Sep 25, 2008

Valsa da Solidão

Porque era assim que eu me sentia todos os dias, depois que te conheci e tu foste embora.




Onde estava tanta estrela que eu não via
Onde estavam os meus olhos que não te encontravam
Onde foi que pisei e não senti
No ruído dos teus passos em meu caminho.

Onde foi que vivi
Se nem me lembro se existi
Longe de você.

Ah! Foi você quem trouxe essa tarde fria
E essa estrela pousada em meu peito
Ah! Foi você quem trouxe todo esse vazio
E toda essa saudade, toda essa vontade de morrer de amor.


[Valsa da Solidão, na interpretação de Roberta Sá]

Sep 5, 2008

Estava cansada, muito cansada. De tudo, de todos. Não, não era cansada a palavra que ela procurava...entediada, talvez?É, acho que era isso: tédio.
E uma vez, há algum tempo já, ao tomar a terrível decisão de ser sincera e dizer, com todas as letras, em alto e bom som que estava E-N-T-E-D-I-A-D-A, acabou gerando uma crise enorme, quase como a que se viu com a queda da bolsa em 29.

- Mas por que você está entediada?
- E tem que ter motivo pra estar?
- Claro que tem. Olha, aqui tem um monte de coisas pra você fazer.
- hummm
- Tem televisão, dvd, um monte de filmes...
- Não, quero não, obrigada.
- Tem a piscina!Vai pra piscina, ó, não tem ninguém lá agora, a piscina é só sua.
- hum-hum.
- Você está querendo me irritar, é isso?
- Não, só estou entediada.
-Entediada como, meu Deus???Tem uma praia linda aí na frente, tem uma rede aqui...vamos caminhar, jogar frescoball.
-...

E assim foi. Arrependeu-se amargamente de ter falado sobre isso. Até hoje, vez por outra, o assunto volta à tona.

Saco.

E agora, apesar de todas as circunstâncias adversas, apesar de nem encontrar tempo de procurar uma palavra no dicionário que defina o quão ocupada ela está, mesmo assim, ela está absurdamente entediada. Pensava nisso ontem, enquanto, completamente sem saco para fazer coisa alguma, refletia sobre seu comportamento nos últimos dias.

Ela estava assim, assim, sabe? Um tanto quanto, digamos assim, carente. Necessitando de atenção. Ela estava chata, para dizer a verdade. Pensou e pensou o motivo de estar assim e percebeu que o problema, no fundo, era que estava com medo. Medo de não mais receber a atenção que lhe era dedicada já há algum tempo, tal qual uma criança recebe, porque agora ela estava bem; ou melhorando, ao menos.

"Fazem você acreditar em coisas que não são verdadeiras, que não são suas, mas em que você acredita piamente. Você tem que se descobrir e descobrir muito sobre você, todos os dias. Coloque-se em primeiro lugar.'

Conversando com você, ouvi essas mesmas palavras. Coincidência? Não, aprendi com Arcanjo que não existem coincidências.

Se você repete mil vezes uma mentira, ela acaba por se tornar verdade. Ao menos para você. Se você passa a sua vida acreditando, provavelmente por alguma associação nonsense, que repetir uma atitude vai fazer com que você receba atenção, carinho, afeto e amor, você vai se tornar um adulto confuso e carente, extremamente necessitado de atenção e incompreendido.

E foi isso o que ela se tornou. Uma adulta carente, com baixa auto-estima e falsas crenças. Que sabota seus relacionamentos, por mais que queira que eles dêem certo; que não acredita em si; que não se acha capaz; que se acha feia, chata e gorda; que não acredita que alguém seja capaz de amá-la - não, de jeito nenhum. Alguém como ela, com tantas outras opções muito melhores por aí? Por quê?

Impossível.

Todos os dias, ela se olha no espelho e vê tudo isso. E repete que é impossível, enquanto assiste a ele ir embora.

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