Aug 29, 2006

" Por que você não aplica isso à sua vida, hein?"

" Não deixe de sorrir por minha causa"

" - Ele é a cara do meu ex-namorado quando era criança!
- É uma menina, é a sobrinha da Nicole"

" Uou!Ela tá pegando todo mundo!"

" Mulher é tudo adolescente!"

" Quem disse que o dinheiro não traz felicidade não sabe fazer compras!!"

" Depois que eu vi a vagina da Ana Paula Arósio..."

" - Eu assisti no horário do capuccino!
- Que horas é isso?17h?
- Não, umas 15h, eu acho..."

" Vocês desprezam porque vocês nunca foram prum show!"

" Mas eu vou tomar sozinha, feito uma louca?"


" Iuuuuuuuuuuuu...tá falando isso porque tu não tem blog!"

" Posso falar o que eu sei?" (com voz de bêbada)

" Você tem feito o "serviço" direitinho?"

- Tenha uma ótima semana!
Ela, que já estava saindo, deu meia-volta, o olhou com cara de desprezo e disse:
- Você também.

(tenha uma ótima semana meus óvulos, como diria minha filha!)

Aug 28, 2006

Back in the game

Era o primeiro encontro dela depois de nove meses. Sim, nove meses. Não que ela não tenha saído ou tenha passado esse tempo todo sozinha, se é que vocês me entendem. Mas encontro, no real sentido da palavra, com direito a telefonema, convite e horário marcado para pegá-la, era o primeiro.

E ela se viu animada com aquilo tudo, apesar dos pesares. Não que ele fosse feio, longe disso. Assim que eles se conheceram, ela o achou uma gracinha e ficou feliz quando ele pediu seu telefone e, mais ainda, quando marcou, com bastante antecedência, uma saída em grupo, o mesmo grupo que estava unido ali, no dia em que se conheceram. E foram e se divertiram e se entrosaram mais ainda. Dois dias depois, estava marcado o tal encontro.

Chegou a hora de ela se arrumar e ela entrou em crise, porque não sabia o que vestir. Queria estar linda, estonteante, radiante...e revirou e revirou o armário e, ainda assim, não encontrava nada que a agradasse.

Finalmente, sua amiga liga – a amiga responsável por eles terem se conhecido e dá a dica que ela estava precisando e ela corre para o banho.

Banho demoradíssimo, com direito a tudo de bom e do melhor, inclusive sais e esfoliante. Termina, escova os dentes, penteia os cabelos e aí começa a sessão de cremes. Passa os 15 cremes - que ela morre de preguiça de passar todos os dias – pelo corpo e fica mais do que cheirosa – a casa toda fica cheirosa. Depois, por causa de seus cabelos cacheados, inicia-se o longo e demorado processo do cuidado com os cachos: ativador, leave-in e umidificador, sempre amassando os cabelos com as mãos, para reforçar os cachinhos e deixá-los lindos, brilhantes e soltos.

Veste-se. Uma saia rodada e uma blusinha preta básica, guarda um xale na bolsa, por causa do frio, sapatilha preta. Para finalizar, brinco e colar de pérolas – a verdadeira imagem angelical.

Olhou-se no espelho e, como há muito não acontecia, se achou linda, linda mesmo. De chamar a atenção de todos que passassem, até por estar vestindo algo no melhor estilo retrô.

O telefone toca, ela atende. “Pode descer, estou chegando. Beijo”.

Corre para o banheiro, passa o perfume já anteriormente elogiado, pega a bolsa e sai.

Aug 27, 2006

Testemunhos

Porque é sempre assim: toda vez que eu TENHO QUE estudar, uma força muito maior que eu toma conta de mim e me dá uma vontade louca e desesperada de fazer as coisas que nunca faço,como arrumar meu quarto.

