Nov 17, 2006

Pois é...

Pois é, não deu.
Tanto barulho por nada.
E você nem veio para cá, porque eu não podia "perder" 3 dias e noites inteiras com você...bem que eu mereci ouvir o que eu ouvi.
E nessas horas eu me pergunto cadê você, hein?Porque eu queria, hoje, passar a tarde no cinema, depois ir em casa, dormir um pouco e sair de novo. Sair e rir e dançar até os pés doerem. Mas você não está aqui e eu não tenho mais ninguém com quem sair. Triste, isso. Vai ver a culpa é minha, como dizem.
E eu, que há muito não entregava realmente algo a Deus, entreguei. E quando eu soube da possibilidade de isso acontecer, confesso que fiquei...aliviada.Não feliz, mas aliviada. Afinal, não era culpa minha.
E por que eu estou triste, então?
Merda.

Nov 9, 2006

Como é que pode?Nunca pensei que você fosse me decepcionar, nunca!Eu já sou tão conformada em relação a tanta coisa, mas você, justo você?
Você não sabe como eu passo o tempo suspirando quando te vejo e quando olho nos teus olhos...são iguais aos de um ex-futuro-alguma-coisa....
E eu amo o seu jeitinho nerd de ser, seu jeito de falar, de andar, de mexer as mãos...É, eu sei, sou louca. Eu nunca disse que não era!
Aí, espero por tanto tempo esse momento, ansiosa. E finalmente, vejo que ele virá justo hoje, no meu aniversário. Mas não vem. Melhor dizendo, vem, mas não como deveria ser.
Foi uma decepção total, uma monotonia, uma coisa sem graça e banal.
Mostre ao que veio, pelamordi!
Eu sei que você pode mais!

De qualquer forma, já estava pronta e minha amiga vale muito mais que isso, vale muito mais que você ou qualquer outro. Você não vale minhas lágrimas, minha preocupação;você não vale sequer...nem sei, de tão "nada" que você vale.Mas como eu queria que valesse.

Fui, chorando, pensando e repensando. Chego, falo com todo mundo, fico meio só...afinal, eu era e entrusa, a que não faz medicina (mas como?por quê?óóóóóóó!!!!)

Aos poucos, fui conversando com um e com outro, mandei uma msg ali, tomei uma tequila aqui...tava toooooodo mundo amigo!

Saldo da noite: um clínico geral, um cirurgião plástico (opa!) e um engenheiro (químico ou elétrico, não lembro - q virou meu melhor amigo pra sempre, pq tb era intruso!aeeeeeeee!!!!) disputando quem paga a conta pra mim!

Gostoso demais se sentir desejada, vou nem mentir. E sabe o quê mais?Por algumas horas, nem pensei em você!Sim, esse foi o saldo maior e melhor da noite: não lembrar sequer que você existia, enquanto me divertia com novos futuros amigos!

Como é que eu, logo eu, pude esquecer uma coisa dessas?
É, e a profecia se cumpriu!Tva bom demais pra ser verdade...
Um pouquinho depois de atualizar contando como o dia estava feliz, percebo que era tudo mentira, que não tava nada feliz nem no lugar certo...
E me dei conta, graças a você, como estou perdendo meu tempo...como é que eu posso permitir que façam isso comigo?Como é que eu posso ser tão fraca?
É por isso, não, é?É por isso que nunca dá certo, nunca flui como deveria.
Eu sou uma ridícula mesmo, babaca até. Exatamente como você disse.







E peguei o carro e saí por aí, chorando. Cena de novla, ridículo...mas tinha outra opção?e desisti de um monte de coisas, mas depois voltei atrás.
E aí, chega você - é, você mesmo - e simplesmente, ao seu jeito, me prova e me confirma que tudo o que eu tinha pensado nas últimas 4h é a mais pura verdade...
Merda.

Nov 8, 2006

o dia está sendo (ainda são 17 :20h) muuuuuuito feliz e pelos motivos mais simples que a vida pode nos oferecer!

1) acordei com a notícia do nascimento do meu primeiro sobrinho;
2) recebi uma mensagem de uma das minhas melhores amigas dizendo que ela era a mais nova residente do HU!!!
(momento pausa dramática para reflexão: ela estava no mesmo esquema que eu, apenas assistindo às aulas e passou na primeira fase.Quando eu soube, disse que eu tinha que passar também; agora, ela foi aprovada na 2a e última. Ou seja, eu VOU TER QUE passar também!Ai, meu Deus!!!!!Não sei mais se estou tão feliz assim...)
3) recebi uma outra mensagem, "lembrando" que amanhã é dia de comer torta de morango;
4) recebi um convite de jantar no melhor estilo lanche, com direito a presente! :) ;
5) me dei de presente, por via das dúvidas, vááááárias roupas - não se preocupem, nunca é o bastante, continuo aceitando!!!
6) descobri que ainda há esperança: o solteiro mais convicto de todos os tempos está namorando sério e o namorado mais enrolão ficou noivo E marcou a data!
7) você olhou para mim e perguntou se não tínhamos ou se você não tinha nenhum plano para amanhã.Pode ter sido força do hábito, mas prefiro interpretar ao meu modo (suspiros);
8) verei a minha grande amiga e mais nova residente completamente embriagada, o que é sempre um prazer, principalmente se ela implicar com os pirulitos novamente!

é...se acontecer mais alguma coisa, prometo que aviso!Mas por hoje, já foi alegria mais do que suficiente!

Nov 6, 2006

Em 15 dias, menos 2kg.
Menos gordura e mais massa muscular!
Perfeito!
:)

Nov 3, 2006

Simples assim!

14:00 (tóimoimoim) - você tem 1 mensagem nova

"Tá fazendo algo ou tu quer ir no shopping comigo atrás de vestido?"

(susto, pelo inesperado do remetente, pelo inesperado do convite...do texto, enfim.)

Respondo.
E vamos, simples assim!
Tarde muuuuito feliz.

Reflexão: as coisas são tão simples...por que a gente tem que complicar tudo e deixar de ser feliz por tão pouco?

Sep 27, 2006

Ô ironia...

Você passa horas do seu dia, aliás, horas e horas do mês e do ano inteiro, perfeita.

Salto alto, mesmo com todos os dedos espremidos; roupa no lugar, postura alinhada, sorriso no rosto, batom impecável. Cabelos domados e perfeitos - dentro dos padrões de perfeição de cabelos cacheados, no meu caso.

E espera sempre encontrar alguém nesses momentos. E acaba encontrando, realmente. Mas no fundo, bem lá no seu íntimo, você torce para encontrar ele. Não digo nem um ex, que nem sempre traz boas recordações...mas ele - um paquera que simplesmente sumiu do mapa, do nada.

Ele, que marcou e remarcou alguns vários encontros; ele, que estava indo ao seu encontro, quase lá e, de repente, "o pneu do carro furou" - tadinho; ele, que te chamou pra sair e, na última hora, apareceu um imprevisto e ele ficou sem carro; ele, que não podia sair na noite anterior porque no dia seguinte ia ter almoço de família e ele tinha que ajudar com umas coisas em casa e que, pasmem, no dia seguinte, justo na hora do almoço, vocês se encontram na praia - tadinho de novo, não sabe mais nem onde enfiar a cara de tanta desculpa esfarrapada.

Mas você nem liga...afinal, ele realmente não representa nada demais pra você. Você se sente quase que "um homenzinho", por não ligar, por não fazer diferença se ele apareceu ou não, porque a noite não dependia dele de forma alguma, seria um plus, um extra pra você aproveitar e se divertir um pouquinho mais. Afinal, beijo na boca nunca matou ninguém, não é mesmo?

