Oct 31, 2008

Com muito esforço, consegui contabilizar: 22 peças de roupa novas em meu guarda-roupa.
Alguém aqui tem noção do que é isso??Porque eu, que comprei, não tenho. Nunca, em toda a minha vida, comprei tantas roupas de uma só vez. Afora que, no início de julho, mandei fazer 10 blusas e 2 vestidos - para trabalhar, eu sei; mas são roupas mesmo assim.
Estava aqui, fazendo contas do quanto estou devendo em vários lugares, quando percebi a quantidade de roupas que tinha comprado em um único mês. Sei que este espaço não é muito conhecido (eu até ando com uma certa vontade que ele comece a ser...vaidade?Talvez. Fica para um próximo texto, hoje ainda, talvez.), mas algumas pessoas que lessem isso iriam achar absolutamente normal, talvez até uma quantidade irrisória, e outras até rissem "ora veeeeeeja, eu compro isso em 1h do meu dia! hahahaha".
Mas eu, eu mesma, nunca tinha passado por uma experiência dessas. Eu não comprei tudo num dia e não foram roupas de grife - nem poderia. Estou me perdendo em meus devaneios, de novo. Focus, baby, focus.
O que eu quero dizer é que comecei a pensar nos motivos que me levaram a comprar tanto. Tá, eu nunca trabalhei, nunca recebi tanto dinheiro (hahahaha) quanto agora e, confesso, fiquei deslumbrada, quis fazer alguns caprichos, como diria um certo amigo meu. E eu mereço mesmo, por diversas razões. E também tenho que aproveitar esse dinheiro para gastar como bem entender, já que eu não tenho filhos, nem família para sustentar, nem colégio pra pagar, nem fraldas pra comprar; nem leite Ninho - aliás, abro aqui este espaço porque é estritamente necessário: vocês sabem o preço do leite Ninho??Eu quase caí para trás. Voltando.
Mas...e aquele notebook que eu queria comprar?E por que não juntar um monte do dinheiro e dar entrada em um carro? Ou, ainda, aquela viagem que eu sempre quis fazer e nunca fiz porque não tinha dinheiro nem queria pedir aos meus pais? Ou até mesmo aquela, para aquela praia (ou serra) pertinho, mas que é preciso ter um dinheirinho para ser ainda mais legal e confortável
? É, queridos, tenho que confessar: estou ficando velha. Velha e chata. E exigente. Estou quase me tornando a minha mãe! hahahahahaha Mas sério, eu não tenho mais disposição para ficar em qualquer lugar, sem qualquer conforto, com 30 pessoas dentro de uma casa que só tem um banheiro e um quarto e fica todo mundo amontoado. Não, não consigo mais fazer isso. Podem me chamar de elitista, fresquinha, patricinha, do que quiserem. Eu não ligo. Eu não me sinto mais com disposição para nada disso e já faz um tempo. Nem é porque está perto do meu aniversário e estou tendo uma crise existencial com a nova idade. 
Como eu ia dizendo, estava pensando nos motivos que me levaram a comprar tanto, principalmente em tão pouco tempo. E talvez, não sei ao certo, pensei que pudesse ser carência. Estou querendo compensar alguma coisa que eu ainda não sei bem o que é, comprando. Sabe aquelas pessoas que estão tentando parar de fumar e começam a mascar chicles desesperadamente? Então. Será que é isso? Ou é só vontade de, pela primeira vez, estar bem na moda? Mas eu não sou assim. Na verdade, sempre gostei de roupas básicas e práticas, que eu pudesse usar por muito tempo, que são atemporais. Uma vez perdida eu comprava umas blusinhas mais assim, assim e mesmo depois que passava a moda eu continuava usando. Ia fazer o quê? Jogar fora?
Não sei. Não sei mesmo o que é isso. E ainda tem mais: eu sou preguiçosa. E todo aquele ritual de domar os cabelos, se maquiar...não, não é para mim. Depois que está tudo pronto, eu gosto. E muito. Mas sou muito preguiçosa para manter isso todos os dias, o tempo todo. Faço um esforço, claro. Para ver meu namorado ou para alguma ocasião especial. Mas mooooorro de preguiça. Cachos dão trabalho, e muito. Daí, ter roupas lindas e sair descabelada é o mesmo que nada, que as pesoas vão é se assustar. Ahhhh..e eu ia esquecendo - como é que pode? - eu tô enorme de gorda, muito acima do meu peso. Também tem isso, gente. Quase nada cabe em mim e quando cabe fica ridículo. E eu choro e fico triste e deprimida porque estou gorda, deformada, feia...que só posso usar vestido, daqueles soltinhos que estão mesmo usando muito agora, porque aí não marca nada.
É, acho que é isso mesmo.

