conviva comigo, precisa nem me conhecer muito e você já vai ouvir alguma queixa sobre alguma dor que eu tô sentindo em algum lugar.Um saco,na verdade.

Meu terapeuta diz que mulher que fala que tem dor ou doença não casa.Pfffff...coitada de mim!Se ele sabe que eu tô publicando um negócio desses, triplica minha quantidade de sessões e, de quebra, passa uns remedinhos!

Mas é verdade, fazer o quê?Agora, por exemplo. Sábado à noite, uma mega-ultra-super-hiper programação pós-festinha na casa de minha amiga e o que acontece? Começo a sentir A enxaqueca...incrível isso.

Tinha 13 anos quando tive minha primeira crise. Depois de passar um mês, eu disse UM MÊS, inteiro com dor, chega o diagnóstico:eu faço parte dos 5% da população feminina que tem crise de enxaqueca sem motivo!Privilegiada, não?

Aqui estou, me remoendo e ainda muito tonta, escrevendo para vocês sobre minhas dores e frustações, enquanto meus amigos estão terminando de se arrumar para sair.

Minha companhia esta noite:
- meus travesseiros de vários tamanhos;
- lençol de cetim;- escuridão;
- Neosaldina (que não vai nem de longe melhorar a dor, mas...)


no som, a obra completa de Mozart; bem baixinho, que é para não aumentar o enjôo.

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