Aí, você encontra ele, completamente por acaso. Justamente quando?Na única e pior hora possível que alguém poderia imaginar: voltando da academia, suada, vermelha, cara de cansada, destruída, meio pálida - porque ficou meio tonta nos últimos exercícios - e o pior: de blusão, daqueles imensos e folgadões porque 1)você não gosta de ficar expondo seu corpo por aí, já que vai andando para a academia; 2)você não está depilada.

E ele, como está?Indo para a academia, também. Mas, ao contrário de você, tinha acabado de tomar banho, estava cheirosíssimo, todo arrumadinho, nem parecia que ia malhar.

Merda!

-blablablablablabla
-eitaaaaaa!e aí?
-aí...mimimimimimimi
-bufo!se garantiu!q mais?
-aí...fudeu. eu tive certeza. Que eu faço agora, M.?
-não faz nada. nada. num foi o que ele pediu?
-foi.
-então, não faz. se mata, mas não faz. nem a pau.
-não dá idéia...
-se mata, mas não fala sobre isso.se mata, mas não fala.

Tinha que ser tu, toda dando idéias.

Agora, eu digo: pensa, mas não fala!!!!

Sep 23, 2006

Ele compra uma coca light na sorveteria. Daí pede um copo com gelo.

- A gente não trabalhamos com gelo, moço. (SIC)
- ?!?!?!
- é, pois é.

Não deu outra: caímos na gargalhada por horas a fio!O cúmulo do paradoxo.

Sep 20, 2006

MR. MORGAN
(continuing)
Alright. Anyone brave enough to read theirs aloud?

No one moves. Then Kat slowly raises her hand.

KAT
I will.

Patrick looks up.

MR. MORGAN
(anticipating the worst)
Lord. Here we go.

Kat stands and walks to face the class. She clears her throat before reading from her notebook.

KAT
I hate the way you talk to me
And the way you cut your hair
I hate the way you drive my car
I hate it when you stare
I hate your big dumb combat boots
And the way you read my mind
I hate you so much it makes me sick
It even makes me rhyme

(She pauses, then continues...)
I hate it...
I hate the way you're always right
I hate it when you lie
hate it when you make me laugh
Even worse when you make me cry
(She begins to cry as she continues to read.)

I hate it when you're not around
And the fact that you didn't call
But mostly I hate the way I don't hate you
Not even close
Not even a little bit
Not even at all

Será que você me entende agora? É maior que eu, está fora do meu controle e é, sim, incondicional. Mas eu prometi e não vou fugir; não dessa vez.

Amo você.

Sep 11, 2006

...

Por que você faz isso?

Por que você sempre faz isso?

Melhor: por que você faz isso e por que agora?

Achou mesmo que, depois de tanto tempo de convivência, eu não fosse, de cara, saber quem era?

Achou mesmo?

Acho que não, acho que, na verdade, era isso o que você queria: que eu soubesse.

Mas...por que você faz esse tipo de reaproximação? Por que você agiu da maneira que agiu, exatamente o oposto do que combinamos, sendo até mesmo estúpido comigo e agora vem com essa, mostrando interesse, mostrando principalmente que está me acompanhando, sim.

Daí eu posso inferir que você ainda se preocupa. Que em algum lugar dentro de você ainda existe aquela pessoa que eu conheci, aquela pessoa que foi minha amiga para todas as horas, aquela pessoa que combinou comigo que iríamos continuar amigos 'no matter what'.

Mas essa pessoa sumiu por tanto tempo, que agora me confunde. Por que assim? Por que não da forma tradicional? Eu dei abertura, sei que dei. Se não o fiz com mais veemência, foi por medo de você interpretar errado. Porque fiquei sabendo que você andou interpretando tudo errado. E me magoei.

Não era pra ter sido assim, não era. Eu tô aqui, sabia? Você sabe, não sei porquê fico me repetindo. Tanto sabe que aqui está a prova, não é mesmo?

Venha, se aproxime. Se é isso o que você quer, pode se aproximar. Eu não mordo. Mas não se aproxima por peso na consciência ou coisa parecida. Se aproxima porque quer, por tudo o que passamos, por tudo o que vivemos...enfim...pelos motivos que te levaram a essa reaproximação - ou você acha que isso não foi uma reaproximação?

De qualquer forma, para mim foi. E repito: estou aqui. Mas não se aproxime só para bagunçar, só para massagear o ego, só para dar uma de bonzinho, amigo legal e camarada.

Ou vem para cumprirmos aquilo que prometemos ou não vem. E não se iluda: eu sempre vou saber quando for você. Não, nem precisava dizer isso; você sabe.

A minha vontade agora, nesse exato instante, era te mandar um email, daqueles bem grandes, falando e falando e falando tudo o que eu acho que você precisa 'ouvir'. Tudo o que eu estou com vontade de dizer e não posso, simplesmente porque não fazemos mais parte da vida um do outro; não cabe a mim. Mandar um email contando tudo o que se passou nesse tempo, tudo o que anda se passando, todos os planos - sim, eu faço planos agora. Mas não vou fazê-lo, porque soube que você interpreta isso da pior maneira possível. Palavras de quem me falou "ela não me deixa em paz, fica perturbando minha vida, meu namoro". Tudo errado, tudo errado. No fundo, você sabe. E, especialmente por isso, mas não só, não te mandarei nenhum email. Não te chamarei para conversar nem nada do tipo. O que não significa que negarei um pedido seu, seja para o que for: conversar, dar uma volta, simplesmente te ouvir ou até mesmo, contar para você, que supostamente estaria interessado, como estou.

Agora é tudo ou nada.

Combinado?

Acordo com aquele embrulho no estômago, aquela ânsia de vômito que só a sua lembrança já basta para me causar...e assim fico, até dar a hora de eu ir resolver as milhões de coisas que eu tinha pra resolver hoje de manhã.

Entro no carro, cada vez mais nervosa, cada vez mais enjoada e, de repente, Chico diz, baixinho, no meu ouvido, só pra mim, só pra eu me acalmar:

"Não se afobe não, que nada é pra já...o amor não tem pressa, ele sabe esperar..."

Chico me mata, sempre. Vai em cima...

Na cara, C.L., na cara! Vê se aprende agora...

Sep 8, 2006

É que ontem foi um dia ruim: ressaca, sono e tristeza. Definitivamente, não é das melhores combinações.

E me segurei o dia todo, me segurei mesmo, porque é só o que faço agora: fico me segurando, tentando de todas as formas não desmoronar. Mas ontem, desmoronei. Ainda bem que você não viu, porque você se preocupa demais.

Chorei por todas as dores do mundo, chorei por mim e por você. Chorei pela nossa amizade...chorei porque acho que ela não existe mais e sei que tentei fazer de tudo para que ela continuasse existindo. Talvez seja melhor assim, ele diz. Talvez.

Mas eu odeio isso, de qualquer forma. Odeio. Nos separamos e acabamos criando um problema ainda maior que nossa separação, porque outras pessoas também estão sofrendo com isso e não sabem como agir. Eu, pelo menos, não saberia.

E eu fiquei como a bruxa da história. Fui eu quem me afastei, fui eu quem não quis nada, vocês podem dizer. Será que foi assim mesmo? Me afastei?Sim. Mas será que foi simplesmente porque eu não queria mais estar com vocês? Acho que a resposta é um tanto quanto óbvia.

Dói, como dói. Mesmo eu já tendo dito que lavei minhas mãos, sinto falta, não posso mentir. Sinto sua falta demais, mesmo tendo ouvido muitas coisas ruins, muitas opiniões que nunca antes havia chegado aos meus ouvidos.

Tento não pensar nisso tudo, porque já tenho coisa demais (ou de menos) na minha cabeça e isso me faz sofrer muito. Perder tua amizade foi, está sendo e sei que será doloroso ao extremo por muito tempo.

