Dec 15, 2009


O contrário de bonito é feio, de rico é pobre, de preto é branco, isso se aprende antes de entrar na escola. Se você fizer uma enquete entre as crianças, ouvirá também que o contrário do amor é o ódio. Elas estão erradas. Faça uma enquete entre adultos e descubra a resposta certa: o contrário do amor não é o ódio, é a indiferença.



O que seria preferível, que a pessoa que você ama passasse a lhe odiar, ou que lhe fosse totalmente indiferente? Que perdesse o sono imaginando maneiras de fazer você se dar mal ou que dormisse feito um anjo a noite inteira, esquecido por completo da sua existência? O ódio é também uma maneira de se estar com alguém. Já a indiferença não aceita declarações ou reclamações: seu nome não consta mais do cadastro.



Para odiar alguém, precisamos reconhecer que esse alguém existe e que nos provoca sensações, por piores que sejam. Para odiar alguém, precisamos de um coração, ainda que frio, e raciocínio, ainda que doente. Para odiar alguém gastamos energia, neurônios e tempo. Odiar nos dá fios brancos no cabelo, rugas pela face e angústia no peito. Para odiar, necessitamos do objeto do ódio, necessitamos dele nem que seja para dedicar-lhe nosso rancor, nossa ira, nossa pouca sabedoria para entendê-lo e pouco humor para aturá-lo. O ódio, se tivesse uma cor, seria vermelho, tal qual a cor do amor.



Já para sermos indiferentes a alguém, precisamos do quê? De coisa alguma. A pessoa em questão pode saltar de bung-jump, assistir aula de fraque, ganhar um Oscar ou uma prisão perpétua, estamos nem aí. Não julgamos seus atos, não observamos seus modos, não testemunhamos sua existência. Ela não nos exige olhos, boca, coração, cérebro: nosso corpo ignora sua presença, e muito menos se dá conta de sua ausência. Não temos o número do telefone das pessoas para quem não ligamos. A indiferença, se tivesse uma cor, seria cor da água, cor do ar, cor de nada.



Uma criança nunca experimentou essa sensação: ou ela é muito amada, ou criticada pelo que apronta. Uma criança está sempre em uma das pontas da gangorra, adoração ou queixas, mas nunca é ignorada. Só bem mais tarde, quando necessitar de uma atenção que não seja materna ou paterna, é que descobrirá que o amor e o ódio habitam o mesmo universo, enquanto que a indiferença é um exílio no deserto.



Martha Medeiros

"Tenho tentado aprender a ser humilde. A engolir o nãos que a vida te enfia goela abaixo. A lamber o chão dos palácios. A me sentir desprezado-como-um-cão, e tudo bem, acordar, escovar os dentes, tomar café e continuar."

Caio Fernando Abreu

[enquanto não consigo falar, sem ódio no coração, o que sinto por você, vou tomando emprestado frases de quem já conseguiu...]

Nov 30, 2009

Eu preciso de drogas pra dormir já há algum tempo. Há épocas em que eu fico feliz por não precisar mais delas e durmo como um bebê e acordo feliz e disposta e alegre e satisfeita e cheia de energia.

Elas me consomem. Acordo ainda com sono, com dor de cabeça, tenho pesadelos, grito à noite, choro.Acordo assustada, nervosa. E mesmo assim, por mais que eu tente e me esforce, continuo precisando delas.

E quando isso acontece, como agora, eu preciso de mais, porque fico triste e choro e dói. Quem está certo, afinal? É tão errado assim? Desesperada, imbecil, idiota, mongol, débil, demente...alguns dos carinhosos adjetivos que ouvi.

Carente, sugadora, vampira, destruidora, desestruturada. Se eu já não me questionasse o tempo todo sobre tudo o que faço e como devo fazer, isso já seria bastante doloroso. Imagine você, então, como me sinto ouvindo tudo isso, depois de tanto cuidado até para respirar.

Ela me sufoca, me desrespeita, não me deixa em paz, me persegue, não me deixa sentir sua falta. Isso não é amor, é desespero. E eu não quero ser muleta de ninguém, sai pra lá, sua vagabunda, que eu tenho mais o que fazer e você destrói qualquer menção de felicidade que eu tenha na minha vida. Destrói. Eu estava feliz, leve e você, como sempre, destruiu tudo. Sugou minhas energias, me deixou com ódio. Eu te odeio, sua vagabunda, filha de uma puta.

Alguém aí já ouviu isso de alguém?

Eu ouvi. Não uma, não duas.

Eu preciso escrever isso, para não morrer sufocada com a dor que estou sentindo agora e porque o adiantado da hora não me permite ligar pra você, que me atenderia, tenho certeza, mas não é justo, não é justo.

E eu não sei o que fazer e a falta de sono apenas aumenta, porque ao dormir os monstros saem. E com eles, meus medos, minhas fraquezas.

Amanhã vou fazer, pela primeira vez, uma Constelação Familiar. Eu ia constelar meus estudos, que são de suma importância e que eu preciso resolver para que eu me torne independente. Nessas horas fico imaginando o quanto estou sonhando. Porque só posso estar sonhando. Se hoje, assim, é assim, como é que eu tenho a coragem, a audácia de pensar que você vai me sustentar algum dia, mesmo que temporariamente? E ainda que isso aconteça, quantas vezes irei ouvir tudo isso over and over?

Mas estou pensando seriamente em constelar tudo isso que você falou pra mim. Pode não servir pra você nem ter efeito com você, já que você não me suporta, não me aguenta, não sente minha falta e se sente sufocado, aprisionado, infeliz; mas, não tenho dúvidas, servirá para um próximo relacionamento que talvez, quem sabe, um dia eu tenha.

Porque eu quero mesmo é estar com você. Dói e está doendo e vai doer muito mais ainda tudo isso agora, mas eu sei que tive/tenho minha parcela - não pouca - de culpa. O problema é que você também tem. Eu não erro sozinha e um relacionamento não se contrói nem se destrói sozinho. É preciso muito esforço e vontade de ambos, para qualquer dos lados.

E eu te amo, sabe? Mesmo. E já passamos por muita coisa para isso ficar assim. E eu teimo em acreditar que estamos bem, até falo isso pras pessoas, mas aí você fala um monte e eu não sei mais de nada.

Não sei se vou ou se fico.

Há pouco tempo estava com muitas dúvidas sobre isso e viajamos. Foi tudo tão bom que eu tive a certeza que tinha tomado  decisão certa e minha vontade de estar com você mais e mais, só aumentou. As dúvidas se dissiparam e eu estava simplesmente muito feliz.

Mas agora veio tudo de novo. Você gritou que está com ódio e que não, não me desculpa. Eu só pude ouvir.

E agora, não sei mais de nada. Porque é tão horrível pra você, que talvez seja melhor deixar você ir. E me segurar sempre que quiser voltar atrás.

Quem ama faz isso, não faz?Deixa o outro ir, quando chega a hora. Liberte-se.
Não quero você infeliz. Eu sou feliz com você. Você não.

Talvez tenha chegado a hora.

...

Dor.
Choro.
Lágrimas.
Tristeza.
Uma vida inteira.
Tudo o que poderia ter sido e não foi.

...

Ou não.
Espero que não.

Nov 25, 2009

Eu tento fugir de você, mas você sempre me encontra. Ok, admito que fugir não é bem a palavra, é que é tão difícil viver com você e só com você...não dá, sabe? Ninguém ia aceitar e a vida anda tão difícil mesmo...não podemos nos dar ao luxo de viver só de amor.

É, porque eu e você somos eternos apaixonados, mas amor, como diria a outra, não enche a barriga de ninguém. Sim, eu sei que muitas pessoas passaram por isso e, por um tempo, viveram de amor e hoje há o amor e muito mais. Mas não, não é assim tão fácil, queria tanto que você me entendesse...

Se ao menos eu já tivesse um dinheiro guardado, uma quantia boa, considerável, que desse pra nos sustentar por um tempo...daí a gente se virava,que isso é o que de melhor sabemos fazer, não é?

Abandonei você fisicamente, mas meu coração ficou. E sei que vai ficar sempre. Meu coração e minha alma são seus, por inteiro. Nunca me senti tão feliz como me sinto quando estou com você, você sabe. Está magoado agora e fala essas coisas todas, mas sei que é da boca pra fora, sei que você não quer dizer isso, porque você também me ama. Parece que fomos feitos um pro outro...