Oct 28, 2008

Passei o dia aqui, fazendo isso e aquilo e absolutamente nada. Não sei o que fazer nem a quem recorrer, afinal, eu até aceitei essa condição, não foi?Arco com as consequências, pois. Poderia aproveitar esse tempo de diversas maneiras, uma delas muito útil por sinal - estudando. Estou precisando, voltei a sentir vontade, voltei a querer algo, a desejar, a almejar de novo. Estou reencontrando aquela parte de mim que tem objetivos, metas e, mais importante, faz de tudo para alcançá-las.
Você diz "ah, mas você está descansando, merece mesmo umas férias, ficar de bobeira"; e eu até concordo com a cabeça, mas por dentro eu digo não. Digo não porque já passei tempo demais e desperdicei tempo demais comigo mesma e com coisa nenhuma. Passei anos (no plural mesmo) sem mover uma palha para crescer e agora que consigo levantar da cama todos os dias quero fazer algo. E fico só na parte de querer. Porque fazer, fazer, eu não estou fazendo nada. E vejo, aos poucos, esse sonho se esvair novamente, ir embora para um lugar bem longe, distante até da minha memória, das minhas lembranças, do meu pensamento.
Não, eu não mereço essas férias. Já causei sofrimento demais, prejuízo demais, dor demais. Não, já adiei por muito tempo o inadiável. E por quê, mesmo assim, não movo um músculo para resolver isso, que tanto me atormenta?Não sei, não sei. E tenho medo. E sinto frio. E sinto culpa. E a culpa gera ardor. E o ardor me deixa irritada. E eu fico grosseira. E eu não gosto mais de mim.

Oct 20, 2008

E de repente fui tomada por uma falta de ar, quase me sufocando, misturado à angústia e uma dor no peito. Seria um infarto?Não, não aqui, no meio do trabalho, no meio dessa tarde chata, sem graça, sem cor...cinza. Tudo fica assim quando você não está aqui.


Não mecontive e, contrariando todas as regras, todas, te liguei. E você me ouviu. E eu falei e falei e falei. E você disse que ia repensar o que já estava pensado.

E meu coração ficou leve de novo porque, por um instante, se encheu de esperança. Era a única coisa que eu tinha naquele momento: esperança que você acreditasse, que você quisesse, que você viesse, que você aceitasse.

Tentei estudar, ver tv, conversar...tudo em vão. E esse tempo que não passava?

Então, como sempre, quando eu menos esperava - você nunca me liga naquele horário - o telefone tocou. E você me chamou para almoçar.

[cenas do próximo capítulo amanhã]

Oct 10, 2008

What am I to you?

Tell me darlin' true
To me you are the sea
Vast as you can be
And deep the shade of blue

When you're feelin' low
To whom else do you go?
I'd cry if you hurt
I'd give you my last shirt
Because I love you so

Now if my sky should fall
Would you even call?
I've opened up my heart
I never want to part
I'm givin' you the ball

When I look in your eyes
I can feel the butterflies
I'll love you when you're blue
But tell me darlin' true
What am I to you?

If my sky should fall
Would you even call?
I've opened up my heart
I never wanna part
I'm givin' you the ball

When I look in your eyes
I can feel the butterflies
Could you find a love in me?
Would you carve me in a tree?
Don't fill my heart with lies
I will love you when you're blue
But tell me darlin' true
What am I to you?