Mas sei que você está mais feliz assim. Sei que você está mais leve ou algo assim. E não quero te atrapalhar de forma alguma, principalmente no que se refere à sua felicidade.

Saudades. Te amo. E continuo aqui.

Sep 5, 2006

Faz 1 ano.

Não é precisa essa data, até porque quando tudo começou a acontecer, eu não sabia o que era ainda. Mas fica, então, a partir de hoje, estabelecido que hoje faz 1 ano, simplesmente porque hoje estou com vontade de escrever sobre isso.

É como se meu ano estivesse terminando agora, e talvez por isso eu ande pensando tanto nas minhas atitudes e nas atitudes dos outros nos últimos tempos. Como a gente faz no fim do ano, sabe? E o meu tá terminando agora, assim espero. Ao menos o ano que se refere à essa época de minha vida.

Estou aniversariando, como diria um certo amigo meu. E vejo que não fiz muita coisa. O ano foi difícil, de vacas magras, se eu estivesse me referindo à economia do país ou
à minha situação econômica (que também não anda lá essas coisas todas!). Um ano se passou e nada.

Não estudei, passei a detestar ainda mais o meu curso, entrei em crise existencial sobre o que fazer da minha vida, terminei um namoro que até hoje não entendo porquê começou, porquê terminou e porquê ainda sinto tudo o que eu sinto. Nem sei definir o que é, de tanto tempo que faz.

Não conheci ninguém que me fizesse cair de amores, à exceção de você, que poderia ser uma boa opção, não fosse tão confuso - ao que parece, sou a pessoa certa, na hora errada. Veremos.

Não amei nada intensamente, que me fizesse perder noites de sono, que fosse o grande sonho da minha vida, que se eu perdesse, me fizesse sentir um nada.

Aliás, foi assim que passei grande parte deste meu ano. Sentindo-me um nada. Não tinha forças nem para me levantar, quanto mais para pensar em algo. Nem no dia de amanhã. Nem no dia de hoje.

A minha auto-estima (que auto-estima?) desapareceu por completo. Se já era pouca... viajei, é verdade. Fiz grandes amigos. Creio que alguns deles vou levar pra vida toda. Reatei laços e revi certos conceitos que tinha criado, ou melhor dizendo, dogmatizado (se é que existe essa palavra).

Passei a enxergar muita coisa que não enxergava antes. E a questionar também. Eu simplesmente aceitava muita coisa, muitas delas só me faziam mal e eu apenas aceitava, como se fizesse parte, como se, para que fosse verdadeiro, tivesse que ser assim.

E não é. Me esforcei tanto por tantas coisas, pessoas, amizades e só agora vejo que muito disso não valeu nem vale a pena. Tanto esforço em vão. Tirei forças sabe Deus de onde para fazer isso, mas amizade, para mim, é sagrada. Duas pessoas foram suficientes para quase me destruir. Noites e noites em claro, não apenas por conta da insônia, mas pensando onde foi que eu errei, o que poderia fazer para ajeitar e fazer com que tudo voltasse a ser como era antes.

Tentei. Deus é testemunha. E algumas pessoas também. Mas como já disse, até para isso temos limites. Vocês dois sabem: estou aqui, aberta, disposta a conversas, reaproximações...mas não vou mais ficar quase que implorando por conversas que não virão, ainda que eu tenha insistido. Principalmente aquelas que são interpretadas como se fosse uma tentativa de voltar. Acho que não preciso dizer mais nada, não é?

É uma pena. Entreguei os pontos dia 15 de agosto. Não suportava mais. E desde então, apesar de ainda sentir muita falta, de ainda querer resolver tudo, sinto-me mais aliviada e não vou mais mover uma palha para reestabelecer tudo.

Amigos que surgiram do céu. É uma palavra forte, realmente, falar de você como meu amigo. Mas você me deu muita força, você se abriu comigo sobre coisas que eu, provavelmente, não falaria jamais. Você deve ser sensitivo, porque sempre surge quando eu mais preciso.

Os amigos que fiz na terrinha...e os que reencontrei. Fantásticos. De início, imaginei que seria algo passageiro. Mas, a cada dia, tenho mais certeza que vieram pra ficar. E vocês me deram força pra continuar, mesmo sem saber.

Amigos daqui, os da faculdade principalmente. Excepcionais. Senti falta. Muita. Me afastei, todos se afastaram e me senti ainda mais só. Principalmente quando, sem querer, comparava com os da terrinha. Me sentia muito mais amada e querida por eles do que por vocês. Mas agora consigo ver as coisas com mais clareza, ainda bem. Era algo circunstancial, todo mundo muito ocupado. Mas os que vieram pra ficar, os que eu considero meus amigos, tenho certeza que serei a tia dos filhos deles, assim como eles serão os tios e tias dos meus.

Amigos do colégio. Esses, sim. Cada vez mais distantes, fazem uma falta tão grande, mas tão grande que não consigo expressar em palavras a saudade enorme que toma conta de mim só de lembrar dos momentos que passamos juntos. E não dói. Sei, como sei que o sol vai nascer amanhã, independente do meu humor, das minhas forças, que eles estão ali. Pro que eu precisar. Especialmente os do sub e mais uns 3 ou 4...talvez 5.

Amigos novos, aqui mesmo. Provavelmente precipitado chamá-los de amigos. Mas são eles que estão ao meu lado. E estão me fazendo sorrir e estão me fazendo, mesmo que superficialmente, muito bem.

E tem você. O mais especial de todos. O que sabe exatamente o motivo do aniversário, o que sabe e compreende tudo por que passei e estou passando. O que não me abandonou em um momento sequer, desde que nos reaproximamos. O que passou noites em claro ao meu lado; o que me fez rezar novamente; o que me ajudou a reencontrar a minha espiritualidade; o que me acolhe a qualquer hora do dia ou da noite; o que me aguenta todos os dias. Te amo demais, de uma forma quase que transcedental. É lindo o que sinto por você. E só tenho a te agradecer, eternamente. Aqui e em outras vidas ou onde quer que nós estejamos. Sei que não é à toa. Obrigada, mil vezes obrigada.

Por último, e os mais importantes: minha família. Foram eles que enfrentaram esse ano comigo; ainda estão enfrentando, porque o ano está completando aniversário, mas ainda não acabou, se é que vocês me entendem. E é porque amo demais vocês, que desconto tudo em vocês. Perdoem-me, não sei o que faço, na grande maioria das vezes. Obrigada pelo apoio, carinho, amor, atenção, noites em claro, o tempo e o dinheiro que vocês estão gastando comigo simplesmente porque eu sou fraca. Porque eu estou completamente perdida. Porque eu não sei o que fazer da minha vida e não estou nem um pouco feliz com ela.

Estou tentando. Comprei tudo o que precisava para voltar ao normal, voltar ao lugar de onde nunca deveria ter saído; mas tem sido difícil e sei que estou fazendo isso mais para deixar de ser um peso na vida de vocês do que porque eu realmente quero. Não quero mais viver assim, dando trabalho, deixando vocês preocupados. Quero ao menos deixar de dar prejuízo. Quero ter forças para conseguir isso e esse é meu estímulo: não ser mais um fardo, um peso, um prejuízo...tanto investimento ao longo de todos esses anos escorrendo pelo esgoto. Desculpem-me, por favor. Não sei quantas vezes o pedidos de desculpas se tornará suficiente para tudo o que eu fiz - ou melhor, não fiz.

1 ano.

1 ano parado e perdido da minha vida.

Obrigada a todos vocês. Infinitamente, obrigada.

Ando fazendo, de uma semana pra cá, um balanço na minha vida, nem sei direito o porquê. Vai ver que é porque agora eu consigo pensar de novo; não com a clareza de outrora...ainda.