Se eu acredito em alma gêmea?Errr...não sei. Uma amiga, filosofando, há muitos anos, disse que seria muito triste se só houvesse uma única pessoa no mundo para outra "já pensou se a gente não se encontrar?". Mas eu não acho isso. E sim, se existe alma gêmea, e acho que existe, sabe, você é minha alma gêmea. Com você me sinto completa, transbordo de felicidade, sou inundada por sentimentos e pensamentos tão profundos e por forças imensuráveis. E o sorriso?Nossa, meu sorriso é indescritível quando estou com você.

E eu fui embora. Saí no início de uma noite de domingo e não olhei mais pra trás. Nem me despedi. No começo, hesitei, titubeei, quis voltar, mas não deixaram: pessoas e minha consciência. Sou responsável demais pra viver assim. ^Com você eu não tenho estabilidade e eu preciso disso, pelo menos hoje, pelo menos agora, pra poder, enfim, depois, ficar só com você. E se passar tempo demais?Passa não, porque eu me escondo, eu fujo, eu mudo de cidade, de telefone e, de repente, você me manda um e-mail.

Me convida pra ir te ver, te visitar, lembrar os velhos tempos. E aaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhh, como é bom!!!E eu não quero mais ir embora nem fazer outra coisa. Mas vou. E tento não pensar em você e nem fantasiar, nem criar expectativas. E quando acho que estou conseguindo, você, sempre ardiloso, se utiliza de outros meios, meios escusos que prefiro nem dzer aqui, para me seduzir.

E aí eu me derreto toda e...

Nov 1, 2009

[Para ouvir ao som de Trocando em Miúdos, na versão de Chico Buarque]


Ela acordou com aquela sensação, que ela nunca soube explicar como era, mas sempre sabia que algo ia acontecer. E nunca, nunca, em todos esse anos, foi algo bom. E mesmo assim, mesmo sabendo como ele estava, ela resolveu ignorar o aviso que ela recebera talvez, quem sabe, antes mesmo de acordar. E foi.

Em menos de cinco minutos, eram só lágrimas, questionamentos, arrependimentos. Nem ela sabe como ela aguentou guardar tudo aquilo para ela e só para ela. E ficou quieta e dormiu, por horas e horas, mas um sono leve, ao menor barulho ela acordava - esperando por um telefonema que não vinha.

Rezou. Sentou e rezou; as manchas das lágrimas ainda estão lá, como prova do momento de desespero, misturado com fé e alguma esperança de que tudo melhorasse e que aquela dor fosse embora.


E valia a pena? Depois de tudo isso, depois de tantas e tantas cenas repetidas, em meio à sua conversa particular com Deus, ela se questionou e O questionou. 


Foi tomada por uma coragem e força que ela não fazia idéia que tinha. Foi firme, foi dura, foi clara e objetiva. Direta. E se impôs. E colocou condições. Se ela tinha conseguido fazer tudo isso, sem derramar uma única lágrima, recebera sua resposta. 


Valia a pena, sim. E sua fé foi renovada, mais uma vez and over and over.







Oct 18, 2009

Eu sei que você já está melhor e agradeço a Deus por isso. Mas não consigo imaginar a dor que deve ter sido para você. Luíza, te dizer adeus, assim, sem nem ter te conhecido direito e já ter te amado tanto, mesmo à distância, mesmo sem nem ter visto ultrassom, é inexplicável. Sou sua tia e sempre serei; madrinha e irmã também. Dói muito, mas sei que quanto mais eu chorar por você, ficar questionando e gemendo de dor, mais vou te atrapalhar.

Não, não. Acredito e sei que você veio e passou tão pouco tempo porque tinha uma missão muito curta aqui com a gente, por diversos motivos, tocando o coração de cada um de maneira diferente, afetando-nos completamente e, ao mesmo tempo, deixou para cada um, uma lição, uma mensagem. O que estivéssemos ou ainda estejamos aprender com a chegada de um bebê em nossas vidas. Em tão pouco tempo, você nos deu grandes aulas, Lu. Eu, pelo menos, refleti bastante, o tempo inteiro, desde que recebi a notícia da sua vinda até a sua partida desta vida.

Sua missão foi cumprida, não tenho dúvidas. Sensibilizou corações de pedra e que nos causavam pânico; uniu ainda mais papai e mamãe, que sentem sua falta, mas estão buscando a paz em Deus; eu, sua tia/madrinha/irmã/amiga, bom...eu choro. 

Sinto a sua falta de uma maneira estranha, como se você fosse minha filha e estivesse na minha barriga. Acho que você quis me dizer que estou pronta para ser mãe - ou que ainda não estou.

Do jeito que as coisas andam, Lulu, melhor que eu não seja, por enquanto. "Tudo anda tão complicado...", sabe?


Te amo. Nós te amamos. E só agora consegui escrever e me despedir de você. Protege teu painho, tua mãinha e tua família aí de cima, meu anjinho. Eles estão precisando de muita força e fé agora.

Aug 8, 2009

Eu tenho andado assustado com a atual crise no Congresso Nacional (atos secretos no Senado e farra das passagens na Câmara)! Não que eu fosse ingênuo a ponto de achar que todos os políticos fossem honestos ou mesmo que eu tivesse alguma esperança que 10% deles deixassem de correr em caso de alguém gritar: "Pega ladrão"! O que tem me tirado o sono (literalmente alguns dias!) é o fato de que a população toda está aceitando a situação com a maior naturalidade do mundo...

Eu sou um eterno otimista quando se trata da situação brasileira, principalmente no que diz respeito ao progressivo amadurecimento da nossa neófita democracia. Eu tinha certeza de que nós, "os caras-pintadas", seríamos uma resistência consistente, oferecendo alternativas éticas que fossem viáveis para o fortalecimento e a perenidade das instituições. Eu vi o impeachment do Collor aos 14 anos, com o orgulho de quem tinha ao seu lado uma nação, um povo que dava um sinal de “basta de desmandos”!

Diante das massivas denúncias de corrupção que vêm nos atropelando durante os últimos anos (com pequenos intervalos de poucos meses, suficientes apenas para que tomemos fôlego!), entretanto, não posso evitar que tal convicção seja estremecida por uma dúvida cada vez mais consistente. Os mesmos canalhas que assustavam o Brasil durante a Ditadura Militar continuam no poder, com uma importância tão grande que não sei dizer se a democracia efetivamente já chegou. Para piorar a situação, hoje eles têm a seu lado as “crias” da prometida democracia, que se deturpou em uma demagogia cada vez mais assustadora!

Parece que estamos todos esperando que as coisas se resolvam por si mesmas, como aquele tipo de pai ou mãe que simplesmente desiste do filho e deixa ele chorar até se cansar... Sendo que, enquanto isso, ele incomoda todos ao redor. Claro que esse "algo" que esperamos é a mídia! Foi ela quem promoveu o movimento do "Fora Collor" e é ela quem tem decidido qual a importância que as denúncias têm desde então. Foi ela também quem transformou um “escândalo menor” em motivo de renúncia de mandato de Renan Calheiros... Ora, vejam só: exatamente este forma com Collor a dupla alagoana que hoje representa a comissão de frente que defende o Senador José Sarney, tudo com o aval explícito do Presidente Lula, que, tendo o Princípio da Separação de Poderes para legitimar a sua pertinente indiferença, preferiu sair em defesa daquele que meses atrás para ele e seu partido era apenas mais um inimigo político na luta pela Presidência do Senado Federal.

Entretanto, não estou culpando a mídia... A mídia é feita pelos homens e seus interesses, sejam estes individuais ou coorporativos. A culpa é da sociedade como um todo: ONG´s; todas as classes sociais; (pseudo)intelectuais; escritores; empresários; esportistas; artistas; estudantes; acadêmicos etc. Alguns músicos (Caetano Veloso, Chico Buarque e companhia) são considerados como baluartes da luta contra o Regime Militar e agora, quando não existe censura, quando não existe opressão, quando a corrupção é a olhos vistos, eles se calam! Não posso evitar pensar que se movem pelo lema: "Desde que me permitam falar, eu não me incomodo de ficar calado"!

Os escritores não são melhores! A Academia Brasileira de Letras, onde supostamente deveriam estar concentrados os grandes intelectuais brasileiros, se esconde, não apenas porque faz questão de ser omissa no processo democrático, mas porque o principal acusado da atual crise (José Sarney) é um de seus membros, ocupante da cadeira de número 38, que já foi assento de um dos grandes orgulhos nacionais: Santos Dumont!