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Porque eu lembrei aquela noite em que você me apresentou esta música e pediu que eu cantasse para você. E eu cantei. Não uma, não duas, não três vezes. Eu cheguei a gravar no estúdio, voz e violão, eu e ele, só para você. Você nunca ouviu; eu planejava gravar outras e te dar um dia. Vou te dar um dia, no matter what. Lembrei aquela tarde perfeita em seu apartamento, você tentando tocar e eu cantando; você fazendo uma versão de rock-tosco-dor-de-cotovelo dela e eu lá, cantando. E filmamos isso tudo, lembra? E rimos e gargalhamos bastante e você olhou bem fundo nos meus olhos e disse que queria me ouvir cantar assim para o resto de sua vida.

Eu estou bem aqui, meu bem. E quero cantar para você. Para o resto de nossas vidas.

Oct 9, 2008

Argumentando que todos têm um limite e que ele havia chegado ao seu, ouviu:
- É verdade que todo mundo tem um limite, mas quando a gente ama a gente ultrapassa os nossos limites. Às vezes é preciso se afastar para respirar um pouco e continuar, mas continua.
Eu queria que você me desculpasse, me perdoasse e tudo o mais de ruim que o machucou. Eu queria que essas feridas passassem, cicatrizassem e você conseguisse olhar pra mim de novo e dizer que tá tudo bem, que eu não tenho o que temer porque nós somos um time e estamos juntos para o que quer que aconteça. Eu queria voltar no tempo e não ter ficado tão doente a ponto de estar vulnerável a tudo e a todos. Eu queria ter amadurecido antes de causar tanto prejuízo para mim, para você, para todos vocês. Eu queria não ter nos sabotado tanto, questionado tanto, duvidado tanto, por assim dizer. Eu queria que nada disso tivesse acontecido, para dizer a verdade.
A não ser você.
Você ter acontecido em minha vida foi das melhores coisas que me aconteceram, independente de como vai terminar essa história. Você veio numa noite em que eu estava tensa e tranquila ao mesmo tempo, sabe como é? Eu não procurava por nada nem por ninguém e foi justamente ali que te encontrei. Você me seduziu e eu me derreti toda com todas as suas intermináveis histórias e me perdi em você, em seu olhar, em sua boca, em seu sorriso, em suas mãos. E estou assim desde então. Você já saiu da minha vida uma vez por opção sua e permaneceu fora dela enquanto eu quis. Você me fazia um bem tão bom que chegou a me fazer mal. Entende? E eu escolhi acompanhar tudo de longe, mas sem perder nenhum detalhe, porque eu te amo e sempre amei, desde aquela noite, sofrendo, calada, sozinha, sem conseguir fazer nada. E depois de um tempo, por te amar e saber que você estava precisando de ajuda, eu voltei para a sua vida e deixei que você voltasse para a minha. E você foi, como sempre, meu companheiro, independente de rótulos. Você sempre me ajudou, me apoiou, me ergueu, me fortaleceu, me inspirou, me amou, me suportou até. Porque eu já estive completamente insuportável até para mim mesma. E você permaneceu ali, de mãos dadas comigo, às vezes chorando, às vezes sorrindo, ouvindo críticas e outras coisas impublicáveis; não me abandonou nunca, muito menos quando eu mais precisei. e eu agradeço a todo instante por ter você em minha vida e por você ser assim e por você ser você.
E agora, justo agora que eu não estou precisando de você, que eu simplesmente quero estar ao seu lado e me aproveitar de você, me perder de novo em você, planejar com você, viver com você. Agora, justo agora, você diz que chegou ao seu limite.
E eu não sei mais o que fazer...

Tentando transformar dor em palavras...

Tornei-me um disco arranhado. E daqueles bem ruins, que colecionador não quer mesmo, que criança não quer brincar, que seus pais não têm guardados por nada nesse mundo.

E eu não queria ser um disco, sabe? Não queria mesmo. É chato demais.

Gosto de LP´s, sempre gostei. Aquele barulhinho, aquele chiado me enchem de alegria. Mas esse LP que ouço e obrigo todos ao meu redor a ouvir também - sim, admito, tornei-me uma daquelas vizinhas chatas que ouvem música bem alto sem lembrar que vive em sociedade - não é bom.

Dói. Cansa. Faz chorar. Dá raiva. É angustiante. É asfixiante. É um tanto quanto desesperador.

E eu não sei por quanto tempo mais vou aguentar viver assim.

Morangos Mofados

Estava ali, lendo ele, como sempre ele quando dói tudo aqui dentro, porque ele me entende. Não me acalma, não me livra da dor, mas me entende como ninguém; sentimos as mesmas coisas.