Abro a primeira gaveta, começo a jogar uns papéis fora e me deparo com uma agenda...de 2002. Fui ver, e nela só havia testemunhos (eu, sempre à frente da minha época...). Alguns grandes amigos, outros poucos conhecidos, outros ainda com quem eu tinha passado a maior parte do meu tempo no difícil ano de 2001, o fatídico ano do cursinho, mas isso não vem ao caso.

Logo nas primeiras folhas comecei a chorar e assim fui até o fim. As declarações, mesmo as que eu sei não serem verdadeiras, me tocaram. Fizeram-me lembrar uma C.L. que eu sei que existe em alguma lugar, que eu sei que ainda aflora algumas vezes, mas que está perdida e desnorteada e procurando se encontrar novamente.

A maioria diz coisas como "radiante", "sorriso gigante", "força dentro de si", "presença marcante", "alto-astral", "bom-humor", "contagiante"...enfim, todas essas coisas positivas que a gente escreve sobre alguém.

Mas no meu atual estado de espírito, me tocou profundamente. Eu não sou mais assim. Pelo menos, eu não consigo mais enxergar nada disso. E olha que quase todos disseram que, afora o dito acima, só conseguiram enxergar meu verdadeiro 'eu' quando conseguiram atravessar a superficialidade, a exteriorização.

Nem assim, hoje. Nem ultrapassando essas barreiras acho que alguém conseguiria me enxergar dessa forma, talvez de forma alguma. Como disse Caio, no primeiro texto daqui "ser uma face para outra pessoa que também é uma face para você".

Não, acho que não. E chorei muito. Chorei de felicidade, chorei de rir, lembrei o passado, lembrei os dias e as circunstâncias sob a qual cada um daqueles pequenos textos foram escritos e vi como me afastei de tanta gente boa e como eu não queria que isso tivesse acontecido, mas a vida é assim mesmo, não é? Vou pensar assim, para me consolar e me conformar.

Aug 25, 2006

Dúvidas...

Metido entre as páginas do Código Penal, que se abre à sua frente como o faz uma rapariga despudorada, ouve o jazz dilacerante de uma cantora negra americana, morta há dois anos. Não menos coincidência, a cantora pede ao amado que a leia, por favor.

Basta olhar de lado e vê a prateleira entupida de livros de poesia e de outras coisas. Raimundo Correia, o filósofo do Parnasianismo, está ladeado por Cassiano Ricardo e pelas vagas cinzentas de Luís de Camões. Ao fundo, por detrás de seus ombros, a cantora negra termina a canção melancólica, e ele a coloca de novo. O piano já retorna, ainda lento, ao ritmo dos dedos negros que ainda seguram o copo de uísque com gelo. A cantora termina o gole e agradece ao público pelos aplausos da música anterior. Ou talvez agradecesse ao piano.

Acima, há uma coleção completa do seu escritor favorito, cujas páginas começam a amarelar e a receber os fungos amarronzados cultivados pelo tempo e que lhe dão alergia. Vários filósofos repousam nas prateleiras acima de sua cabeça e ele, de vez em quando, ergue os olhos em direção aos livros com um olhar de súplica inconfundível.

Está ficando cada vez mais sozinho. Um livro de crônicas descansa ao pé do seu cotovelo esquerdo, cuja capa traz um homem bem-sucedido, trajando paletó negro e gravata vermelha e cujo sorriso cubista estará no noticiário da TV em algumas horas. Tendo lido algumas das crônicas do livro, sabe que o homem também já se sentiu muito solitário quando era jovem.

A cantora negra agora canta outra canção, não menos melancólica que a de antes, e a próxima faixa é a sua favorita. Fala de amor.

À sua frente, a parede branca ilumina seus pensamentos e, do seu lado direito, o controle remoto o encara, deitado sobre um livro de Olavo Bilac e um outro romance, cujo personagem principal tem apenas dezesseis anos, suporta o peso dos outros dois.

Por fim, bem na sua diagonal, à direita, uma pilha de livros técnicos o vigia conspícuos. Fazem questão de lembrá-lo de quem ele é. Ou melhor, de quem ele deve ser.