Também quero deixar claro que este não é um panfleto político-partidário contra o PMDB ou contra o senhor José Sarney, mas sim contra toda a crise ética que se instalou no Congresso Nacional! Os primeiros atos secretos datam de 1995; a suposta compra de votos da reeleição foi para a eleição de 1998... Quantos escândalos não assistimos calados neste intervalo de 11 anos? Cito apenas o (até agora impune) Mensalão, para explicar o meu ponto de vista. A crise não chegou a agora, ela é atemporal e apartidária, envolvendo todo o processo de escolha dos nossos representantes e os parâmetros de exercício de seus mandatos parlamentares. Toda essa baderna instalada é apenas a gota d’água!

Quer dizer que algum desses políticos realmente quer que acreditemos que ele não via nenhum mal em nomear parentes; pagar assessores que moravam no exterior; adulterar o painel eletrônico do Senado; vender a sua cota de passagens aéreas; morar em imóvel funcional tendo residência em Brasília; pagar passagens aéreas para a namorada ou para um time de futebol? Será que somos tão burros que elegemos como representantes um grupo de sujeitos que têm um conceito moral tão diferente daquele reconhecido pelo senso comum? Será que eles têm a mesma visão ética quando vão educar os seus filhos e netos? Não creio que as respostas a estas perguntas sejam positivas!

Mas este é apenas um desabafo... Eu gostaria de ver a população de novo nas ruas, demonstrando (sem violência de nenhum lado!) que sabe o que está se passando, que não aceitará calada tal descaração, que marcará os responsáveis e que estes nunca mais ocuparão um cargo eletivo. Com certeza este é um sonho: viver num país de memória, onde o povo compreende que os políticos é que deveriam estar submissos ao povo e não o contrário... Um país no qual os eleitos teriam noção da grande responsabilidade que decorre do cargo que ocupam e do compromisso com o desempenho de sua nobre função.

Diante de tudo, porém, a minha sensação de impotência é total! Por via do amigo Rodrigo Sales, me vêm à cabeça as palavras de outro grande orgulho nacional, Rui Barbosa ao dizer que “de tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”.

Eu não sou um filósofo conhecido, um grande escritor, alguém ligado à mídia ou uma celebridade, que poderia, quem sabe, mobilizar as massas! Eu nem sei o que cada um desses setores citados poderia fazer, mas eu me sentiria bem melhor se soubesse que eles estavam tentando fazer algo... Hoje eu vou dormir tranqüilo por ter começado a fazer a minha pequena parte... Pois, como diria Madre Teresa de Calcutá: "Eu sei que sou uma gota no oceano, mas, sem esta gota, o oceano seria menor"!

Deixo, por fim, um poema escrito em 1964 (coincidência ou não, no ano do Golpe Militar!) pelo fluminense Eduardo Alves da Costa, embora seja freqüente e erroneamente atribuído a Maiakovski:
Na primeira noite eles se aproximam,
Roubam uma flor do nosso jardim e não dizemos nada;Na segunda noite, já não se escondem:
Pisam as flores, matam o cão e não dizemos nada;Até que um dia, o mais frágil deles,
Entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz eConhecendo o nosso medo, arranca-nos a voz da garganta
E já não podemos mais dizer nada!

É um bom momento de sabermos em que passo estamos da submissão... Terão os corruptos e imorais já arrancado a voz de nossa garganta? Ou ainda é tempo de proferirmos nosso grito de insurreição? Com a resposta, cada um de nós!

Carlos Marden Cabral Coutinho
Procurador Federal, Especialista e Mestre em Direito e, hoje, mais um brasileiro ajoelhado aos pés dos ocupantes do Poder.


P.S.: Sugiro aos amigos que escrevam seu próprio texto e o repassem, encaminhem, como o farei, para os membros do Congresso Nacional! Se vocês têm um blog, sigam meu exemplo e lá publiquem algo ou mesmo este texto, o que fica desde logo autorizado. No mais, peço, a quem achar que estas palavras valem alguma coisa, que as encaminhe adiante... Bastam 04 encaminhamentos de 20 pessoas cada, para que 160 mil pessoas recebam uma cópia. Imagine se cada um encaminhar pra cinqüenta pessoas. Talvez alguma autoridade o leia, talvez algum artista influente, talvez a mídia, sei lá... É uma réstia de esperança luminosa em meio à dominante corrupta escuridão!

Aug 5, 2009

Satisfação

Só para dizer, minha gente, que quando eu disse a alguns de vocês que eu tinha voltado, era verdade.
Mas é que a vida é imprevisível e a minha anda dando voltas e reviravoltas que nem eu estou conseguindo acompanhar direito.
Agora, mês novo, semestre novo, parece estar tudo se acalmando de novo.
Então, passei rapidinho aqui, porque eu devia uma satisfação a vocês, queridos.
Não sumam, que eu nunca sumo para sempre, só por um tempinho.
Mas acho que essa semana ainda volto a postar com regularidade e tenho muito, muito a falar, compartilhar, contar, recontar, imaginar, viajar e o que mais vocês sugerirem que eu faça por aqui...afinal, esse espaço é nosso!

Saudades!

Um beijo no coração de todos vocês!

Jun 17, 2009

:)




Porque a gente sabe reclamar e desabafar, mas a gente sabe agradecer também. E ficar feliz. E correr pela casa quase meia-noite, de salto, fazendo barulho e acordando o vizinho de baixo, correndo pra cama da mãe pra agradecer porque ela lembrou. É besteira, eu sei. Mas eu fui dormir tão feliz...

May 2, 2009

O silêncio

Sábado, 22:31h. Eu, meus óculos verdes, o silêncio. Nariz fungando, dor nas costas (não é bem dor, mas pra explicar eu teria que fazer um outro post e agora, simplesmente, não é o momento).

Estou só, no sábado à noite. Eu não tenho o menor problema em ficar só, estava até precisando mesmo: eu, meu quarto, minhas paredes, minha cama e só.

Mas aí, eu fiquei doente. A tal dor nas costas. E tive tempo demais para pensar e pensar. E procurei meus amigos pra isso e praquilo, mas estão todos longe. Sério. Uma está na Bósnia, outra na Irlanda, outras em Brasília, outra no Rio, outros em Brasília, meu amor em Minas, muitos em Recife. Uma amiga querida me chamou há pouco para ir a um lugar que eu gosto muito e que sei que seria extremamente divertido, mas não estou no momento, entende? Nem eu. Tem uma em Floripa também. Um que mora em Brasília me ligou na quinta, foi um momento feliz. Tá aqui e falou que a gente ia se ver...até agora, nada. Well, well. Um querido ligou ontem, mas era só pra pegar uns dvd´s que eu gravei pra ele, de uma banda querida de Recife.

Estou demasiadamente só está noite, sabe? Já assisti aos últimos dois episódios de Grey´s Anatomy, em instantes irei pra Desperate Housewives, mas...estou só. E isso está me incomodando, porque eu preciso falar. Eu preciso conversar, eu preciso falar um monte de coisas sérias ou não e não tem ninguém para me escutar. E vocês não me conhecem, eu falo demais. Exageradamente. Exaustivamente. E estou sem falar há umas duas semanas, porque não tinha tempo ou porque estava ocupada demais com meus aborrecimentos pessoais e para a segurança das pessoas ao meu redor, escolhi me calar.

Sobrou para o terapeuta, claro. E ele concordou comigo. O que só piorou tudo, porque minhas dúvidas aumentaram, minha ansiedade aumentou, meu desespero idem.

Mas ficar pensando nos problemas é cadeira de balanço, não é mesmo? Temos que resolvê-los. Juro que estou me esforçando. Aliás, nas últimas horas aconteceram coisas demais e eu ainda não consegui absorver e já estou nervosa e ainda mais ansiosa. Um problema, isso.

E é informação, informação, informação. Não param de chegar, essas malditas!


E ninguém com quem eu possa falar, meu Deus.

Provavelmente eu estou sendo injusta. Talvez tenha alguém nesse mundo louco que, no sábado, às 22:43 esteja em casa, sem fazer absolutamente nada e precisando desesperadamente ouvir. Ou talvez alguém que esteja aqui, e não longe, não se importasse em me ouvir. Mas, sabe, eu não sei. Faz tanto tempo, que eu não sei. Não é mais como antes, que eu me sentia à vontade. Não, não mesmo. Com essas pessoas que citei, sim. Com as demais, infelizmente, não me sinto à vontade. Poderia até arriscar, mas o medo da voz entediada do outro lado me congela.