Pois bem. Estava eu ali, lendo ele, que você tanta detesta por pura ignorância, quando surge à minha frente o título de um de seus livros, de um de seus textos, aquele mesmo que você disse ser perfeito para o nome de uma banda de rock, o único que você cogitou a possibilidade de ler.

...

[Para ouvir ao som de "Hello, Goodbye", The Beatles]
Olha, antes do ônibus partir eu tenho uma porção de coisas pra te dizer, dessas coisas assim que não se dizem costumeiramente, sabe, dessas coisas tão difíceis de serem ditas que geralmente ficam caladas, porque nunca se sabe nem como serão ditas nem como serão ouvidas, compreende? Olha, falta muito pouco tempo, e se eu não te disser agora talvez não diga nunca mais, porque tanto eu como você sentiremos uma falta enorme dessas coisas, e se elas não chegarem a ser ditas nem eu nem você nos sentiremos satisfeitos com tudo que existimos, porque elas não foram existidas completamente, entende, porque as vivemos apenas naquela dimensão em que é permitido viver, não, não é isso que eu quero dizer, não existe uma dimensão permitida e uma outra proibida, indevassável, não me entenda mal, mas é que a gente tem tanto medo de penetrar naquilo que não sabe se terá coragem de viver, no mais fundo, eu quero dizer, é isso mesmo, você está acompanhando meu raciocínio? Falava do mais fundo, desse que existe em você, em mim, em todos esses outros com suas malas, suas bolsas, suas maçãs, não, não sei porque todo mundo compra maçãs antes de viajar, nunca tinha pensado nisso, por favor, não me interrompa, realmente não sei, existem coisas que a gente ainda não pensou, que a gente talvez nunca pense, eu, por exemplo, nunca pensei que houvesse alguma coisa a dizer além de tudo o que já foi dito, ou melhor pensei sim, não, pensar propriamente dito não, mas eu sabia, é verdade que eu sabia, que havia uma outra coisa atrás e além das nossas mãos dadas, dos nossos corpos nus, eu dentro de você, e mesmo atrás dos silêncios, aqueles silêncios saciados, quando a gente descobria alguma coisa pequena para observar, um fio de luz coado pela janela, um latido de cão no meio da noite, você sabe que eu não falaria dessas coisas se não tivesse a certeza de que você sentia o mesmo que eu a respeito dos fios de luz, dos latidos de cães, é, eu não falaria, uma vez eu disse que a nossa diferença fundamental é que você era capaz apenas de viveras superfícies, enquanto eu era capaz de ir ao mais fundo, você riu porque eu dizia que não era cantando desvairadamente até ficar rouca que você ia conseguir saber alguma coisa a respeito de si própria, mas sabe, você tinha razão em rir daquele jeito porque eu também não tinha me dado conta de que enquanto ia dizendo aquelas coisas eu também cantava desvairadamente até ficar rouco, o que eu quero dizer é que nós dois cantamos desvairadamente até agora sem nos darmos contas, é por isso que estou tão rouco assim, não, não é dessa coisa de garganta que falo, é de uma outra de dentro, entende? Por favor, não ria dessa maneira nem fique consultando o relógio o tempo todo, não é preciso, deixa eu te dizer antes que o ônibus parta que você cresceu em mim de um jeito completamente insuspeitado, assim como se você fosse apenas uma semente e eu plantasse você esperando ver uma plantinha qualquer, pequena, rala, uma avenca, talvez samambaia, no máximo uma roseira, é, não estou sendo agressivo não, esperava de você apenas coisas assim, avenca, samambaia, roseira, mas nunca, em nenhum momento essa coisa enorme que me obrigou a abrir todas as janelas, e depois as portas, e pouco a pouco derrubar todas as paredes e arrancar o telhado para que você crescesse livremente, você não cresceria se eu a mantivesse presa num pequeno vaso, eu compreendi a tempo que você precisava de muito espaço, claro, claro que eu compro uma revista pra você, eu sei, é bom ler durante a viagem, embora eu prefira ficar olhando pela janela e pensando coisas, estas mesmas coisas que estou tentando dizer a você sem conseguir, por favor, me ajuda, senão vai ser muito tarde, daqui a pouco não vai mais ser possível, e se eu não disser tudo não poderei nem dizer e nem fazer mais nada, é preciso que a gente tente de todas