Sempre fui muito ansiosa e angustiada; mais ansiosa que angustiada. Quero tudo pra ontem, quero tudo resolvido assim, na hora, no exato instante. Não quero rodeios, joguinhos, enrolações. Quero certezas, clareza, firmeza.

E eu trabalho, ou pelo menos tento trabalhar isso em mim já há algum tempo, mas é difícil. Muito. Principalmente depois que eu aprendi a não fazer joguinhos.

Sabe aquela coisa de ficar enrolando, não dizer o que quer, fazer que quer e se afastar, olhar e desviar? Pois sim. Aprendi há dois anos que isso é tempo - precioso - perdido. Se você quer estar com alguém, por que ficar enrolando? Você acha que isso atrai, vai deixar a pessoa ainda mais interessada por você? Se sim, meus queridos, vocês estão completamente enganados.

Se você está interessado em alguém, mesmo que não tenha certeza se é recíproco, acha mesmo que fazer joguinhos irá melhorar sua situação? Eu, particularmente, acho que é pura perda de tempo. Adiar só vai te fazer sofrer mais. Se a resposta for positiva, você vai lembrar que já podia estar curtindo há algum tempo; se for negativa, pior: você passou dias e noites pensando em como fazer para conquistar aquela pessoa para absolutamente nada.

Aí agora você me pergunta: quer dizer que é assim?chega e priu? Não, claro que não. O jogo da paquera é ótimo, gostoso e saudável. Mas tem limites, como tudo na vida. Quem é que não gosta de ficar esperando AQUELE telefonema ou uma mensagem? Por mais ansiosos que fiquemos, é gostoso, não nego. Mas viver sob essa tensão é uma verdadeira droga. "Será que ele vai ligar? Será que vamos nos ver?Será?Será?Será?"

NÃO!Pelo amor de Deus.

Eu, pelo menos, não aguento. E nem acho saudável "ir levando" por muito tempo, sem que haja certezas. Uma coisa é não começar o relacionamento, ir se conhecendo melhor, devagarinho, aos poucos, o bom e velho "pra quê tanta pressa?"...outra completamente diferente é não saber onde está pisando e viver aflita, angustiada, ansiosa e pisando em ovos, quase que literalmente.

Mas que sou eu para ficar falando essas coisas? Eu não sei é de nada....e cada vez menos.

Só sei que cansei. E se quiser, imponha-se e mostre a que veio. E ponto final.

Sep 3, 2006

e como diria Balzac:

"lá se vai outro relacionamento..."

Sep 2, 2006

DESCRIÇÃO DE UMA COMUNIDADE DO ORKUT.
OBRIGADA, MEU GRANDE AMIGO, POR TER ME MANDADO. ERA TUDO O QUE EU ESTAVA PRECISANDO, REALMENTE.

"Você já parou p/ perceber e pensar q qd tá carente só faz merda?!?!?!
Ligar, "ficar", "dar" e "comer", entre muitas outras coisas..., quem, ou o quê, não deveria?!?!
Pois é...sabe qual é a conseqüência disto?
VAZIO, ARREPENDIMENTO, BAIXA AUTO-ESTIMA, FRUSTRAÇÃO, VONTADE DE SUMIR!!! Se sente um(a) OTÁRIO(A)!!!
SER carente é diferente de ESTAR carente...
Se definir como uma pessoa carente, com carteirinha/comunidade e tudo o mais, é muita derrota!
Não há problema algum em sentir falta de carinho e atenção. Ter momentos de carência é natural e todo os seres humanos têm.
O problema tá em cometer atitudes totalmentes desprovidas de "AMOR PRÓPRIO", CONTROLE, EDUCAÇÃO E CONSIDERAÇÃO AO PRÓXIMO e sair desesperado(a) por aí envolvendo pessoas inocentes em suas carências emocionais mal resolvidas.
Se não tem carinho das pessoas, pode ser que não esteja fazendo por merecer...reavalie suas atitudes. Conquiste o seu afeto honestamente.
Só é amado quem se ama.
Quem não se ama, não sabe amar.
Quem não é feliz não é capaz de fazer o outro feliz.
CARENTE = INFELIZ, portanto, pessoas carentes só t deixam infeliz.
Não percebem q a felicidade não tá no outro e sim dentro de si.
Não possuem auto-conhecimento: quem não se conhece não pode conhecer o outro.
Alienados...não sabem nada sobre relacionamentos e convivência. E nem tem humildade p/ querer aprender.
Se envolvem primeiro p/ depois conhecer...qd vê já estão afundados na merda!
As pessoas carentes são verdadeiros "VAMPIROS" q sugam as energias boas d quem tá em paz, feliz e procurando alguém q lhes ACRESCENTE e não q lhes DELAPIDE.
Nunca suprem suas necessidades e sugam, cada vez mais e mais, só dando em troca algo de negativo, ou seja, o seu vazio sem fim.
Ainda têm uns que sentem orgulho dessa "MENDICÂNCIA EMOCIONAL" e vivem pedindo "MIGALHAS E ESMOLAS AFETIVAS" p/ qualquer um sem critério algum. Pensam q ninguém percebe sua fraqueza...
Incautos, os carentes são presas fáceis dos "ESCROTOS(as) DE PLANTÃO" q são a pior espécie de carentes-parasitas q existem. Escrotizam geral só p/ se sentirem superiores, uma espécie de auto-afirmação, mas na verdade são dignos de pena. PRECISAM DE TERAPIA!!! URGENTE!!!
Ficam por aí "caçando sua(s) vítima(s)"...e "o q cair na rede é peixe"...ou piranho(a).
USAM pessoas e AMAM coisas. A pessoa é apenas um OBJETO/INSTRUMENTO a ser usado.
O foco de seus "desejos" não tá na pessoa. O foco tá, TÃO SOMENTE, no "PRAZER" MOMENTÂNEO e na "SATISFAÇÃO ILUDIDA" ...porque nunca conseguem mais do q isso. Falta talento e capacidade p/ conquistar e cativar as pessoas.
Enganam, muitas vezes são falsos(as). Não pensam no "Dia Seguinte". Seu castigo é fazer o q faz e continuar tudo a mesma merda. "Quem não reconhece seus erros está fadado a repeti-los para sempre"

"MINHA FILOSOFIA: ANTES SÓ DO QUE MAL ACOMPANHADO!" E "INDEPENDÊNCIA OU MORTE!!!...se me permite Dom Pedro...rs
ISTO TUDO É UMA CRÍTICA CONSTRUTIVA, NÃO TEM INTENÇÃO DE CAUSAR POLÊMICAS, APESAR DE SER UMA REFLEXÃO CORROSIVA.
CARENTES: VÃO SE TRATAR PSICOLOGIAMNTE!!! BUSQUEM O AUTO-CONHECIMENTO...LEIA MUITOS LIVROS DE AUTO-AJUDA.
Se fortaleçam antes de sairem novamente por aí fazendo merdas e atingindo pessoas com suas "BALAS PERDIDAS".
Existem muitas PESSOAS VINGATIVAS por aí...depois se fodem e não sabem porque...rs...e os carentes sempre se fodem!!! (pelo menos, muito mais do q os fortes...)
Não SEJAM fracos...mas se permitam ESTAR, por alguns momentos, fracos e inertes. O bravo e corajoso sabe cair e levantar. E se tiver q morrer, q seja em pé e lutando! "

Aug 29, 2006

" Por que você não aplica isso à sua vida, hein?"

" Não deixe de sorrir por minha causa"

" - Ele é a cara do meu ex-namorado quando era criança!
- É uma menina, é a sobrinha da Nicole"

" Uou!Ela tá pegando todo mundo!"

" Mulher é tudo adolescente!"