Aliás, um grupo de pessoas lindas que eu amo com toda a propriedade do termo, me ligou. Coisa mais linda, preocupados com minha saúde. E são pessoas que adorariam me ouvir por horas e horas. Mas Deus é engraçado; eles são os únicos com quem não posso falar.

E aqui estou. De pijamas, óculos verdes e o silêncio.

Apr 27, 2009


Bom, a 1a coisa que quero dizer é:

PARABÉÉÉÉÉNS!!!!

Não sei se ele chegou a dar o recado, mas quando ele me deu a notícia do casamento de vocês esse ano, passei duas horas mandando toda a felicidade do mundo e mil recomendações a ele e que já não era sem tempo etc...e que ele mostrasse à senhora. Mas não sei se ele mostrou.

Eu fiquei tão feliz, mas tão feliz, a senhora nem imagina! Eu sei que não sou a melhor amiga de vocês, mas vocês não fazem idéia do espaço que vocês têm no meu coração, do quanto vocês representam em minha vida. Aprendi muito com todos vocês, em especial com vocês dois - pela maior convivência - e não só na parte profissional. Nossas conversas, sérias ou bobas, sempre eram muito boas e sempre deixaram muitas mensagens a serem aprendidas.

Eu também sei que não acompanhei detalhes do namoro de vocês, nem tão de perto assim, mas sei que acompanhei o suficiente para torcer sempre por vocês e rezar todos os dias pela felicidade de vocês dois. Eu sofri quando a senhora sofreu, naquela época em que eu também sofria, lembra? Naquela nossa conversa no banheiro quando, a partir de então, ficamos um pouco mais confidentes. Eu queria vê-la feliz. A senhora merecia isso. Eu queria vê-lo feliz, ele também merecia. E me doía vê-los separados.

O alívio e a felicidade quando vocês voltaram e ficou tudo bem, com a graça de Deus. E depois, o êxito no concurso que vocês tanto sonhavam. E agora, o casamento. Que maravilha! Quanta felicidade! Que casal abençoado vocês são.

Sinto-me muitíssimo feliz por ter feito parte da história de vocês, mesmo que não tão presente quanto eu gostaria.

Saiba que, mesmo distante, todos os dias eu penso em vocês, sem exceção. E rezo por vocês. E agradeço a Deus por ter tido a oportunidade de conhecer duas pessoas tão maravilhosas e abençoadas e que sempre me ajudaram tanto. E tão amigas e sempre dispostas a ensinar e a dar o ombro a uma simples estagiária.

Não é à toa que eu sonho em ser Procuradora Federal. Nunca, em toda a minha vida, conheci tantas pessoas tão maravilhosas, amigas e inteligentes ao mesmo tempo e que tratavam os estagiários como iguais e que se preocupavam com os estagiários, em todos os aspectos. Vocês não eram chefes, apenas; ou professores, apenas.

Vocês foram e sempre serão, não tenho dúvidas, meus mestres. Sempre lembro alguma história ou algum processo ou alguma conversa lá da PF e um sorriso desponta do meu rosto e muitas vezes meus olhos enchem-se de lágrimas.

Continuem com Deus!

Apr 20, 2009

Sinto que cheguei ao meu limite. É preciso mudar; eu preciso mudar.
Não consigo mais conceber a idéia de aguentar isso.
Estou muito aquém do que posso realizar, dos meus limites.
Minha capacidade intelectual é superior a isso tudo. A você, que me destrata quando eu tiro as palavras de sua boca.
Sempre que eu falo, estou errada. Mas não estou de verdade. Eu sei e você sabe. Por isso você age assim.
Fiquei pensando se vai me convidar para seguir com você. É provável que eu aceitasse, a experiência - não por você, claro - seria boa, muito boa. E cansativa. Mas prazerosa, no final das contas.
Mas, pensando bem, eu posso, mesmo sem querer, aparecer mais que o devido, chamar a atenção, despertar olhares e receber propostas. Boas realmente.
E você simplesmente não aguentaria.

Mar 5, 2009

No mais, estou indo embora...

Eu só quero dormir para sempre...

Eu não consigo mais escrever...

Mar 2, 2009

Ela o vê e pensa como o ama.
Ama a maneira que ele enxerga as coisas, de um ângulo não percebido dantes por ela. Ama o modo como ele reage a certas coisas, pequenas coisas, mudanças, descobertas. Vibra como se seu time tivesse feito o gol da vitória; seus olhos brilham como os de uma criança diante de um brinquedo novo.
E a necessidade tão pura e tão madura e tão adulta e tão carismática e tão doce que ele tem de compartilhar com os outros as descobertas?Ela suspira profundamente, enquanto pensa que tomou a decisão certa.
Sim, ela não podia ter escolhido melhor, mesmo que não tenha escolhido propositadamente, foi tudo acontecendo, simplesmente.
Sim, ela amava aquela criança que via naquele instante.
E torcia para que ela não desaparecesse nunca.
...

Feb 17, 2009

Às vezes eu preferia antes.
Porque antes, incrivelmente, a gente se via mais. Você estava mais presente em minha vida. Pontualmente, todos os dias, às 17:10h meu telefone tocava. Você sabe que eu nem sempre atendia. Eu sei que eu nem sempre atendia. Mas gostava de saber que ele ia tocar, que ele sempre tocava, que você estava ali.
Parece egoísmo, mas não era. Quando eu não atendia é porque não tinha forças ou porque eu ia chorar muito ou porque falar doía demais. Ou para salvar o seu dia, salvar a você mesma de ouvir tudo aquilo que eu gostaria de falar.
Todos os dias, era quase sagrado. Mas sagrado é uma palavra muito forte para o teor das nossas conversas. Profano seria melhor.
Um dia, tudo mudou. Esperei e nada. Dois, três, quatro dias, semanas, meses. Nada. E antes nos víamos muito mais. E agora, não sei. Só sei que não gosto do que vejo, não gosto, simplesmente não gosto.
Só sei que não tenho mais notícias suas. Quando sei é porque alguém disse ou porque eu já implorei muito por notícias. E doeu tanto no começo, sabe? Não, acho que ninguém sabe, porque eu nunca falei sobre isso. Não assim, não aqui. Não.
Triste, decidi me afastar. Cansei de mandar e-mails e receber respostas prontas ou óbvias. Ou tão cheias de divagações que não dizem nada, afinal
Estou muito, muito triste. E hoje decidi não mais fingir que está tudo bem.

"Oi, C.L.!
Muito obrigada pela oportunidade de conversar com você.
E, esclarecendo a sua dúvida, a comercialização da Linha Ma Chérie, está somente suspensa temporariamente somente para regularização do registrodas respectivas embalagens na ANVISA.
Mas ao contrário da informação que recebeu, em breve encontrará todos esses produtos em nossas lojas.
Só não há ainda uma definição de data, tudo bem?
Caso tenha alguma dúvida, por favor, não deixe de nos procurar, pois estamos a sua disposição também pelo fone: 0800-413011.
Um abraço
Mari"
Só para que vocês saibam como estou feliz agora!
:)