A cantora negra agora canta sua música favorita, que ainda o emociona com a mesma intensidade do dia em que ele a elegeu favorita. A cantora negra participa com ele de uma doce melancolia que habita o coração das crianças atrasadas.

Lá fora, começa a subir o silêncio burocrata da tarde baixa. Em breve, chegará a noite com seus confortos. Enquanto ela não chega, ele se lembra do cego mascando chiclete na rua e seu coração se enche de esperança. Como se seus olhos pudessem deixar de enxergar as coisas apenas por um segundo.

(Artur Malheiros Neto

Aug 11, 2006


Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que, por admiração, se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles.

Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles.

Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos!

Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros.

O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali.

Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso.

Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos.

Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham.

Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram.

Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios.

Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.

CLARICE LISPECTOR (esse sim era o que o original...)

Aug 10, 2006

Ao meu bem

Vocês pensam que não dói?

Sei que me afastei, mas a pedidos.
Sei que estou distante, mas é para não machucar ainda mais.
Sei que ando estranha, mas é por motivo de força maior.

Mas não, não precisava ser assim.
Quer viver sua vida? Vai com Deus, que de esmola eu não preciso e nem quero.
Mas, por favor, não faça isso.

Não chegue, me abrace e parta.
Não aperte, quase chorando, como se fosse o último abraço, o último encontro;
Não crie falsas expectativas de que tudo voltou ao normal.

Não fale que eu deveria passar mais tempo com você.
Como eu faria isso?
Com que cara? Não, meu caro, ainda não consigo fazer isso.

Não me venha com conversinhas do tipo "não quero que fique um clima ruim entre nós" apenas para aliviar o peso na consciência.
Para diminuir a culpa.
Para pôr fim à sensação de frustração que você sente por não conseguir fazer nada por mim.

Ninguém consegue, por que você, justo você, conseguiria?
Só depende de mim, não é mesmo?
Pois me deixe seguir meu caminho.

Deixe-me ir em paz.
Deixe-me viver minha vida, então.
E não se faça de sonso, que é ridículo.
Alguém da sua idade fazendo isso...vá lá que você não tem essa maturidade toda, mas aí também já é demais!

Chega de dizer que quer conversar, que se interessa e no dia seguinte agir como se estivesse fazendo o maior favor do mundo.
Chega.

Você diz que gosta de mim e se preocupa comigo.
Se preocupa mesmo?
Então deixa eu 'move on'. Esquece o sentimento de posse e 'move on' você também.

Se você gostasse como diz, não agiria como um babaca no dia seguinte.
Não escreveria coisas do tipo "se você quiser".
Já disse e repito: não quero nem preciso de seus favores.
Quero ao meu lado pessoas que queiram estar ao meu lado, estando eu rindo ou chorando.

Você? Você só me quer sorrindo, meu bem.
E isso, definitivamente, você nunca vai conseguir.
Nem de mim, nem de ninguém.

Aug 8, 2006

- Eu nem o conheço, mas pelo que você me passa, dá a impressão que ele tem medo dos nomes. Dos nomes que as coisas vão tomando com o tempo e a "tragédia" que isso vai acarretar pra ele.

Era algo assim:

Quando estavam juntos, era só alegria. Gargalhadas soltas e perdidas no ar, como duas crianças felizes em um dia de sol. Andavam pelas ruas, ora caminhando, ora meio correndo, ora meio pulando, tamanha felicidade. Nem sempre de mãos dadas, mas quando seus corpos se tocavam, mesmo sem querer, tudo ao redor faiscava.

Era óbvio e evidente o que havia entre os dois. Não é todo dia que se encontra algo assim. E eles decidiram, juntos, arriscar. De início, como todo início, não havia nomes, rótulos, essas coisas que a sociedade nos impõe. Mas veio naturalmente.

Ela não se abalou, mas não sabia o quanto aquilo havia mexido com ele. Estabelecer aquele nome só para demonstrar o quanto está feliz com ela? Era demais para sua cabeça e tudo começou a desmoronar.