as maneiras, é o que estou fazendo, sim, esta é minha última tentativa, olha, é bom você pegar sua passagem, porque você sempre perde tudo nessa sua bolsa, não sei como é que você consegue, é bom você ficar com ela na mão para evitar qualqueratraso, sim, é bom evitar os atrasos, mas agora escuta: eu queria te dizer uma porção de coisas, de uma porção de noites, ou tardes, ou manhãs, não importa a cor, é, a cor, o tempo é só uma questão de cor não é? Por isso não importa, eu queria era te dizer dessas vezes em que eu te deixava e depois saía sozinho, pensando também nas coisas que eu não ia te dizer, porque existem coisas terríveis, eu me perguntava se você era capaz de ouvir, sim, era preciso estar disponível para ouvi-las, disponível em relação a quê? Não sei, não me interrompa agora que estou quase conseguindo, disponível só, não é uma palavra bonita? Sabe, eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria ver em você, eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia, e se era assim, até quando eu conseguiria ver em você todas essas coisas que me fascinavam e que no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas, e pensava que amar era só conseguir ver, e desamar era não mais conseguir ver, entende? Dolorido-colorido, estou repetindo devagar para que você possa compreender, melhor, claro que eu dou um cigarro pra você, não, ainda não, faltam uns cinco minutos, eu sei que não devia fumar tanto, é eu sei que os meus dentes estão ficando escuros, e essa tosse intolerável, você acha mesmo a minha tosse intolerável? Eu estava dizendo, o que é mesmo que eu estava dizendo? Ah: sabe, entre duas pessoas essas coisas sempre devem ser ditas, o fato de você achar minha tosse intolerável, por exemplo, eu poderia me aprofundar nisso e concluir que você não gosta de mim o suficiente, porque se você gostasse, gostaria também da minha tosse, dos meus dentes escuros, mas não aprofundando não concluo nada, fico só querendo te dizer de como eu te esperava quando a gente marcava qualquer coisa, de como eu olhava o relógio e andava de lá pra cá sem pensar definidamente e nada, mas não, não é isso, eu ainda queria chegar mais perto daquilo que está lá no centro e que um diadestes eu descobri existindo, porque eu nem supunha que existisse, acho que foi o fato de você partir que me fez descobrir tantas coisas, espera um pouco, eu vou te dizer de todas as coisas, é por isso que estou falando, fecha a revista, por favor, olha, se você não prestar muita atenção você não vai conseguir entender nada, sei, sei, eu também gosto muito do Peter Fonda, mas isso agora não tem nenhuma importância, é fundamental que você escute todas as palavras, todas, e não fique tentando descobrir sentidos ocultos por trás do que estou dizendo, sim, eu reconheço que muitas vezes falei por metáforas, e que é chatíssimo falar por metáforas, pelo menos para quem ouve, e depois, você sabe, eu sempre tive essa preocupação idiota de dizer apenas coisas que não ferissem, está bem, eu espero aqui do lado da janela, é melhor mesmo você subir, continuamos conversando enquanto o ônibus não sai, espera, as maçãs ficam comigo, é muito importante, vou dizer tudo numa só frase, você vai ......... ............ ............. ............ .......... ........... ............. ............ ............ ............ ......... ........... ............ ............ sim, eu sei, eu vou escrever, não eu não vou escrever, mas é bom você botar um casaco, está esfriando tanto, depois, na estrada, olha, antes do ônibus partir eu quero te dizer uma porção de coisas, será que vai dar tempo? Escuta, não fecha a janela, está tudo definido aqui dentro, é só uma coisa, espera um pouco mais, depois você arruma as malas e as botas, fica tranqüila, esse velho não vai incomodar você, olha, eu ainda não disse tudo, e a culpa é única e exclusivamente sua, por que você fica sempre me interrompendo e me fazendo suspeitar que você não passa mesmo duma simples avenca? Eu preciso de muito silêncio e de muita concentração para dizer todas as coisas que eu tinha pra te dizer, olha, antes de você ir embora eu quero te dizer quê.

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