Feb 11, 2009

Se eu tivesse uma coluna no jornal, digamos, aos domingos, como a Martha Medeiros, certamente essa teria sido minha coluna do domingo último.
Quando eu fiz 15 anos, como é de praxe, ganhei centenas de milhares de perfumes da marca "O Boticário". Ganhei 12 "Thaty"! Preciso dizer, porque nem todo mundo aqui tem a minha idade e eu realmente não sei se essa linda tradição continua.
Pois bem. Um dos presentes - por sinal, um rapaz lindo por quem eu morria de amores e que nem o orkut me fez reencontrá-lo, - fez diferente e me deu um lançamento um tanto quanto desconhecido à época: ele me deu o conjunto completo da linha "Ma chérie".
Tudo passou, foi trocado, usado e a única coisa que restou em minha vida, diariamente, foi o desodorante da tal linha desconhecida. Ele me acompanhou por 11 anos. Sim, 11 anos.
Eu sei que eu não sou mais nenhuma adolescente, que eu deveria usar um desodorante de adulto, blablabla, mimimimi. Podem usar todos os seus argumentos que ninguém irá conseguir me convencer do contrário. O desodorante era bom, muito bom, cheiroso, cheirinho de bebê, juro que aguenta um dia inteiro sem precisar ser renovado. Por que eu iria querer mudar algo tão bom???
Sábado, então, fui a uma das lojas, toda feliz e sorridente, com dinheiro na conta, comprar o meu desodorante. A vendedora olha para mim com cara de total desprezo e provavelmente pensando "o que essa velha ainda quer usando essa linha, meu Deus?" e responde, como quem responde as horas a alguém na rua: senhora, essa linha saiu de circulação.
Eu fiquei tão chocada com a notícia que nem consegui reagir. Eu fiquei petrificada no meio de uma loja cheia, num sábado à tarde. As pessoas passando e esbarrando em mim e eu lá, imóvel, olhos arregalados, vendo o filme da minha vida passar diante de mim.
Vocês devem estar achando um exagero, mas eu espero que alguém aqui me entenda. E se pelo menos um entender exatamente o que eu estou sentindo, já me dou por satisfeita.
O meu mundo caiu, gente. Eu, do dia para a noite, não tinha mais desodorante. O meu desodorante lindo, cheiroso, pequeno, com um desenho de uma meninazinha alegre...o que eu ia fazer agora? Eu não sou contra mudanças, apesar de morrer de medo delas. Mas eu não estava disposta a mudar de produto assim, sem mais nem menos. Sem uma explicação. Sem um "adeus" decente. Se eu soubesse que aqueles foram os últimos dias que eu o usaria, teria poupado, sei lá. Teria comprado todos da loja. Se alguém tivesse me avisado que ele iria sair de linha, poderia ter sido diferente.
Mas não. Claro que não. Não comigo, né? Mesmo eu sendo frequentadora assídua do estabelecimento, mesmo eu sempre comprando na mesma loja e conhecendo a gerente, ninguém poderia ter me avisado que ia sair da linha. Claro que não. Estava programado desde dezembro, apenas. Não tinha mesmo como me avisar.
Ainda parada, os olhos cheios d´água (cabe dizer que há algumas semanas estou extrema e irritantemente sensível), vermelha, invisível, Namorido me tira dali. E me abraça. Ele simplesmente me abraça e eu começo a chorar. E não consigo fazer mais nada. E ele repete e repete "eu entendo você, linda, calma, a gente vai encontrar outro que te deixe feliz".
E eu estava tão transtornada que nem perguntei o que eles tinham que fosse equivalente. E o e-mail que mandei na segunda-feira (e apenas na segunda, porque o site não aceita e-mails aos sábados e domingos), perguntando isso, perguntando como eles não avisam aos clientes que o produto vai sair de linha, perguntando se não vai ser relançada, porventura, a mesma linha com outro nome, um novo design, ainda não foi respondido.
Desculpem-me por fazer os parcos leitores que vêm aqui perder tempo com esse texto, mas eu realmente precisava desabafar. Só sei, concretamente, de uma pessoa que me entenderia: meu terapeuta. E, nesse caso, é porque ele, há 15 anos, usa o mesmo perfume. Mas ele é uma pessoa prevenida e sempre teve estoque em casa.

Feb 10, 2009

Levantava a cabeça e tentava olhar para sua mãe. Era bonita. Sempre a achou parecida com a Branca de Neve. E dizia isso sempre. Olhava para ela e já entendendo um pouco das coisas da vida, perguntou a ela por que ela não usava o anel de formatura. A mãe respondeu que não tinha, porque nunca gostou faculade, não teve turma, colou grau sozinha, ela e o reitor.

A pequena, mesmo sem saber o que seria colar grau, jurou que iria ter um lindo anel de formatura quando "fosse bem grande". E assim o fez.

Apesar de quase não ter conseguido terminar a sua faculdade, aquela que ela própria escolhera cursar, dentre tantas opções, anos antes, mesmo assim insistiu e fez questão de participar de todos os eventos a que tinha direito. E queria o seu anel de formatura.

Não queria aqueles que ela via sendo expostos na faculdade. Escolheu cuidadosamente e por fim comprou (o pai deu) um desenhado apenas para ela. Simples e bonito. Parecia com ela. Tinha algo que a hipnotizava: ela passava horas olhando para ele.

Passada a empolgação, continuava hipnotizada. Dessa vez, porque não conseguia usá-lo. Não se achava merecedora daquele símbolo, do que ele significava, da profissional que nunca viria a ser.

Feb 6, 2009

1 – Não vou me identificar. Assino C.L. e pronto. Além do mais, praticamente ninguém no mundo vem aqui, então não vai fazer muita diferença mesmo.

2 – Tenho 26 anos há quase três meses.

3 – Sou de escorpião com ascendente em sagitário. Na verdade, não acredito em signos, apesar de viverem me dizendo que “isso é típico de uma escorpiana”.

4 – Moro no nordeste.

5 – Sou pernambucana, de Recife mesmo, mas não estou mais lá. Ainda volto. Logo. Namorido já sabe.

6 – Sou atriz, cantora, escritora e advogada. Mais na teoria que na prática. E não necessariamente nessa ordem.

7 – Faço, principalmente, peças infantis. Levo sempre os meus primos pequenos e convido todo mundo para ir. Ninguém que eu convido vai e eu não ligo. O sorriso das crianças me basta.

8 – O rostinho de felicidade porque a Fada Azul do Pinóquio realizou um desejo ou o medo e a raiva que sentem da irmã malvada da Cinderela são o meu melhor presente.

9 – Nunca pensei que a Rainha de Copas pudesse ser tão amada por crianças e adultos.

10 – A primeira vez que subi em um palco para atuar comecei a tremer e não lembrava nada do que deveria fazer ou falar. E não conseguia enxergar ninguém. E foi um dos momentos mais felizes da minha vida.

11 – Minha primeira apresentação adulta foi um monólogo do Caio Fernando Abreu, a meu pedido. Não conseguia decorar de jeito nenhum e quando consegui, não passava verdade no que estava sentindo.

12 – Sou muito dramática. Adoro um drama. Deviam me contratar para fazer aqueles dramalhões mexicanos. Ou Ugly Betty.

13 – Por causa disso, tive muita dificuldade para interpretar um papel cômico adulto, com os trejeitos, olhares, expressões dos clowns. No dia da apresentação, desisti e voltei atrás pelo menos 5 vezes.

14 – Ouvindo as risadas durante a apresentação e recebendo elogios ao final da peça, tive certeza que eu seria capaz de fazer e conseguir tudo o que quisesse.

15 – Estudo canto lírico. Sou soprano e meu professor se impressiona com meus agudos. Quero cantar o Ave Maria, em sua versão original, para minha vó. E, se conseguir, no meu casamento.

16 – Sonho em ser uma Celtic Women.

17 – Já fiz ballet, jazz, sapateado, ginástica olímpica e dança do ventre. Não gosto de esportes e sempre fiz o impossível para não ir às aulas de educação física.

18 – Mesmo assim, ando correndo e nadando por aí. Com direito a treinador acompanhando. Comigo é assim: eu não faço, mas quando resolvo fazer, faço muito bem feito.
19 – Confesso gostar infinitamente mais de natação. E que me perdoe o pobre coitado que insistia em me dar aulas quando eu era pequena. Até hoje falo mal dele.

20 – Falando nisso, tenho problemas com homens cabeludos. Eis a razão de tal professor ter sido tão citado durante toda a minha vida.

21 – Cúmulo do paradoxo: namorido é cabeludo.

22 – Sempre fui a melhor da sala, a vida inteira, até bem pouco tempo. Na verdade, fui o primeiro lugar em toda a minha vida de colégio e uma excelente aluna na Universidade.

23 – Culpa do perfeccionismo, que não me deixava simplesmente ser. Eu tinha que ser a melhor sempre.

24 – Isso me rendeu uma depressão profunda, 15kg a mais, muitos remédios no estômago e algumas “amizades”.

25 – Por outro lado, acabei revendo o meu conceito de amizade e hoje já não me deixo mais tão facilmente enganar.

26 – Me mudei na 8ª série e odiava o mundo. Começando pelo mundo da minha casa, claro. Mas ganhei duas amigas.

27 – Tenho alguns maravilhosos amigos de infância até hoje.

28 – Fui apaixonada por dois melhores amigos ao mesmo tempo e era recíproco. Tínhamos apenas 9 anos.

29 – A maneira que eles encontraram de demonstrar verdadeiramente seu “amor” por mim foi cantando e interpretando “La Bamba” no meu aniversário de 10 anos.