De repente, nada mais fazia sentido para ele. Estar com ela era muita responsabilidade, por mais divertido que fosse. Ele passara a se sentir sufocado, aflito, apreensivo. Tudo por causa de um rótulo besta.

Ah, se ela soubesse...ela não fazia questão disso tudo: bastava estar com ele e ela estaria feliz. Eles eram felizes, ela sabia, ele sabia. Mas não soube como reagir ao pânico que tomou conta dele.

E assim, o que eram faíscas, tornaram-se choques, afastando-os cada vez mais.

Ah, se ele soubesse que nada disso era necessário para eles continuarem sendo felizes...se ele soubesse que ela jamais iria querer tirar sua liberdade, tê-lo só para ela; se ele soubesse que ela apenas queria participar um pouquinho mais do seu mundo. Apenas isso.

Se ele soubesse que o medo de ser sincero de ambas as partes poderia ter ajudado muito mais, se ambos tivessem sido sinceros; se ele soubesse que ela confiava nele e que não queria controlá-lo, apenas saber notícias e que ele passasse a certeza - da maneira que fosse - que aqueles momentos eram dele e que ele precisava deles e só, mas que estava tudo bem, que ela não precisava se preocupar.

Ah...se ele soubesse que ela estaria disposta a conversar sobre tudo isso, sendo sincera como talvez nunca tenha sido com ele, desde que ele também fosse, e eles resolvessem isso tudo.

Porque, apesar de tudo, apesar das diferenças, ela ainda acha que é ele.

Abstrair, aceitar e perdoar e, principalmente, move on.

Abstrair, aceitar e perdoar e, principalmente, move on.

Abstrair, aceitar e perdoar e, principalmente, move on.

Abstrair, aceitar e perdoar e, principalmente, move on.

Abstrair, aceitar e perdoar e, principalmente, move on.

Abstrair, aceitar e perdoar e, principalmente, move on.

Abstrair, aceitar e perdoar e, principalmente, move on.

Abstrair, aceitar e perdoar e, principalmente, move on.

Abstrair, aceitar e perdoar e, principalmente, move on.

Abstrair, aceitar e perdoar e, principalmente, move on.

Abstrair, aceitar e perdoar e, principalmente, move on.

Abstrair, aceitar e perdoar e, principalmente, move on.

Abstrair, aceitar e perdoar e, principalmente, move on.

[repetindo o mantra pra ver se dá certo - an-han]

PáPáPá...

Você não faz idéia; não, não faz. Não adianta você chegar para mim e dizer que se preocupa e que quer saber como eu estou e pápápá.

Você não faz idéia de como eu passei a semana inteira, aliás, meses inteiros, já cogitando a possibilidade desse encontro. Eu estava com medo, nervosa, apreensiva. Não sabia como ia reagir, mas provavelmente não iria ser a pessoa mais agradável do mundo. Se duvidasse, eu gritava a boa e velha HOSTILIDAAAAADE na tua cara.

Mas não, você foi sozinho. Que bom, que lindo gesto. Fiquei feliz, de verdade. Acredite ou não. Estava tudo relativamente bem, até você resolver vir conversar comigo.

Sabe o que eu acho agora? Que você queria uma massagem no ego, daquelas bem grandes, porque, no fim das contas, foi isso o que você recebeu. O pretexto da conversa era saber como eu estava, mas isso acabou sendo 10 % (e olha que estou otimizando) do que conversamos. Acabou caindo nos velhos assuntos de sempre.

E eu não sou louca. Estou quase lá, mas ainda não sou. Eu vi nos seus olhos o modo como você me olhou e vi que não que não era só físico, que não era pena, que não era apenas preocupação. Era mais.

Eu não sei o que acontece com você e estou para ficar louca tentando entender. Não sei, não sei.