" Quem disse que o dinheiro não traz felicidade não sabe fazer compras!!"

" Depois que eu vi a vagina da Ana Paula Arósio..."

" - Eu assisti no horário do capuccino!
- Que horas é isso?17h?
- Não, umas 15h, eu acho..."

" Vocês desprezam porque vocês nunca foram prum show!"

" Mas eu vou tomar sozinha, feito uma louca?"


" Iuuuuuuuuuuuu...tá falando isso porque tu não tem blog!"

" Posso falar o que eu sei?" (com voz de bêbada)

" Você tem feito o "serviço" direitinho?"

- Tenha uma ótima semana!
Ela, que já estava saindo, deu meia-volta, o olhou com cara de desprezo e disse:
- Você também.

(tenha uma ótima semana meus óvulos, como diria minha filha!)

Aug 28, 2006

Back in the game

Era o primeiro encontro dela depois de nove meses. Sim, nove meses. Não que ela não tenha saído ou tenha passado esse tempo todo sozinha, se é que vocês me entendem. Mas encontro, no real sentido da palavra, com direito a telefonema, convite e horário marcado para pegá-la, era o primeiro.

E ela se viu animada com aquilo tudo, apesar dos pesares. Não que ele fosse feio, longe disso. Assim que eles se conheceram, ela o achou uma gracinha e ficou feliz quando ele pediu seu telefone e, mais ainda, quando marcou, com bastante antecedência, uma saída em grupo, o mesmo grupo que estava unido ali, no dia em que se conheceram. E foram e se divertiram e se entrosaram mais ainda. Dois dias depois, estava marcado o tal encontro.

Chegou a hora de ela se arrumar e ela entrou em crise, porque não sabia o que vestir. Queria estar linda, estonteante, radiante...e revirou e revirou o armário e, ainda assim, não encontrava nada que a agradasse.

Finalmente, sua amiga liga – a amiga responsável por eles terem se conhecido e dá a dica que ela estava precisando e ela corre para o banho.

Banho demoradíssimo, com direito a tudo de bom e do melhor, inclusive sais e esfoliante. Termina, escova os dentes, penteia os cabelos e aí começa a sessão de cremes. Passa os 15 cremes - que ela morre de preguiça de passar todos os dias – pelo corpo e fica mais do que cheirosa – a casa toda fica cheirosa. Depois, por causa de seus cabelos cacheados, inicia-se o longo e demorado processo do cuidado com os cachos: ativador, leave-in e umidificador, sempre amassando os cabelos com as mãos, para reforçar os cachinhos e deixá-los lindos, brilhantes e soltos.

Veste-se. Uma saia rodada e uma blusinha preta básica, guarda um xale na bolsa, por causa do frio, sapatilha preta. Para finalizar, brinco e colar de pérolas – a verdadeira imagem angelical.

Olhou-se no espelho e, como há muito não acontecia, se achou linda, linda mesmo. De chamar a atenção de todos que passassem, até por estar vestindo algo no melhor estilo retrô.

O telefone toca, ela atende. “Pode descer, estou chegando. Beijo”.

Corre para o banheiro, passa o perfume já anteriormente elogiado, pega a bolsa e sai.

Aug 27, 2006

Testemunhos

Porque é sempre assim: toda vez que eu TENHO QUE estudar, uma força muito maior que eu toma conta de mim e me dá uma vontade louca e desesperada de fazer as coisas que nunca faço,como arrumar meu quarto.

Abro a primeira gaveta, começo a jogar uns papéis fora e me deparo com uma agenda...de 2002. Fui ver, e nela só havia testemunhos (eu, sempre à frente da minha época...). Alguns grandes amigos, outros poucos conhecidos, outros ainda com quem eu tinha passado a maior parte do meu tempo no difícil ano de 2001, o fatídico ano do cursinho, mas isso não vem ao caso.

Logo nas primeiras folhas comecei a chorar e assim fui até o fim. As declarações, mesmo as que eu sei não serem verdadeiras, me tocaram. Fizeram-me lembrar uma C.L. que eu sei que existe em alguma lugar, que eu sei que ainda aflora algumas vezes, mas que está perdida e desnorteada e procurando se encontrar novamente.

A maioria diz coisas como "radiante", "sorriso gigante", "força dentro de si", "presença marcante", "alto-astral", "bom-humor", "contagiante"...enfim, todas essas coisas positivas que a gente escreve sobre alguém.

Mas no meu atual estado de espírito, me tocou profundamente. Eu não sou mais assim. Pelo menos, eu não consigo mais enxergar nada disso. E olha que quase todos disseram que, afora o dito acima, só conseguiram enxergar meu verdadeiro 'eu' quando conseguiram atravessar a superficialidade, a exteriorização.

Nem assim, hoje. Nem ultrapassando essas barreiras acho que alguém conseguiria me enxergar dessa forma, talvez de forma alguma. Como disse Caio, no primeiro texto daqui "ser uma face para outra pessoa que também é uma face para você".

Não, acho que não. E chorei muito. Chorei de felicidade, chorei de rir, lembrei o passado, lembrei os dias e as circunstâncias sob a qual cada um daqueles pequenos textos foram escritos e vi como me afastei de tanta gente boa e como eu não queria que isso tivesse acontecido, mas a vida é assim mesmo, não é? Vou pensar assim, para me consolar e me conformar.

Aug 25, 2006

Dúvidas...

Metido entre as páginas do Código Penal, que se abre à sua frente como o faz uma rapariga despudorada, ouve o jazz dilacerante de uma cantora negra americana, morta há dois anos. Não menos coincidência, a cantora pede ao amado que a leia, por favor.

Basta olhar de lado e vê a prateleira entupida de livros de poesia e de outras coisas. Raimundo Correia, o filósofo do Parnasianismo, está ladeado por Cassiano Ricardo e pelas vagas cinzentas de Luís de Camões. Ao fundo, por detrás de seus ombros, a cantora negra termina a canção melancólica, e ele a coloca de novo. O piano já retorna, ainda lento, ao ritmo dos dedos negros que ainda seguram o copo de uísque com gelo. A cantora termina o gole e agradece ao público pelos aplausos da música anterior. Ou talvez agradecesse ao piano.

Acima, há uma coleção completa do seu escritor favorito, cujas páginas começam a amarelar e a receber os fungos amarronzados cultivados pelo tempo e que lhe dão alergia. Vários filósofos repousam nas prateleiras acima de sua cabeça e ele, de vez em quando, ergue os olhos em direção aos livros com um olhar de súplica inconfundível.

Está ficando cada vez mais sozinho. Um livro de crônicas descansa ao pé do seu cotovelo esquerdo, cuja capa traz um homem bem-sucedido, trajando paletó negro e gravata vermelha e cujo sorriso cubista estará no noticiário da TV em algumas horas. Tendo lido algumas das crônicas do livro, sabe que o homem também já se sentiu muito solitário quando era jovem.

A cantora negra agora canta outra canção, não menos melancólica que a de antes, e a próxima faixa é a sua favorita. Fala de amor.

À sua frente, a parede branca ilumina seus pensamentos e, do seu lado direito, o controle remoto o encara, deitado sobre um livro de Olavo Bilac e um outro romance, cujo personagem principal tem apenas dezesseis anos, suporta o peso dos outros dois.

Por fim, bem na sua diagonal, à direita, uma pilha de livros técnicos o vigia conspícuos. Fazem questão de lembrá-lo de quem ele é. Ou melhor, de quem ele deve ser.

A cantora negra agora canta sua música favorita, que ainda o emociona com a mesma intensidade do dia em que ele a elegeu favorita. A cantora negra participa com ele de uma doce melancolia que habita o coração das crianças atrasadas.