30 – Passei 11 anos e meio sem notícias dos meus garotos. O reencontro foi inesquecível, formidável, inigualável. São dois grandes amigos que eu tenho e vou levar pra sempre comigo, mesmo não sendo possível convivermos tanto quanto gostaríamos.

31 – O motivo da felicidade deles era que, finalmente, eles eram mais altos que eu. ¬¬

32 –Falando em amor, meu primeiro amor, por assim dizer, eu conheço desde que nasci, literalmente. Ele foi me visitar no hospital e se jogou no berço. Sorte que minha vó me tirou bem na hora.

33 – Ele foi um grande amigo por muitos e muitos anos. Mas o tempo passa, as pessoas mudam e nem sempre seguimos os mesmos caminhos. [ e a esposa dele me odeia também]

34 – Todos os remédios que tomei ou ainda tomo possuem apelidos carinhosos; às vezes vou a algum médico e esqueço que ele não está a par disso.

35 – Fui filha única por 8 anos até ganhar minha boneca. Ela chegou a me chamar de mãe. Confesso que deveria tratá-la melhor; ando muito displicente com ela. E grosseira também. E rude. Pronto, chega.

36 – Minha insônia melhorou bastante. Ontem mesmo consegui dormir cedíssimo: meia-noite.

37 – Faz uns 3 ou 4 meses que praticamente não tomo remédios para insônia. E os outros estão, gradativamente, diminuindo.

38 – Falo pelos cotovelos e por todas as juntas também. Tive a sorte de conhecer duas outras pessoas no mundo que falam mais que eu: um dos meus melhores amigos e Namorido.

39 – Digam o que quiser, mas sou tímida e ponto final. Muito.

40 – Quando começo a ter mais intimidade, sou a pessoa mais extrovertida do mundo. Até demais. Às vezes, não raras, sufoco.

41- Sou ciumenta. Muito. E possessiva também. Com tudo, pessoas e coisas.

42 – Sou muito, mas muito insegura. Quase não tenho auto-estima, mesmo fazendo terapia há tanto tempo.

43 – Aqui cabe citá-los: eu não poderia ter como terapeuta pessoa mais legal que o que me acompanhou durante 5 anos e que diagnosticou minha depressão. E não poderia ter ninguém melhor para me tratar, fingindo muitíssimo bem que me entende e que eu estou quase sempre certa e evoluindo de muitas maneiras.
44 – Tento não julgar as pessoas, mas é algo muito, mas muito difícil de fazer, confesso. Pior é que sempre, eu disse sempre, que sinto que alguém não é gente boa, ela realmente não é.

45 – E se eu implico mesmo com essa pessoa, redobre a atenção: ela é uma víbora, cobra, dissimulada, manipuladora, sem escrúpulos ou caráter.

46 – Enganei-me com alguém que jurava ser meu amigo. A disputa faz despontar o pior nas pessoas.

47 – Ocorreu o contrário uma vez, com uma das minhas melhores amigas até hoje.

48 – Ela me ensinou a gostar de Legião, Marisa Monte, Paula Toller. Beatles dividimos juntas.

49 - Mesmo sabendo que eu não gostava dela, gravou diversas fitas (sim, eu sou do tempo das fitas) pra mim com a obra completa do Legião. E insistiu para que fôssemos juntas à peça “Confissões de Adolescente”.

50 – Percebo, triste, o tempo que investi em pessoas que considerava amigos. E para quem eu não passava de um meio para atingir um fim.

51 – Em compensação, todos os dias tenho mais e mais certeza de quem são os meus amigos de verdade. Poucos, mas verdadeiros.

52 – Eu tenho um defeito horrível: insisto em acreditar na bondade das pessoas. E demoro para conseguir admitir que aquela pessoa não é boa.

53 – Outro: é muito difícil para mim conviver com a idéia de saber que alguém não gosta de mim. Muito. Muito mesmo.

54 – As namoradas/esposas dos meus ex sempre, sem exceção, me odeiam, me detestam, me abominam.

55 – E eu nunca atrapalhei namoro de ninguém. Mesmo que eu tenha um ótimo relacionamento com ele, respeito e me distancio, deixando sempre a porta aberta para aquele amigo.

56 – E eu nem odeio as ex de Namorido. Só duas, mesmo. Mas elas merecem muito mais que ódio – e nem é necessariamente por terem feito algo a mim. É mais por serem o que são.

57 – Já recebi uma declaração de amor nas alturas, literalmente, num vôo para o Rio de Janeiro. Em meio à previsão de chegada, o comandante começou a ler uma carta que meu ex tinha escrito para mim, pedindo para voltar.

58 – Não voltamos, não o beijei, a Rogéria (aquele cara que é uma mulher, sabem?) disse que se eu não quisesse, ela queria e tenho tudo isso filmado.

59 – Tive 5 namorados de verdade até hoje. E pretendo parar por aqui.

60 – Um deles eu namorei por 4 anos; ele terminou comigo às vésperas do meu aniversário, a uma semana do vestibular e, em 5 dias, estava namorando outra pessoa.

61 – Perdi 7 kg em 5 dias. Tudo o que eu comia ou bebia, vomitava.

62 – Foi ótimo encontrá-lo meses depois e ouvi-lo dizer, desesperadamente, que me amava e que eu era a mulher da vida dele. E eu simplesmente ri.

63 – Meu primeiro beijo foi aos 13 anos, na casa das minhas melhores amigas de infância – 4 irmãs – nas férias. Ele foi meu primeiro namorado também.

64 – Essas 4 irmãs acima são minhas amigas desde que eu estava na barriga de mãinha. E ela e a mãe das meninas são amigas desde pequenas. Elas têm um diário juntas e brincaram de boneca até os 16, 17 anos.

65 – Frequentemente, pessoas que eu nunca vi – e na maioria das vezes nunca vou ver de novo - sentam ao meu lado e simplesmente começam a me contar toda a sua vida. Se não toda, pelo menos partes íntimas, importantes e dramáticas.

66 – Eu não vivo sem uma barra de Hershey´s cookies ‘n’ cream ou cookies ‘n’ chocolate.

67 – Não bebo refrigerante. Nunca bebi. Não gosto. Arde. Hahaha

68 – Nem fumo. Uma vez, no ápice do meu ano anárquico, peguei um L.A. de menta do meu amigo e botei na boca cheia de pose. Todo mundo começou a rir, porque eu não sabia nem pegar no cigarro.

69 – Quando eu era pequena, era doida pra fumar. Achava chique, bonito e coisa de gente rica. Louca.

70 – Adoro cheiro de fósforo acendendo, gasolina e cigarro. Não o fedor que o cigarro deixa, é o cheiro na hora que acende. Esqueçam, nunca consegui explicar direito.

71 – Pequenos prazeres de Amélie: acender um fósforo e apagá-lo num isopor, comer uma ata e atirar o caroço bem limpinho no prato, escrever com minha caneta favorita num caderno novo, mastigar gelo, ouvir o digitar de um teclado de notebook, bem baixinho, quase imperceptível, rasgar papel e olhar a quantidade de "lixo" que eu estava acumulando.

72 – Costumava me sentar na janela do meu quarto e ficar pensando por horas.

73 – Sempre que meu sonho se passa na minha casa, é minha casa de Recife, sempre.

74 – Já tive pelo menos um déjà vu. Cheguei a um lugar onde nunca tinha ido, tive a sensação que já tinha estado lá e descrevi, com detalhes, cada cômodo do lugar.

75 – Não gosto de ficar. Simplesmente não faz meu estilo.

76 – Permiti-me viver intensamente no melhor estilo “dance like no one´s watching” em 2006. Na verdade, acho que me aproveitei da situação.

77 – Eu já fui ao “Xou da Xuxa”, vestida a caráter e ainda fui chamada por uma cantora de samba cujo nome não lembro e “sambei” uma música inteira, no meio do palco, com a Xuxa e a sambista ajoelhadas, fingindo um pandeiro. Tenho gravado. Hahahaha

78 – Falando em shows, aos 5 anos era completamente apaixonada pelo Marcelo, do Dominó. E aperreei meu pai até ele me levar pra João Pessoa só para assistir ao show deles.

79 – Depois do show, o ônibus do Dominó passou por nós e eu, do alto da cacunda do meu pai, enlouqueci gritando “Marceeeeeeeeeeeeeelo”. Ele me mandou um beijo (só tinha eu ali, então era pra mim mesmo!) e deu tchau. Passei uns 6 meses repetindo para todo mundo que a gente ia casar.