Você não cortava as minhas diretas – é, assumo, diretas mesmo, que era pra deixar bem claro o que eu sinto – e ainda por cima as alimentava. Falou e falou sobre vocês – completamente desnecessário e totalmente fora do foco da conversa. Aliás, se você parar para pensar, era só não ter falado, ou ter falado o mínimo possível. Mas não, você tomou o cuidado de não falar os pontos positivos e, apesar de não ter falado pontos negativos em si, acabou falando de coisas estranhas sobre vocês. Pelo menos para mim é um comportamento estranho. Ainda mais nessa fase que vocês estão agora.

E eu repetia e repetia o que sentia por você e você não me cortava, simplesmente não me cortava. Por que você fez isso?Me diz.

Eu só vejo duas saídas: ou você não sabe o que quer, está confuso, etc e tal - e se for, pelo amor de Deus, me diga, porque eu não sou adivinha – ou você queria apenas massagear seu ego.

Ouvir de mim que eu ainda estou aqui. Porque por mais forte que eu tenha tentado ser, não sou de ferro. E as palavras começavam a sair da minha boca, sem controle. Ouvir que eu sinto falta, que eu sinto saudades, que você é especial e único e o melhor: que eu ainda não te esqueci.

Eu adoraria ouvir isso de alguém, você não?Não sejamos hipócritas, não é mesmo?Uma injeção no ego sempre faz bem a todos nós.

E teve a questão da posse também. Você não quer estar comigo realmente, mas também não quer ter certeza que me perdeu. Quer ter a certeza que eu ainda estou ali. E eu, besta, ainda estou. Fico puta com isso, tem outra palavra não.

Se antes eu já estava sentindo vontade/necessidade de conversar com você, imagina agora.
Você reapareceu da pior forma possível – como um furacão. Veio, falou, falou, me abraçou, jogou um monte de palavras soltas em cima de mim e foi embora, prometendo uma conversa que, acredito, não existirá.

Se o que você queria, única e exclusivamente, era garantir que vamos agir como duas pessoas maduras quando nos encontrarmos, não se preocupe. Acho que você pôde perceber que eu já consigo fazer isso, sim. E consegui sozinha. Sem a ajuda de ninguém. Não sou tão fraca quanto vocês todos imaginam. Estou apenas numa fase ruim, muito ruim.

Então, realmente, não temos mais nada a conversar: você já está com o ego massageado e tem certeza que não haverá uma louca na sua vida – uma louca que nem faz muita diferença pra você, mas que se preocupa com futuras atitudes. Don´t. Eu não vou fazer nada, como não tenho feito até agora.

Agora, se você quer conversar comigo, pura e simplesmente pelo fato de querer e gostar de conversar comigo, estou aqui. Disposta a conversar. Mas não para ser usada, não para preencher mais um buraco na sua vida. Converso o dia inteiro se você quiser. Dias e noites inteiras, certeza que não faltará assunto. Acho que você é quem teria medo de passar tanto tempo comigo. Enfim.

Só me faça um favor: veja bem o que você quer antes de, algum dia, me procurar. Se é que você ainda vai fazer isso.

Aug 4, 2006

Resignação...

Ela estava sentada, tentando apenas descansar - malditos saltos - quando começou a tocar uma certa música, uma música que ela detestava, mas de certa forma aprendera a amar, por amor a ele. E ela simplesmente não conseguiu se conter, mais uma vez: correu para o banheiro, se trancou e caiu no choro.

Ficou lá um tempão, pensando, chorando e tentando entender o motivo de aquilo ainda lhe doer tanto. "É uma merda, mesmo!", pensou.

Ouviu algumas pessoas gritarem seu nome, mas não respondeu aos chamados. Precisava chorar, precisava botar pra fora tudo aquilo que estava lhe fazendo mal naquele momento.

A questão era: por que ouvir aquela simples música ainda lhe doía tanto? Porque ela ainda o amava. Ok, talvez ela não o amasse mais realmente, tipo homem-mulher, mas ainda nutria fortes sentimentos por ele. Primeira questão resolvida, pensou.