Lá fora, começa a subir o silêncio burocrata da tarde baixa. Em breve, chegará a noite com seus confortos. Enquanto ela não chega, ele se lembra do cego mascando chiclete na rua e seu coração se enche de esperança. Como se seus olhos pudessem deixar de enxergar as coisas apenas por um segundo.

(Artur Malheiros Neto

Aug 11, 2006


Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que, por admiração, se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles.

Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles.

Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos!

Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros.

O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali.

Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso.

Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos.

Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham.

Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram.

Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios.

Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.

CLARICE LISPECTOR (esse sim era o que o original...)

Aug 10, 2006

Ao meu bem

Vocês pensam que não dói?

Sei que me afastei, mas a pedidos.
Sei que estou distante, mas é para não machucar ainda mais.
Sei que ando estranha, mas é por motivo de força maior.

Mas não, não precisava ser assim.
Quer viver sua vida? Vai com Deus, que de esmola eu não preciso e nem quero.
Mas, por favor, não faça isso.

Não chegue, me abrace e parta.
Não aperte, quase chorando, como se fosse o último abraço, o último encontro;
Não crie falsas expectativas de que tudo voltou ao normal.

Não fale que eu deveria passar mais tempo com você.
Como eu faria isso?
Com que cara? Não, meu caro, ainda não consigo fazer isso.

Não me venha com conversinhas do tipo "não quero que fique um clima ruim entre nós" apenas para aliviar o peso na consciência.
Para diminuir a culpa.
Para pôr fim à sensação de frustração que você sente por não conseguir fazer nada por mim.

Ninguém consegue, por que você, justo você, conseguiria?
Só depende de mim, não é mesmo?
Pois me deixe seguir meu caminho.

Deixe-me ir em paz.
Deixe-me viver minha vida, então.
E não se faça de sonso, que é ridículo.
Alguém da sua idade fazendo isso...vá lá que você não tem essa maturidade toda, mas aí também já é demais!

Chega de dizer que quer conversar, que se interessa e no dia seguinte agir como se estivesse fazendo o maior favor do mundo.
Chega.

Você diz que gosta de mim e se preocupa comigo.
Se preocupa mesmo?
Então deixa eu 'move on'. Esquece o sentimento de posse e 'move on' você também.

Se você gostasse como diz, não agiria como um babaca no dia seguinte.
Não escreveria coisas do tipo "se você quiser".
Já disse e repito: não quero nem preciso de seus favores.
Quero ao meu lado pessoas que queiram estar ao meu lado, estando eu rindo ou chorando.

Você? Você só me quer sorrindo, meu bem.
E isso, definitivamente, você nunca vai conseguir.
Nem de mim, nem de ninguém.

Aug 8, 2006

- Eu nem o conheço, mas pelo que você me passa, dá a impressão que ele tem medo dos nomes. Dos nomes que as coisas vão tomando com o tempo e a "tragédia" que isso vai acarretar pra ele.

Era algo assim:

Quando estavam juntos, era só alegria. Gargalhadas soltas e perdidas no ar, como duas crianças felizes em um dia de sol. Andavam pelas ruas, ora caminhando, ora meio correndo, ora meio pulando, tamanha felicidade. Nem sempre de mãos dadas, mas quando seus corpos se tocavam, mesmo sem querer, tudo ao redor faiscava.

Era óbvio e evidente o que havia entre os dois. Não é todo dia que se encontra algo assim. E eles decidiram, juntos, arriscar. De início, como todo início, não havia nomes, rótulos, essas coisas que a sociedade nos impõe. Mas veio naturalmente.

Ela não se abalou, mas não sabia o quanto aquilo havia mexido com ele. Estabelecer aquele nome só para demonstrar o quanto está feliz com ela? Era demais para sua cabeça e tudo começou a desmoronar.

De repente, nada mais fazia sentido para ele. Estar com ela era muita responsabilidade, por mais divertido que fosse. Ele passara a se sentir sufocado, aflito, apreensivo. Tudo por causa de um rótulo besta.

Ah, se ela soubesse...ela não fazia questão disso tudo: bastava estar com ele e ela estaria feliz. Eles eram felizes, ela sabia, ele sabia. Mas não soube como reagir ao pânico que tomou conta dele.

E assim, o que eram faíscas, tornaram-se choques, afastando-os cada vez mais.

Ah, se ele soubesse que nada disso era necessário para eles continuarem sendo felizes...se ele soubesse que ela jamais iria querer tirar sua liberdade, tê-lo só para ela; se ele soubesse que ela apenas queria participar um pouquinho mais do seu mundo. Apenas isso.

Se ele soubesse que o medo de ser sincero de ambas as partes poderia ter ajudado muito mais, se ambos tivessem sido sinceros; se ele soubesse que ela confiava nele e que não queria controlá-lo, apenas saber notícias e que ele passasse a certeza - da maneira que fosse - que aqueles momentos eram dele e que ele precisava deles e só, mas que estava tudo bem, que ela não precisava se preocupar.

Ah...se ele soubesse que ela estaria disposta a conversar sobre tudo isso, sendo sincera como talvez nunca tenha sido com ele, desde que ele também fosse, e eles resolvessem isso tudo.

Porque, apesar de tudo, apesar das diferenças, ela ainda acha que é ele.

Abstrair, aceitar e perdoar e, principalmente, move on.

Abstrair, aceitar e perdoar e, principalmente, move on.

Abstrair, aceitar e perdoar e, principalmente, move on.

Abstrair, aceitar e perdoar e, principalmente, move on.

Abstrair, aceitar e perdoar e, principalmente, move on.

Abstrair, aceitar e perdoar e, principalmente, move on.

Abstrair, aceitar e perdoar e, principalmente, move on.

Abstrair, aceitar e perdoar e, principalmente, move on.

Abstrair, aceitar e perdoar e, principalmente, move on.

Abstrair, aceitar e perdoar e, principalmente, move on.

Abstrair, aceitar e perdoar e, principalmente, move on.

Abstrair, aceitar e perdoar e, principalmente, move on.

Abstrair, aceitar e perdoar e, principalmente, move on.

[repetindo o mantra pra ver se dá certo - an-han]

PáPáPá...

Você não faz idéia; não, não faz. Não adianta você chegar para mim e dizer que se preocupa e que quer saber como eu estou e pápápá.

Você não faz idéia de como eu passei a semana inteira, aliás, meses inteiros, já cogitando a possibilidade desse encontro. Eu estava com medo, nervosa, apreensiva. Não sabia como ia reagir, mas provavelmente não iria ser a pessoa mais agradável do mundo. Se duvidasse, eu gritava a boa e velha HOSTILIDAAAAADE na tua cara.

Mas não, você foi sozinho. Que bom, que lindo gesto. Fiquei feliz, de verdade. Acredite ou não. Estava tudo relativamente bem, até você resolver vir conversar comigo.

Sabe o que eu acho agora? Que você queria uma massagem no ego, daquelas bem grandes, porque, no fim das contas, foi isso o que você recebeu. O pretexto da conversa era saber como eu estava, mas isso acabou sendo 10 % (e olha que estou otimizando) do que conversamos. Acabou caindo nos velhos assuntos de sempre.

E eu não sou louca. Estou quase lá, mas ainda não sou. Eu vi nos seus olhos o modo como você me olhou e vi que não que não era só físico, que não era pena, que não era apenas preocupação. Era mais.

Eu não sei o que acontece com você e estou para ficar louca tentando entender. Não sei, não sei.

Você não cortava as minhas diretas – é, assumo, diretas mesmo, que era pra deixar bem claro o que eu sinto – e ainda por cima as alimentava. Falou e falou sobre vocês – completamente desnecessário e totalmente fora do foco da conversa. Aliás, se você parar para pensar, era só não ter falado, ou ter falado o mínimo possível. Mas não, você tomou o cuidado de não falar os pontos positivos e, apesar de não ter falado pontos negativos em si, acabou falando de coisas estranhas sobre vocês. Pelo menos para mim é um comportamento estranho. Ainda mais nessa fase que vocês estão agora.