80 – E por falar em casar, quando era pequena, toda igreja que eu via eu dizia “é aqui que eu vou casar com Rafa”, meu primo. Entramos há um mês juntos em uma igreja. Para ser padrinhos!hehehe

81 – Já que estou na década de 80...eu era louca pela Xuxa, mas eu queria mesmo era ser a Angélica.

82 – Desde pequena ouvi ópera, a-ha Michael Jackson, Madonna e todas as músicas clássicas que você imaginar. Fora os LP´s de Xuxa, Dominó, Polegar, Angélica...

83 – Sei todas as falas de “A Noviça Rebelde”,Dirty Dancing” e de “Nadia” (o filme sobre a vida da ginasta Nadia Comaneci).

84 – Quando fui a Áustria, a primeira coisa que fiz foi me informar onde era a casa do capitão Von Trapp. Acabei descobrindo uma excursão só sobre o filme. Fomos a todos os locais onde foram gravadas as cenas na Áustria, incluindo a mansão da família. Indescritível o que senti.

85 – Assim que minha filha tiver idade suficiente, assistiremos juntas ao filme. Gostando ou não (mas ela vai gostar!), vamos levá-la nesse mesmo passeio.

86 – Além deles, mais alguns que amo: Mary Poppins, Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças, Fifty First Dates, O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, Pretty Woman, O Poderoso Chefão I, II e III, Vanilla Sky, Pulp Fiction, Clube da Luta. A lista é grande demais, tem a menor condição de escrever tudo aqui.

87 – Odeio que desconhecidos se dirijam a mim como “querida”, “linda”, “princesa”, “meu bem”. Sinto ânsia de vômito.

88 – Estou fazendo ioga por ordens médicas. Morro de sono a aula inteira. Mas adoro.

89 – Aliás, ioga e pilates são minhas atividades físicas favoritas. Faria aulas todos os dias, o dia inteiro se pudesse. Sério mesmo.

90 – Apesar de falar muito, sou ótima ouvinte e estou sempre à disposição para ajudar, dar colo, opinião.

91 – O único animal de estimação que eu tive foi peixe. Todos morreram, todos. Hahahaha

92 – Nunca quebrei nada, mas já torci os dois pés e tive que engessá-los (não ao mesmo tempo, claro). E tive algumas entorses, distensões musculares e afins.

93 – Passo horas olhando o mar. Acalma mesmo, é verdade. Mas prefiro piscina.

94 – Quase todo mundo que me conhece comenta sobre o meu sorriso. É gigante mesmo.

95 – Tive uma crise de apendicite no meio de uma prova de vestibular. Saí de lá direto pro hospital e só voltei para casa sem o apêndice.

96 – Eu amo atum e sardinha. Como diria uma amiga “homem é bom, mas atum...”. Ta, eu sei que só tem graça pra mim.

97 - Quero ter 3 filhos. As alcunhas, na ordem de nascimento: Codicila Maria, Francisca Clotilde e ÉfeJóta. (hahahaha)

98 – Voltei a estudar semana passada. Até agora fui a todas as aulas.

99 – Sou espírita. Mas adoro conhecer o máximo que posso sobre várias religiões. Já fui à igreja católica, culto evangélico, terreiro de umbanda, de candomblé, xamã...

100 – Comecei a usar óculos. Segundo meu médico, é charme. Para mim, sinal dos tempos. Mas confesso que acho muito intelectual um belo par de óculos. Eu sei, eu sou ridícula.

101 – Minha MOH vive de “jogar war”. Eu a admiro muito e sinto um pouco de inveja branca por não ter tido a coragem de fazer o mesmo.

102 – Sempre tive mais amigos homens que mulheres. Isso já me causou muitos problemas e horas de choro na terapia.

103 – Conheço o Brasil quase todo, quase todo mesmo. E foi de navio que tive essa oportunidade.

104 – Sempre estou com as unhas feitas e grandes, com o anel de formatura e minhas alianças.

105 – Só estudo com uma caneta vermelha (para sublinhar o importante), uma lapiseira (para sublinhar os exemplos) e um marca-texto.

106 – Amo bolsas, sapatos/sandálias, relógios e jóias. Mas praticamente não compro (por enquanto. Hehehe)

107 – Meu número da sorte é 9.

108 – Conheci o amor da minha vida em uma festa da faculdade, que eu não ia, mas que, de última hora, fui. Era o aniversário de casamento dos meus pais e o dia em que os pais dele se separaram. Não naquele ano, não no mesmo ano.

109 – Amo música. E não tenho muito preconceitos. E infelizmente, sei bem menos do que gostaria. Mas ouço, gosto e me apaixono. E por um temp só ouço aquilo, sabe?

110 – Eu queria ser a Marisa Monte. Pronto, falei.

111 – Escrevo porque preciso, para não engasgar. A necessidade de escrever na internet está sendo discutida na terapia.

Jan 26, 2009

Um amigo anunciou que vai ser pai.

E, depois do anúncio, disse que quando a metade da idade da esposa dele der mais de 18 anos, ele troca por uma de 18 (ou duas, não sei).

Eu, boquiaberta. Não tinha espelho por perto, então não sei exatamente qual foi a minha expressão com tamanha asneira, mas certamente não foi boa, porque ele passou a explicar:

"Ora, meu pai é casado com uma de 23 e eu tenho um irmão de 2; meu avô casou com uma de 19; meu bisavô se juntou com a empregada, de 22. Eu tenho a obrigação de manter o bom nome da família, né?"

É, né?

Jan 21, 2009

- Eu não vou passar muito tempo lá não, vou querer alugar um apartamento mesmo, meu.
- Sei...
- É que mesmo com carro, é longe e eu tenho um monte de coisas para resolver por aqui, fica mais perto e é mais prático mesmo.
- unhum
- Só que eu alugar um apartamento para morar sozinho não tem a menor graça, mas para poder dormir abraçado com você o resto da minha vida é a melhor coisa.

[suspiros infinitos]

Jan 20, 2009

Sabe de uma coisa?

Desisto.

Mas lembre-se que o mundo dá muitas voltas.

[chorando muito]

Jan 15, 2009

Eu não o conheço, mas me pego ansiosa para encontrá-lo todos os dias pela manhã cedo, quando estou correndo.
E todo dia é a mesma coisa. Nós nos aproximamos, eu, sozinha, ele, com o filho que é quase tão velho quanto ele. Ele sorri e me cumprimenta. Eu sorrio de volta. No exato instante em que estamos nos cruzando, ele diz "bom dia, moça bonita". E eu sorrio, vermelha e dou um tchauzinho.
Todos os dias são assim. Todos.
Até que um dia, não sei como, eu estava correndo e conseguindo acompanhar o ritmo do Namorido. Ele se aproxima com o filho, eu, com Namorido. Ele me olha, tenta sorrir e não consegue. Eu olho, sorrio mesmo assim e no exato instante em que nos cruzamos, eu já estou vermelha e sorrindo de novo. Mas não ouço nada.
Ahn?Como assim ele não falou comigo hoje?Por que ele fez isso?Ele não sabe como alegra o meu dia ao me cumprimentar? Ele não sabe que eu ando precisando urgentemente ter certeza que ainda existem, sim, pessoas educadas neste mundo? E que o "bom dia, moça bonita" diário dele, muitas vezes é o que me faz suportar mais um dia?
Decidido. Nunca mais acompanho Namorido na corrida. Nunca mais.

Gentilezas

O casal entrou no carro, ele a elogiou. Ela sorriu, feliz. Chegaram ao destino e, porque chovia e ele não queria que ela se molhasse, pediu que esperasse, pegou um guarda-chuva e foi abrir a porta para ela. Quase instantaneamente ela soltou um "oooooowwww". ´Daí começaram uma discussão sobre gentileza:

- Não faz mais isso, por favor.
- Isso o quê?
- "oooooowww". Parece que eu nunca faço uma gentileza para você.

[pensou que ele quase não fazia, mas resolveu que era melhor não expressar esse pensamento]

- Você faz, querido (an-han). Mas eu fico feliz todas as vezes que você faz.
- Você não entende que fazendo isso você está me cobrando? Me faz parecer um grosso que não faz nada por você e te deixa jogada?
- Ahn? Não, não é nada disso. Você é gentil, não quero que você se sinta cobrado, muito pelo contrário. É uma forma, até de demonstrar que eu gostei da gentileza.
- Gentileza a gente faz porque tem um resultado.
-Claro que não. Gentileza a gente faz pelo prazer de fazer algo por alguém, sem esperar receber nada em troca, simplesmente porque é gentil.
- Você está insinuando que eu não sou gentil??