Mas e por quê, após tanto tempo, ela ainda sentia isso tudo, meu Deus? Eles nem combinavam em nada. Eram o oposto um do outro. Isso não significava, claro, que não tivessem o que conversar.

Muito pelo contrário:nunca lhes faltou assunto. Talvez tivessem assunto até demais e se davam tão bem, mas tão bem, que nunca lhes passou pela cabeça vir a ter qualquer tipo de coisa que não amizade. E acabou que deu no que deu.

Uma coisa leva à outra e a amizade virou romance, dos mais bonitos,até. Eles passavam grande parte do tempo rindo, mas o fato de se conhecerem tão bem atrapalhou muito, por demais até. Eles se divertiam sozinhos, não precisavam de ninguém. Cheios de piadinhas internas, brincadeiras só deles, momentos únicos, gargalhadas espontâneas e infantis, lindas elas.

Mas ela era ciumenta e desconfiada - com razão, depois de tudo o que já tinha ouvido. E eles não tinham coragem de dizer tudo um pro outro, para “evitar a fadiga”, o que acabou atrapalhando também, mas certamente não foi a causa. E isso até hoje ela não entende.

Resta-lhe apenas a resignação. Porque, do contrário, ela pira. E para isso acontecer, basta um estalar de dedos, dadas as circunstâncias. Como ela ouviu um dia desses “estou à beira de um colapso nervoso”.

Sua vontade maior, sem exageros? Se isolar do mundo por uns tempos. Mas sabe que isso não vai resolver nada, apenas adiar. E ela simplesmente não aguenta mais, ela quer resolver tudo e ficar bem de novo.


Aug 3, 2006

I wish, I wish...

Ela olha para o céu e o vê como nunca mais o tinha visto: completamente limpo e estrelado.
Enquanto caminhava pela areia, ainda extasiada com tanta beleza, vê uma estrela cadente. É, uma estrela cadente. Fazia 10 anos que ela não via uma, e mais do que rapidamente foi logo pensando no desejo que devia ser feito, como lhe ensinaram quando era criança.

Apertou os olhos com força e as mãos também (?) e desejou ardentemente que tudo aquilo passasse. Pediu que ficasse boa, acima de tudo; pediu que voltasse a ser quem era antes, na medida do possível; pediu que toda aquela dor e sofrimento saíssem de dentro dela; que ela deixasse de ser a pessoa amarga que se tornou nos últimos tempos; que a angústia que a consumia por ficar remoendo e remoendo tudo tantas e tantas vezes passasse.

É, ela pediu um monte de coisas, na verdade. E quando voltou do jantar, mais uma vez sozinha, resolveu olhar de novo para o céu (meu Deus, que céu) e viu outra estrela cadente. O mundo tá caindo e eu não sei, pensou, meio rindo, meio confusa, pensando em quais eram as chances de isso acontecer numa mesma noite, para a mesma pessoa.

E resolveu pedir mais. Pediu para perdoar e esquecer. E deixar a vida seguir seu rumo; e tirar a mágoa do seu coração, em todos os aspectos possíveis e imagináveis, ainda que hoje saiba que ele não mereça, mas sabe que vai fazer um enorme bem a si mesma e é só isso o que importa agora, não é?

Deitou e ficou refletindo. A mágoa ainda é por demais intensa e ela simplesmente nao entende o motivo. Só de lembrar, já sente uma dor quase que indescritível. Ela o amou apesar dele. Apesar das diferenças. Apesar da amizade em jogo. Ela o amou, quem sabe, como realmente devemos amar alguém: exatamente do jeito que ela é.

E ele não foi capaz de perceber isso, de fazer a mesma coisa, de se permitir, de sentir, ela não sabe dizer.

E tentou dormir. Porque um dos pedidos foi para que parasse de ficar se remoendo e se remoendo tantas e tantas vezes por coisas que provavelmente ela nunca irá entender.

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