E eu repetia e repetia o que sentia por você e você não me cortava, simplesmente não me cortava. Por que você fez isso?Me diz.

Eu só vejo duas saídas: ou você não sabe o que quer, está confuso, etc e tal - e se for, pelo amor de Deus, me diga, porque eu não sou adivinha – ou você queria apenas massagear seu ego.

Ouvir de mim que eu ainda estou aqui. Porque por mais forte que eu tenha tentado ser, não sou de ferro. E as palavras começavam a sair da minha boca, sem controle. Ouvir que eu sinto falta, que eu sinto saudades, que você é especial e único e o melhor: que eu ainda não te esqueci.

Eu adoraria ouvir isso de alguém, você não?Não sejamos hipócritas, não é mesmo?Uma injeção no ego sempre faz bem a todos nós.

E teve a questão da posse também. Você não quer estar comigo realmente, mas também não quer ter certeza que me perdeu. Quer ter a certeza que eu ainda estou ali. E eu, besta, ainda estou. Fico puta com isso, tem outra palavra não.

Se antes eu já estava sentindo vontade/necessidade de conversar com você, imagina agora.
Você reapareceu da pior forma possível – como um furacão. Veio, falou, falou, me abraçou, jogou um monte de palavras soltas em cima de mim e foi embora, prometendo uma conversa que, acredito, não existirá.

Se o que você queria, única e exclusivamente, era garantir que vamos agir como duas pessoas maduras quando nos encontrarmos, não se preocupe. Acho que você pôde perceber que eu já consigo fazer isso, sim. E consegui sozinha. Sem a ajuda de ninguém. Não sou tão fraca quanto vocês todos imaginam. Estou apenas numa fase ruim, muito ruim.

Então, realmente, não temos mais nada a conversar: você já está com o ego massageado e tem certeza que não haverá uma louca na sua vida – uma louca que nem faz muita diferença pra você, mas que se preocupa com futuras atitudes. Don´t. Eu não vou fazer nada, como não tenho feito até agora.

Agora, se você quer conversar comigo, pura e simplesmente pelo fato de querer e gostar de conversar comigo, estou aqui. Disposta a conversar. Mas não para ser usada, não para preencher mais um buraco na sua vida. Converso o dia inteiro se você quiser. Dias e noites inteiras, certeza que não faltará assunto. Acho que você é quem teria medo de passar tanto tempo comigo. Enfim.

Só me faça um favor: veja bem o que você quer antes de, algum dia, me procurar. Se é que você ainda vai fazer isso.

Aug 4, 2006

Resignação...

Ela estava sentada, tentando apenas descansar - malditos saltos - quando começou a tocar uma certa música, uma música que ela detestava, mas de certa forma aprendera a amar, por amor a ele. E ela simplesmente não conseguiu se conter, mais uma vez: correu para o banheiro, se trancou e caiu no choro.

Ficou lá um tempão, pensando, chorando e tentando entender o motivo de aquilo ainda lhe doer tanto. "É uma merda, mesmo!", pensou.

Ouviu algumas pessoas gritarem seu nome, mas não respondeu aos chamados. Precisava chorar, precisava botar pra fora tudo aquilo que estava lhe fazendo mal naquele momento.

A questão era: por que ouvir aquela simples música ainda lhe doía tanto? Porque ela ainda o amava. Ok, talvez ela não o amasse mais realmente, tipo homem-mulher, mas ainda nutria fortes sentimentos por ele. Primeira questão resolvida, pensou.

Mas e por quê, após tanto tempo, ela ainda sentia isso tudo, meu Deus? Eles nem combinavam em nada. Eram o oposto um do outro. Isso não significava, claro, que não tivessem o que conversar.

Muito pelo contrário:nunca lhes faltou assunto. Talvez tivessem assunto até demais e se davam tão bem, mas tão bem, que nunca lhes passou pela cabeça vir a ter qualquer tipo de coisa que não amizade. E acabou que deu no que deu.

Uma coisa leva à outra e a amizade virou romance, dos mais bonitos,até. Eles passavam grande parte do tempo rindo, mas o fato de se conhecerem tão bem atrapalhou muito, por demais até. Eles se divertiam sozinhos, não precisavam de ninguém. Cheios de piadinhas internas, brincadeiras só deles, momentos únicos, gargalhadas espontâneas e infantis, lindas elas.

Mas ela era ciumenta e desconfiada - com razão, depois de tudo o que já tinha ouvido. E eles não tinham coragem de dizer tudo um pro outro, para “evitar a fadiga”, o que acabou atrapalhando também, mas certamente não foi a causa. E isso até hoje ela não entende.

Resta-lhe apenas a resignação. Porque, do contrário, ela pira. E para isso acontecer, basta um estalar de dedos, dadas as circunstâncias. Como ela ouviu um dia desses “estou à beira de um colapso nervoso”.

Sua vontade maior, sem exageros? Se isolar do mundo por uns tempos. Mas sabe que isso não vai resolver nada, apenas adiar. E ela simplesmente não aguenta mais, ela quer resolver tudo e ficar bem de novo.


Aug 3, 2006

I wish, I wish...

Ela olha para o céu e o vê como nunca mais o tinha visto: completamente limpo e estrelado.
Enquanto caminhava pela areia, ainda extasiada com tanta beleza, vê uma estrela cadente. É, uma estrela cadente. Fazia 10 anos que ela não via uma, e mais do que rapidamente foi logo pensando no desejo que devia ser feito, como lhe ensinaram quando era criança.

Apertou os olhos com força e as mãos também (?) e desejou ardentemente que tudo aquilo passasse. Pediu que ficasse boa, acima de tudo; pediu que voltasse a ser quem era antes, na medida do possível; pediu que toda aquela dor e sofrimento saíssem de dentro dela; que ela deixasse de ser a pessoa amarga que se tornou nos últimos tempos; que a angústia que a consumia por ficar remoendo e remoendo tudo tantas e tantas vezes passasse.

É, ela pediu um monte de coisas, na verdade. E quando voltou do jantar, mais uma vez sozinha, resolveu olhar de novo para o céu (meu Deus, que céu) e viu outra estrela cadente. O mundo tá caindo e eu não sei, pensou, meio rindo, meio confusa, pensando em quais eram as chances de isso acontecer numa mesma noite, para a mesma pessoa.

E resolveu pedir mais. Pediu para perdoar e esquecer. E deixar a vida seguir seu rumo; e tirar a mágoa do seu coração, em todos os aspectos possíveis e imagináveis, ainda que hoje saiba que ele não mereça, mas sabe que vai fazer um enorme bem a si mesma e é só isso o que importa agora, não é?

Deitou e ficou refletindo. A mágoa ainda é por demais intensa e ela simplesmente nao entende o motivo. Só de lembrar, já sente uma dor quase que indescritível. Ela o amou apesar dele. Apesar das diferenças. Apesar da amizade em jogo. Ela o amou, quem sabe, como realmente devemos amar alguém: exatamente do jeito que ela é.

E ele não foi capaz de perceber isso, de fazer a mesma coisa, de se permitir, de sentir, ela não sabe dizer.

E tentou dormir. Porque um dos pedidos foi para que parasse de ficar se remoendo e se remoendo tantas e tantas vezes por coisas que provavelmente ela nunca irá entender.