[ai meu Deus...]

A dor vinha represada há dias, a mulher desejava apenas que não vazasse em hora imprópria, mas que controle poderia ter? Estava dirigindo rumo ao supermercado, quando uma música escapou do rádio para devorá-la inteira, e então, às dez e vinte de uma manhã de sexta-feira, numa rua bastante movimentada, ela começou a chorar.

Buscou os óculos na bolsa, mas não desligou o rádio, pois já não havia remédio, agora que desaguava. Os pensamentos aproveitaram a correnteza e invadiram o cérebro, cristalinos. Todas as verdades emergiram juntas: já que não havia mais como parar o sofrimento, ao menos seria prudente estacionar o carro. Procurou uma rua calma, encostou no meio-fio, mas havia pessoas na calçada. Arrancou. Em outra rua, estacionou diante de um prédio, mas logo viu o porteiro levantando do banquinho e se aproximando, quem é essa estranha a esta hora? Foi embora.

Deslizou por avenidas que exigiam mais velocidade, mas não conseguia ultrapassar os quarenta quilômetros por hora, impossível ir rápido para lugar nenhum. Ela passeava lentamente pela tristeza que finalmente tinha vindo ao seu encontro, sem escolher o momento.

Perto do supermercado, quando já parecia que estava começando a se controlar, uma nova implosão jogou mais e mais lágrimas pra fora, precisava parar. Foi para os arredores de um coléio, mas ali não era seguro, havia muitos conhecidos.

Tentou uma pequena e abandonada alameda residencial, mas viu olhos espiando por trás das cortinas. Foi um pouco mais adiante, aprou de novo em frente a um terreno baldio, e aí foi o medo que não permitiu que ficasse, era só o que faltava ser vítima de alguma outra violência, já lhe bastava o assalto dessa emoção que não cessava.

O ray-ban apoiado no nariz vermelho tentava esconder a pele úmida. Que ninguém alinhe o carro ao lado do meu neste sinal fechado, ela pensava enquanto pensava também em como estava vivendo a vida errada, a vida de outra pessoa que não era ela. Por onde começar a procurar aquela outra que havia sido um dia? Não se dava conta de que era exatamente o que acontecia, o tumultuado encontro dela com ela mesma a lhe atropelar por dentro.

Diminuiu o ritmo perto de uma igreja, mas havia uma parada de ônibus, impossível deter-se ali. Encostou diante de outro prédio, mas já havia morado naquela rua. Na frente do parque, não. Alguém viria cumprimentar, sempre há alguém que lembra de você de algum lugar.

Não conseguindo estacionar o carro, foi obrigada a estancar o choro. Limpou o rosto com um lenço de papel que encontrou no porta-luvas, olhou pelo retrovisor para ver se a aparência denunciava sua situação, e resolveu que dava para enfrentar a vida, bastava não tirar o ray-ban da cara.

Chegando ao supermercado, pegou um carrinho de compras e consultou a lista que a empregada lhe dera. Farinha. Carne de segunda. Azeite. papel higiênico. Cebola. A mulher que ela não era assumira de novo o comando.

[Texto de Martha Medeiros, publicado em 23 de abril de 2006.]

Tenho muito, muito a escrever hoje.
Mas preciso fazer uns tais relatórios antes.
Acho que vou postar uns 6 textos hoje.
Todos um lixo, claro.
Mas preciso falar...fazer o quê?

Jan 9, 2009

Fazia um certo tempo que isso não acontecia e talvez, por isso, ela sofreu mais. Foi como se tivessem percebido que ela "baixou a guarda", relaxou, deixou de ter medo. Bastou isso para que voltasse. E voltou com força, batendo, machucando, ferindo; ela não conseguiu conter as lágrimas - ela quase desitratou de tanto chorar.

Seu olhar estava sem brilho, sem cor, sem força, sem energia. Seus olhos, vermelhos. Seu rosto, pálido.

Ela entrou e decidiu que seria melhor não cumprimentar ninguém. Para evitar a fadiga, você sabe. Ela sentiu que era observada, mas fingiu não perceber. Não tinha forças, literalmente, para olhar para ninguém, muito menos dar explicações ou, pior, inventar desculpas para aquele choro, aquele humor. E ninguém ali a conhecia mesmo.

Sentou-se e pensou. E antes disso, voltou a chorar. Comedida, claro. Afinal...E tomou remédios e falou com a melhor amiga; nada adiantou. Ela estava emocionalmente fragilizada, fraca e destruída.

Foi dormir assim, com a leve esperança de, em um novo dia, acordar melhor.

Não acordou.

Jan 6, 2009

Acontece que, confesso envergonhada, não estou conseguindo escrever. Poder-se-ia dizer bloqueio de escritor até, se escritor eu fosse. Mas não. Esses simples textos que aqui exponho mal podem ser chamados textos; que dirá contos, crônicas. hahaha
E eu tenho tanto a dizer, hoje. Dizer para você, que me mandou aquela mensagem, no segundo dia deste ano, que eu chorei quando a li. E tive pesadelos com você. E não tenho vergonha de dizer que chorei, porque chorei mesmo. Senti a dor do ponto final. Sabe o que é ridiculamente engraçado? O modo como você conduziu todo, até conseguir inverter a situação e passar, mais uma vez e como sempre, à vítima. O tempo cura tudo, claro. E você deixou claro que quer deixar única e exclusivamente a cargo do tempo - o que, entendi, que você não fará o menor esforço para que nada aconteça. Resta-me a resignação.
Dizer para você que você é cheia de idéias, histórias e muito criativa. Que não precisa ficar imitando os outros, copiando os modos e trejeitos de ninguém. Você é capaz de muita coisa e muito mais. Por que você não percebe isso? Por que você é tão insegura? Gosto de você, mas gosto mais de mim. E não suporto mais isso. Estou chateada, muito.
Quero aproveitar e dizer também para você você mesmo que tanto reclama de tudo. Você está um saco! Não sei como alguém consegue viver com você. Pronto, falei. Na verdade, sei. Ninguém convive mais com você. Tá, ninguém é exagero, mas quase ninguém. Eu convivo. Mas você está chato. Muito. Hoje de manhã, todas aquelas reclamações sobre tudo no mundo, sobre todos no mundo, me fez desejar sumir um tempo; só para não ter que ouvir mais suas reclamações. E penso, com medo, se algum dia, mesmo quando você tiver atingido o seu principal objetivo do momento, você irá se tornar uma pessoa mais agradável, menos Dom Casmurro.
E já que estou falando, uma mensagem para esse monte de gente que me cerca nesse exato instante: ninguém aqui é mais criança, pessoal. Que babaquice é essa? Meu Deus! Tanta infantilidade me cansa, me consome e me irrita. Eu não tenho mais poder que vocês. Eu não tenho poder de decisão sobre a vida de vocês. Eu não tenho nada a ver com as decisões que foram tomadas. Cresçam! Não estou preocupada com o que vocês estão pensando e se vão voltar a falar comigo, me cumprimentar; não preciso disso, realmente. Mas vocês precisam, com urgência, agir como os adultos que são.
Por último, e não menos importante: pelo amor de Deus!!!!Quando é que você vai entender que ter o número não significa que eu vou ter os "benefícios" que preciso?? É o único motivo pelo qual preciso disso; preciso assinar muitas coisas e preciso assinar muitas outras, sem impedimentos de qualquer ordem. Se há impedimento, há impedimento. Se eu não posso assinar nada sozinha, é o mesmo que não poder assinar. Logo, não vai contar o tempo que preciso. E aí, não vai adiantar nada para mim. Sendo assim, terei que me despedir.
Arrivederci!

Jan 3, 2009

Orkut

Tenho o prazer de anunciar a vocês que, a partir de hoje, este blog ganhou um perfil no orkut!

Vocês são todos, sem exceção, muito bem-vindos! Espero, sinceramente, encontrá-los todos lá!

Beijos e um feliz 2009 a todos!

http://www.orkut.com.br/Main#Profile.aspx?uid=1470708032318454847

Acessem e me adicionem, ok? Não consegui encontrar vocês por lá!

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