Jul 20, 2006

Feliz dia do AMIGO

tu vai ler isso daqui achando a coisa mais brega do mundo, mas eu lembro de um tempo quando tudo que era breguinha tu achava bonito, ainda mais se viesse de mim.

por ser hoje o dia do amigo, e eu sei que já te enviei um texto que gostei muito, queria te escrever algumas coisas únicas, exclusivas, pessoais e intransferíveis.

eu já fui apaixonada por você; na verdade, nunca fui tão apaixonada por alguém em toda a minha vida como fui por você. Mais ainda:nunca fui apaixonada por alguém por tanto tempo como fui por você. Porque ao longo dos 10 meses em que passamos juntos, eu era uma pessoa completamente apaixonada por você. Entreguei-me totalmente a este sentimento, talvez por fazer muito tempo que não sentia, talvez pela intensidade com que as coisas aconteceram, talvez por você parecer estar tão apaixonado e entregue a mim quanto eu estava a você.

Eu já te amei. Como homem. Te amei muito, mas isso levou um tempo, acho que por causa da paixão, que tomava conta de mim, revirava meu estômago - as tais borboletas. Mas quando passei a te amar, foi pra valer. Te amei tanto que talvez até tenha deixado um pouco de me amar, mas as circunstâncias eram outras, não venha querer discutir confluências, anulações ou coisas do tipo agora. Eu me doei e me dediquei por amor a você. Sentava no sofá da sala e ali ficava horas a fio, muitas vezes sem nem te ver ou ouvir sua voz, mas continuava ali, para o caso de você precisar, para o caso de você sentir algum ânimo, para o caso de você querer alguma coisa, para o caso de você querer minha companhia, meu abraço, meu carinho e, principalmente, meu amor.

Eu já te odiei. Muito e com força. Quando você quis me afastar para não me incomodar - e só agora eu entendo isso- e quando acabamos. Não, na verdade eu te odiei depois, mas hoje vejo que fui eu quem gerou esse ódio, porque era eu quem tentava de toda forma te trazer de volta pra mim e você, simplesmente, como disse ontem, agia como qualquer homem agiria. Você é um homem, afinal de contas. Mas isso nunca é levado em consideração para um coração partido.

Eu já tive ânsia de vômito e medo de te encontrar. Eu já chorei por sua causa, por não entender nada daquilo, por não entender como você não podia ser feliz comigo e ser feliz com outra pessoa em tão pouco tempo. Isso me martirizava.

Eu já deixei de sentir isso tudo e você se tornou uma ótima lembrança, ainda que sem explicações para muita coisa. Eu já me apaixonei e já amei outra pessoa depois de você, mas ainda continuava intrigada e o fato de eu ter te cortado de todas as maneiras possíveis e imagináveis da minha vida qualquer tipo de contato com você não ajudava em nada, definitivamente.

Eu já voltei a ter contato com você. E foi extremamente estranho no começo, estávamos ambos em períodos extremamente difíceis e complicados em nossas vidas. E você foi falando e falando e eu voltei a te reconhecer. E, com o tempo, eu fui falando e falando também. Chorando não, porque você me reprimia. E as coisas ficaram menos tensas aos poucos.

Eu já voltei a chorar na sua frente, por motivos vários, mesmo sabendo que você não me abraça. Ou melhor, não abraçava.

Eu já até te impedi de me abraçar! Isn´t that ironic?

Hoje eu quero apenas te agradecer por tudo isso. Por tudo que eu já fiz ou deixei de fazer ao longo desse tempo em que nos conhecemos.

Quero agradecer por você ser meu amigo e estar ao meu lado nesse momento. Por não ter me deixado de lado, por não ter me abandonado e, principalmente, por estar me agüentando.

Quero dizer que te amo muito e sei que você me ama também, não importa qual a forma desse amor. E que não quero nunca que você saia da minha vida. Exatamente como eu disse ontem: só não me abandona, tá?

Amo tu. Feliz dia do AMIGO. Assim mesmo, com letras maiúsculas.

Jul 11, 2006

Há alguns dias, Deus — ou isso que chamamos assim, tão descuidadamente, de Deus —, enviou-me certo presente ambíguo: uma possibilidade de amor. Ou disso que chamamos, também com descuido e alguma pressa, de amor. E você sabe a que me refiro.

Antes que pudesse me assustar e, depois do susto, hesitar entre ir ou não ir, querer ou não querer — eu já estava lá dentro. E estar dentro daquilo era bom. Não me entenda mal — não aconteceu qualquer intimidade dessas que você certamente imagina. Na verdade, não aconteceu quase nada. Dois ou três almoços, uns silêncios. Fragmentos disso que chamamos, com aquele mesmo descuido, de "minha vida". Outros fragmentos, daquela "outra vida". De repente cruzadas ali, por puro mistério, sobre as toalhas brancas e os copos de vinho ou água, entre casquinhas de pão e cinzeiros cheios que os garçons rapidamente esvaziavam para que nos sentíssemos limpos. E nos sentíamos.

Por trás do que acontecia, eu redescobria magias sem susto algum. E de repente me sentia protegido, você sabe como: a vida toda, esses pedacinhos desconexos, se armavam de outro jeito, fazendo sentido. Nada de mal me aconteceria, tinha certeza, enquanto estivesse dentro do campo magnético daquela outra pessoa. Os olhos da outra pessoa me olhavam e me reconheciam como outra pessoa, e suavemente faziam perguntas, investigavam terrenos: ah você não come açúcar, ah você não bebe uísque, ah você é do signo de Libra. Traçando esboços, os dois. Tateando traços difusos, vagas promessas.

Nunca mais sair do centro daquele espaço para as duras ruas anônimas. Nunca mais sair daquele colo quente que é ter uma face para outra pessoa que também tem uma face para você, no meio da tralha desimportante e sem rosto de cada dia atravancando o coração. Mas no quarto, quinto dia, um trecho obsessivo do conto de Clarice Lispector "Tentação" na cabeça estonteada de encanto: "Mas ambos estavam comprometidos. Ele, com sua natureza aprisionada. Ela, com sua infância impossível". Cito de memória, não sei se correto. Fala no encontro de uma menina ruiva, sentada num degrau às três da tarde, com um cão basset também ruivo, que passa acorrentado. Ele pára. Os dois se olham. Cintilam, prometidos. A dona o puxa. Ele se vai. E nada acontece.

De mais a mais, eu não queria. Seria preciso forjar climas, insinuar convites, servir vinhos, acender velas, fazer caras. Para talvez ouvir não. A não ser que soprasse tanto vento que velejasse por si. Não velejou. Além disso, sem perceber, eu estava dentro da aprendizagem solitária do não-pedir. Só compreendi dias depois, quando um amigo me falou — descuidado, também — em pequenas epifanias. Miudinhas, quase pífias revelações de Deus feito jóias encravadas no dia-a-dia.

Era isso — aquela outra vida, inesperadamente misturada à minha, olhando a minha opaca vida com os mesmos olhos atentos com que eu a olhava: uma pequena epifania. Em seguida vieram o tempo, a distância, a poeira soprando. Mas eu trouxe de lá a memória de qualquer coisa macia que tem me alimentado nestes dias seguintes de ausência e fome. Sobretudo à noite, aos domingos. Recuperei um jeito de fumar olhando para trás das janelas, vendo o que ninguém veria.

Atrás das janelas, retomo esse momento de mel e sangue que Deus colocou tão rápido, e com tanta delicadeza, frente aos meus olhos há tanto tempo incapazes de ver: uma possibilidade de amor. Curvo a cabeça, agradecido. E se estendo a mão, no meio da poeira de dentro de mim, posso tocar também em outra coisa. Essa pequena epifania. Com corpo e face. Que reponho devagar, traço a traço, quando estou só e tenho medo. Sorrio, então. E quase paro de sentir fome.



Para iniciar este blog, cujo título homenageia tão ilustre escritor, nada melhor que um texto seu.

[Caio Fernando Abreu]

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